Correio de Carajás

Menos de 15% das cidades do Brasil têm sistemas para desastres climáticos

Até o ano passado, estimava-se que cerca de 10 milhões de pessoas viviam em áreas de risco

Ciclone e fortes chuvas causaram vidas e estragos no Rio Grande do Sul. | Foto: Divulgação/Instagram

Nos últimos 10 anos, mais de 4,2 milhões de pessoas no Brasil tiveram suas casas destruídas ou danificadas por desastres climáticos extremos, afetando mais de 2 milhões de residências em 4.334 municípios. A maioria desses eventos envolveu tempestades, inundações, alagamentos, enxurradas e deslizamentos de terra. Isso destaca a urgente necessidade de aprimorar a gestão urbana e aumentar os recursos para a construção de moradias populares em todo o país.

Apesar dos alertas frequentes da comunidade científica sobre o aumento da frequência de desastres climáticos , o Brasil ainda tem muito a fazer para preparar os municípios para agir de forma preventiva e evitar tragédias, conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Menos de 15% dos municípios possuem sistemas de alerta de desastres climáticos próprios, e menos de 10% têm Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil, que são medidas recomendadas para agilizar a prevenção e o atendimento às populações afetadas.

Até o ano passado, estimava-se que cerca de 10 milhões de pessoas viviam em áreas de risco. De acordo com a CNM, dos 5.570 municípios brasileiros, 5.199 relataram algum tipo de desastre entre 2013 e 2022. No entanto, menos da metade (729) dos 1.580 municípios incluídos no cadastro nacional de risco do Serviço Geológico Nacional (CPRM) possui um Plano Municipal de Redução de Riscos.

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Entre 2020 e 2021, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil analisou as estruturas de defesa civil em 1.993 municípios e identificou lacunas preocupantes: 59% deles tinham, no máximo, duas pessoas trabalhando na área, 67% não tinham viaturas para deslocamento, 72% não dispunham de telefone fixo exclusivo para a defesa civil e 86% não possuíam radiocomunicadores, essenciais em situações de desastre. Além disso, mais da metade dos agentes (53%) não tinha celular com acesso à internet e 30% não possuíam computador ou notebook.

No Rio Grande do Sul, que enfrentou duas vezes inundações e ventanias causadas por ciclones em setembro, a cidade de Canoas foi a primeira a criar um Escritório de Resiliência Climática em maio de 2022. A cidade, que possui 350 mil habitantes, sofre com as cheias do Rio dos Sinos e, em agosto de 2022, experimentou um fenômeno conhecido como “micro explosão”, que causou danos significativos em apenas 10 minutos.

Um levantamento do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do governo federal identificou que 251 municípios de 21 estados diferentes relataram extremos de poluição devido a incêndios florestais entre 2020 e 2022, totalizando 645 casos, com uma média de 215 por ano.

(Jornal Opção)