Os coletivos de Marabá circulam em número reduzido desde ontem, dia 21. Dos 44 ônibus da frota das empresas TCA e Nasson, apenas 30 estavam em plena circulação ao longo do dia. A informação da redução dos 14 veículos foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sul e Sudeste do Pará (Sintrarsul), Geraldo Dean Silva, que ressalvou que não há greve em curso.
De acordo com o sindicalista, as dívidas que a empresa acumula com os funcionários são muitas e isso pode ter feito com que alguns colaboradores cruzassem os braços por conta própria, desta forma, interferindo diretamente na diminuição da frota. “Pelo desespero de alguns trabalhadores por causa do atrasado dos pagamentos, eles podem estar solicitando justamente isso”, informou.
Perguntado sobre a possibilidade de haver uma greve, o presidente do Sintrarsul rechaçou a hipótese para o momento. “No momento, não há nenhuma notificação de deflagração de greve no sindicato”, afirmou.
Leia mais:“De antemão, não existe nenhuma hipótese de greve, até porque no momento nós estamos nos empenhando em viabilizar a questão do terminal de integração. Tentando ver uma forma de não prejudicar os trabalhadores e a população em geral”, disse o presidente.
No final de tarde de ontem, o sindicalista procurou a reportagem para atualizar algumas informações. “A empresa vem reduzindo a frota dos coletivos em Marabá. Em média saem 30 carros durante a semana. Essa redução já foi repassada ao poder público, que deve tomar uma atitude. Até porque a gente precisa resolver isso, porque os trabalhadores estão sofrendo. Tem colaboradores que estão com a energia cortada, por falta do pagamento do salário”, acrescentou.
“O prefeito precisa resolver essa situação, porque é ela quem é a detentora da concessão”, finalizou Geraldo.
Outro lado
Ainda na manhã de ontem, a redação do CORREIO recebeu diversos áudios de funcionários da empresa que afirmavam que o número de coletivos em circulação em Marabá era de apenas 14 ônibus. Versão contrária a do presidente do Sintrarsul.
A reportagem também procurou o advogado das empresas, Robert Silva, que afirmou que a frota estava circulando normalmente. “Os ônibus estão operando normalmente, não têm só 14 veículos, não”, comunicou. “Eu acredito que não tem movimento grevista, até porque tem um acordo que foi celebrado junto à Justiça do Trabalho que até o presente momento está sendo respeitado”, revelou o advogado.
PONTOS LOTADOS
Durante todo o dia de ontem, o cenário dos pontos de ônibus era o mesmo: locais cheios e muita espera da população. Assim foi a ida para o trabalho e a volta para casa dos moradores de Marabá. Usuários do transporte público reclamaram de ter que esperar até mais de uma hora pelos coletivos. Apesar disso, no momento em que a Reportagem passou pelas paradas, coincidentemente, passaram coletivos por esses locais.
REAÇÃO ESTRANHA
A equipe de reportagem do CORREIO foi proibida de fotografar a fachada da empresa TCA, na Folha 33. Por volta das 11 horas da manhã de ontem, fomos “convidados” a nos retirar da frente da garagem da TCA. Além disso, o que se viu foi um clima de tensão e um funcionário não identificado impedindo que outros colaboradores falassem com o Jornal. O fato é ainda mais estranho, considerando que minutos antes a empresa havia garantido que tudo estava funcionando normalmente.
“O diretor da empresa disse que não quer vocês fazendo matéria aqui, não”, esbravejou o funcionário não identificado. Perguntado se ele podia nos informar o motivo da redução da frota, o homem completou: “Essa informação a gente não pode passar para você, não, entendeu? É o diretor quem responde”, finalizou, sem pronunciar o nome do dito diretor, ou nos dar acesso ao mesmo. (Karine Sued)
SAIBA MAIS – Por telefone, tentamos contato com João Martins, responsável pela empresa TCA em Marabá, mas até o fechamento desta edição não foi possível localizá-lo.