Correio de Carajás

Mercado de trabalho: Educação básica ruim prejudica a inserção

Atendendo a quase 250 pessoas, a unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Marabá oferta cursos de diferentes segmentos, desde funções na área administrativa até cargos no setor de estocagem. O perfil inovador do Senac atrai centenas de pessoas que buscam qualificação profissional, principalmente jovens que ainda estão cursando o Ensino Médio. Segundo Débora Galúcio Coelho, coordenadora da entidade, é preciso desenvolver um trabalho aprofundado junto aos estudantes, em decorrência de algumas deficiências que apresentam ao longo do curso.

Ela diz que existem aproximadamente 150 aprendizes se qualificando para atuar nos serviços de vendas, de supermercados e administrativos, e que, muitos desses alunos, carregam lacunas de aprendizagem que não foram sanadas na educação básica, apresentando dificuldades na realização de cálculos, redação de textos e até na forma de se expressar.

“Isso tudo faz com que ele [aluno] não se saia muito bem em uma entrevista de emprego, por exemplo. Então o programa de aprendizagem vem para tentar preencher essa lacuna, para preparar esse jovem de uma forma teórica e prática para ser absorvido pela empresa”, afirma.

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Débora destaca que a instituição aborda não apenas questões referentes às matérias ensinadas dentro da unidade, mas aquelas que leva o jovem a refletir sobre o papel de cidadão que desempenha e o estimula a agir da melhor forma dentro do ambiente laboral. “O Senac não ensina a passar troco, isso se aprende muito rápido, mas ensina o jovem a ser o melhor profissional dentro da empresa”.

De acordo com a coordenadora, essa didática é necessária, porque hoje as corporações estão mais exigentes e as seleções cada vez mais difíceis. Ela reitera que o jovem precisa superar as dificuldades para que se consolide profissionalmente.

“Dificuldade, todos nós temos, a gente não pode esperar 100% do poder público, da família ou da sociedade. Vai da motivação de cada um, de se superar e de vencer os obstáculos”, afirma, acrescentando que a atuação dos instrutores do Serviço de Aprendizagem é essencial nesse processo, porque ele gasta tempo e dedicação para auxiliar o aluno que tem problemas com algumas matérias ou questões.

“O papel dos instrutores, nesse momento, é de fundamental importância, dele conseguir enxergar o aluno como um potencial”. A coordenadora informa também que muitas pessoas que já foram alunos do Senac e tiveram sucesso no mercado profissional, hoje retornam à unidade para rever seus mentores e para agradecê-los.

“Tem um ex-aluno nosso, que hoje é funcionário de uma empresa de departamento de Marabá. Ele lutou muito para conseguir esse emprego. Fez um curso de almoxarife e começou a trabalhar no shopping e, na época, ele falou que não ia conseguir terminar o curso porque trabalhava por escala. Nós fomos tentando recuperar esse aluno e o ajudamos, até que ele conseguiu concluir a formação, mas com muito custo. Pegou o certificado, entrou para trabalhar na loja, veio aqui e fizemos uma ‘festa’ junto com ele”, relata, dizendo que o Senac não é a empresa mais perfeita em qualificação profissional, mas admite que se busca a excelência dentro da unidade.

“Trabalhamos tão sério que quando a gente encontra alunos nossos no mercado de trabalho, sustentando suas famílias, a gente diz: ‘é, foi para isso’”, confidencia.

Projeto itinerante leva qualificação para escolas da cidade

Além da grande procura de jovens (até menos de 30 anos) pelos cursos da unidade, o Senac Marabá também recebe dezenas de pais que matriculam os filhos nos cursos. “Nós também somos procurados por profissionais que queiram buscar qualificação, por empresas que queiram capacitar os funcionários, levamos palestras para as empresas e para as escolas também”, explica Débora. Ela esclarece que o método usado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem é o itinerário formativo, que possibilita identificar a aptidão dos estudantes e os ajuda a seguir o melhor caminho para alcançar a meta profissional que buscam.

“Para que a pessoa saiba aonde ela quer chegar. Então vamos supor que a pessoa tem aptidão para armazenagem de estoque, controle de estoque, etc. Então, ele pode iniciar com almoxarife ou em um curso de estoquista e agente vai orientando a pessoa para o caminho que ela vai seguindo. Depois ela pode fazer um técnico em operações logísticas, por exemplo, mais tarde uma graduação dentro da área de logística. É importante que a pessoa saiba aonde ela quer chegar e qual é o itinerário formativo que ela vai seguir”, esclarece.

A coordenadora revela ainda que muitos procuram o Senac sem ter amadurecido este conceito, ou seja, elas estão em uma profissão e não sabem “o que querem da vida”. Dentre os cursos que tem mais procura na entidade estão o de informática, assistente administrativo, recepcionista, vendedor e promotor de vendas.

“Uma grande procura hoje é na área da beleza, apesar de no momento não oferecermos esse segmento aqui, estamos nos organizando para abri-lo em Marabá. O Senac tem um nome muito forte na área de formação para beleza tanto em Belém quanto em outros estados”, conclui Débora.

Valores

O Senac lançou duas portarias no ano de 2018 baixando o preço dos cursos para um 1/3 do valor. Como exemplo, o curso de operador de computador, que tem duração de 200 horas, custa R$180 com material incluso. As formações de recepcionista e de assistente administrativo estão custando R$120. Segundo a coordenadora, esta foi a maneira que a empresa encontrou de minimizar o impacto da diminuição da cota de gratuidades ofertadas pelo Serviço de Aprendizagem.

No início do mês de abril foi aprovado, pelo Fórum Nacional de Aprendizagem Profissional, documento com nove ações de ampliação e fortalecimento da aprendizagem profissional no Brasil. O intuito é fortalecer, principalmente o ensino de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. O plano terá vigência de 2018 a 2022 e meta de aumentar em 10% a quantidade de contratações de jovens aprendizes no país.  

 (Nathália Viegas)

Atendendo a quase 250 pessoas, a unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Marabá oferta cursos de diferentes segmentos, desde funções na área administrativa até cargos no setor de estocagem. O perfil inovador do Senac atrai centenas de pessoas que buscam qualificação profissional, principalmente jovens que ainda estão cursando o Ensino Médio. Segundo Débora Galúcio Coelho, coordenadora da entidade, é preciso desenvolver um trabalho aprofundado junto aos estudantes, em decorrência de algumas deficiências que apresentam ao longo do curso.

Ela diz que existem aproximadamente 150 aprendizes se qualificando para atuar nos serviços de vendas, de supermercados e administrativos, e que, muitos desses alunos, carregam lacunas de aprendizagem que não foram sanadas na educação básica, apresentando dificuldades na realização de cálculos, redação de textos e até na forma de se expressar.

“Isso tudo faz com que ele [aluno] não se saia muito bem em uma entrevista de emprego, por exemplo. Então o programa de aprendizagem vem para tentar preencher essa lacuna, para preparar esse jovem de uma forma teórica e prática para ser absorvido pela empresa”, afirma.

Débora destaca que a instituição aborda não apenas questões referentes às matérias ensinadas dentro da unidade, mas aquelas que leva o jovem a refletir sobre o papel de cidadão que desempenha e o estimula a agir da melhor forma dentro do ambiente laboral. “O Senac não ensina a passar troco, isso se aprende muito rápido, mas ensina o jovem a ser o melhor profissional dentro da empresa”.

De acordo com a coordenadora, essa didática é necessária, porque hoje as corporações estão mais exigentes e as seleções cada vez mais difíceis. Ela reitera que o jovem precisa superar as dificuldades para que se consolide profissionalmente.

“Dificuldade, todos nós temos, a gente não pode esperar 100% do poder público, da família ou da sociedade. Vai da motivação de cada um, de se superar e de vencer os obstáculos”, afirma, acrescentando que a atuação dos instrutores do Serviço de Aprendizagem é essencial nesse processo, porque ele gasta tempo e dedicação para auxiliar o aluno que tem problemas com algumas matérias ou questões.

“O papel dos instrutores, nesse momento, é de fundamental importância, dele conseguir enxergar o aluno como um potencial”. A coordenadora informa também que muitas pessoas que já foram alunos do Senac e tiveram sucesso no mercado profissional, hoje retornam à unidade para rever seus mentores e para agradecê-los.

“Tem um ex-aluno nosso, que hoje é funcionário de uma empresa de departamento de Marabá. Ele lutou muito para conseguir esse emprego. Fez um curso de almoxarife e começou a trabalhar no shopping e, na época, ele falou que não ia conseguir terminar o curso porque trabalhava por escala. Nós fomos tentando recuperar esse aluno e o ajudamos, até que ele conseguiu concluir a formação, mas com muito custo. Pegou o certificado, entrou para trabalhar na loja, veio aqui e fizemos uma ‘festa’ junto com ele”, relata, dizendo que o Senac não é a empresa mais perfeita em qualificação profissional, mas admite que se busca a excelência dentro da unidade.

“Trabalhamos tão sério que quando a gente encontra alunos nossos no mercado de trabalho, sustentando suas famílias, a gente diz: ‘é, foi para isso’”, confidencia.

Projeto itinerante leva qualificação para escolas da cidade

Além da grande procura de jovens (até menos de 30 anos) pelos cursos da unidade, o Senac Marabá também recebe dezenas de pais que matriculam os filhos nos cursos. “Nós também somos procurados por profissionais que queiram buscar qualificação, por empresas que queiram capacitar os funcionários, levamos palestras para as empresas e para as escolas também”, explica Débora. Ela esclarece que o método usado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem é o itinerário formativo, que possibilita identificar a aptidão dos estudantes e os ajuda a seguir o melhor caminho para alcançar a meta profissional que buscam.

“Para que a pessoa saiba aonde ela quer chegar. Então vamos supor que a pessoa tem aptidão para armazenagem de estoque, controle de estoque, etc. Então, ele pode iniciar com almoxarife ou em um curso de estoquista e agente vai orientando a pessoa para o caminho que ela vai seguindo. Depois ela pode fazer um técnico em operações logísticas, por exemplo, mais tarde uma graduação dentro da área de logística. É importante que a pessoa saiba aonde ela quer chegar e qual é o itinerário formativo que ela vai seguir”, esclarece.

A coordenadora revela ainda que muitos procuram o Senac sem ter amadurecido este conceito, ou seja, elas estão em uma profissão e não sabem “o que querem da vida”. Dentre os cursos que tem mais procura na entidade estão o de informática, assistente administrativo, recepcionista, vendedor e promotor de vendas.

“Uma grande procura hoje é na área da beleza, apesar de no momento não oferecermos esse segmento aqui, estamos nos organizando para abri-lo em Marabá. O Senac tem um nome muito forte na área de formação para beleza tanto em Belém quanto em outros estados”, conclui Débora.

Valores

O Senac lançou duas portarias no ano de 2018 baixando o preço dos cursos para um 1/3 do valor. Como exemplo, o curso de operador de computador, que tem duração de 200 horas, custa R$180 com material incluso. As formações de recepcionista e de assistente administrativo estão custando R$120. Segundo a coordenadora, esta foi a maneira que a empresa encontrou de minimizar o impacto da diminuição da cota de gratuidades ofertadas pelo Serviço de Aprendizagem.

No início do mês de abril foi aprovado, pelo Fórum Nacional de Aprendizagem Profissional, documento com nove ações de ampliação e fortalecimento da aprendizagem profissional no Brasil. O intuito é fortalecer, principalmente o ensino de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. O plano terá vigência de 2018 a 2022 e meta de aumentar em 10% a quantidade de contratações de jovens aprendizes no país.  

 (Nathália Viegas)