O trio de 9, 11 e 12 anos acusado de matar Júlio Henrique de Miranda da Silva, de apenas 5 anos, na Vila Capistrano de Abreu, zona rural de Marabá, está sendo apresentado neste momento na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil. De acordo com o sargento Jordeilton Santos, os apreendidos confessaram o crime, negando, contudo, que tenham abusado da vítima, como suspeita-se.
O militar conta que a criança de cinco anos saiu da creche na quarta (16) e não apareceu em casa. No mesmo dia, diversas pessoas da comunidade se reuniram nas buscas por ela, contando com apoio dos policiais militares. “Ficamos até 3 horas da manhã (desta quinta) e não tinha sido encontrado nem indício do que tinha ocorrido. A gente encerrou as buscas para recomeçar assim que amanhecesse. De manhã chegou a notícia de que encontraram o corpo”, relata.
O cadáver do menino estava em uma represa existente na vila. Quando os policiais chegaram ao local, a mãe da vítima havia retirado o corpo e estava com ele nos braços. Uma testemunha informou ter visto um dos menores apreendidos nas redondezas e indicou aos policiais militares quem era.
Leia mais:“A gente foi até essa criança, fez algumas perguntas e ela apontou os outros dois. Eles contaram em detalhes como aconteceu. Contaram que um tinha batido, o outro tinha tirado a roupa e o terceiro empurrou dentro da represa. A criança está cheia de hematomas, ela foi espancada. Também dá pra perceber pedaços de fio e eles confirmaram que usaram fio pra espancar”, afirma.
Sobre a suspeita de abuso sexual, o policial afirma que um dos menores apreendidos foi denunciado, há bastante tempo, por uma situação semelhante com outra criança. Na atual situação, contudo, os três negam que tenha ocorrido essa violência com a criança morta. “Como a mãe tirou o corpo da represa, o IML não foi fazer perícia do local e a funerária está vindo com ele. Os três negam que aconteceu isso, mas a criança estava sem roupa”, diz o militar.
Sobre a motivação do crime, preliminarmente, os menores afirmaram se tratar de uma brincadeira envolvendo jogo de peteca. “Pela primeira vez, sou policial há treze anos, vi uma situação assim. Quando a gente soube do motivo ficou estarrecida que uma simples brincadeira tenha resultado na morte de uma criança de cinco anos”, finalizou o sargento.
REVOLTA
A avó da vítima, Shirley Souza Brito, de 46 anos, conversou com o Correio de Carajás no Instituto Médico Legal (IML) de Marabá. Ela conta que estava trabalhando quando recebeu ligação e uma irmã informando sobre a morte do menino. Revoltada, quer justiça mesmo que o caso envolva menores de idade. “Eu quero que pague! Se os meninos não puderem pagar, que o pai pague, que a mãe pague. Não pode ficar assim, era só uma criança de cinco anos”, declara.
Conforme ela, Henrique era uma criança tranquila e caseira, acostumada a brincar sozinha na porta de casa e bastante apegada à mãe. “Alguém pegou ele da porta e levaram meu neto para matar o bichinho. Tava com as mãozinhas amarradas pra trás, todo lapeado, todo estropiado, jogado de boca pra baixo, com a cara na água. Eu tô indignada porque quero justiça. isso não pode ficar impune. Eu nem tô acreditando que essas três crianças mataram meu neto”.
RESPONSÁVEIS
A mãe de dois dos menores, um de 12 e outro de 9 anos, e o pai da terceira criança, de 11 anos, acompanham a apresentação dos filhos na delegacia.
A mulher informou ao Correio de Carajás que os filhos moram com o avô e que acompanhou da porta de casa a movimentação em busca do menino de cinco anos no dia anterior. Sobre a acusação contra os filhos, diz que ainda não teve a oportunidade de conversar com ambos. “Uma hora diz que não foi ele, na hora o outro diz que foi. Eu não tô entendendo, estou sentindo aperto por dentro, a pessoa fica agoniada, é doído. É a primeira vez que acontece uma coisa dessas”, afirma, acrescentando que não conhecia a vítima.
Já o pai do menino de 11 anos diz não ter ideia do que ocorreu e que o filho sempre foi um menino bom. “Não cheguei a conversar com ele ainda, sei que me trouxeram pra cá e por enquanto não conversei nada, não tô sabendo de nada. Do que eu conheço meu filho e na minha família nunca teve nada desse tipo”.
(Luciana Marschall e Evangelista Rocha)