Correio de Carajás

Mensagens de ódio preocupam indígenas

Desde que os três caçadores desapareceram na Reserva parakanã, em Repartimento, circulam mensagens de ódio contra os indígenas, que são acusados de manterem os três em cárcere privado, ou mesmo de terem assassinado os caçadores. Isso está deixando o povo Awaeté apreensivo, pois eles têm afirmado reiteradas vezes que não sabem do paradeiro dos rapazes. O clima é de extrema tensão, porque as mensagens incitam as pessoas a invadirem a reserva armados e atirarem contra os indígenas.

Em uma das mensagens disseminadas pelo WhatsApp, uma pessoa diz que o tempo do bom senso acabou, pois se nem a polícia nem Funai deram jeito, alguém deveria juntar pelos menos uns 200 homens e botar os índios para correr… É entrar pra cima deles na bala mesmo”.

Em uma gravação diferente, outra pessoa também repete a ameaça, ao afirmar: “Nós vamos começar a meter bala nos índios”.

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Diante disso, o cacique Xeteria Parakanã gravou um vídeo selfie e lançou nas redes sociais na esperança de alcançar as autoridades, pedindo ajuda do poder público, para evitar que o pior aconteça.

“Tá ameaçando morte todo meu povo. Autoridade e governo federal podia fazer uma coisa com nosso povo aí. Eu preciso de vocês aí pra ajudar meu povo. A situação não é muito boa pra nós não”, explica.

O próprio inspetor Alberto brito, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), observou que, caso tenha acontecido o pior com os caçadores, mesmo que sejam vítimas de algum ataque de animais, é possível que algumas pessoas lancem a culpa sobre o povo Awaeté.

A Terra Indígena Parakanã tem uma população de mil pessoas dentro de uma área de 352 mil há. O contato deles com os não indígenas, chamados de “Tôria”, tem cerca de 40 anos.

(Chagas Filho)