Correio de Carajás

Medo do coronavírus eleva venda de álcool em gel em Marabá e Pebas

Vendas de álcool em gel, luvas e máscaras aumentam nas farmácias de Parauapebas após casos do coronavírus serem confirmados no Brasil. Alguns estabelecimentos estão sem o item mais procurado pela população, o álcool em gel. Há farmácias que estão restringindo a venda do produto a, no máximo, dois frascos por cliente.

O balconista Adeilson Vieira destaca que depois do caso do coronavírus ser confirmado aumentaram muito as vendas de álcool em gel. Quem vai viajar também está comprando muito, assim como os profissionais ligados à área da saúde, que vão atrás de luva e álcool em gel. No estoque, só temos álcool comum e as luvas”, detalha.

Adeilson: “Profissionais da saúde procuram muito luva e álcool em gel”

Vieira também cita que os laboratórios não estão conseguindo atender “a nossa demanda”, já que antes, o estabelecimento que comprava de 30 a 50 unidades por mês, agora comercializa 200 unidades e “não está dando”.

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Os valores do álcool em gel vendidos neste comércio variam de R$ 18, em embalagens de 250 ml, a R$25, em recipientes de 1 litro. “O preço continua o mesmo, mas incluímos embalagens maiores. A população está com medo, até mesmo quando um cliente tem uma gripe comum já procuram se cuidar. Eles vêm à farmácia para comprar medicamento para tratar da gripe”, conta o balconista. 

O funcionário de outra farmácia em Parauapebas, Arimateia Mendes, conta que “triplicou a procura pelo álcool em gel, máscaras e luvas. As máscaras acabaram, o álcool em gel temos apenas 18 unidades de uma única marca”. O item de 90 gramas está sendo vendido por R$3,99.

Os valores praticados neste estabelecimento mudam conforme a quantidade e o modelo da embalagem. Arimateia cita que funcionários do setor da mineração compram “bastante” estes itens. “A gente vendia pouco, em torno de cinco, quatro por dia, mas hoje a média diária é de 16 a 18 unidades”, revela.

Em outra loja farmacêutica, a atendente Susiane Alves revela que o álcool em gel acabou há cinco dias. “Estamos sem estoque porque já compraram tudo. Ainda assim, todos os dias vem cliente procurando pelo produto, mas só temos o álcool comum”.

CUIDADO REDOBRADO

A recepcionista Zieny Santiago redobrou os cuidados após a epidemia chinesa chegar ao Brasil. Grávida de sete meses e por trabalhar em contato com muitas pessoas diariamente, ela assume higienizar as mãos várias vezes ao dia e lavá-las com mais periodicidade.

Já o editor de multimídia Halan de Sousa confessa evitar lugares com aglomerações de pessoas após o surto da doença, além de usar constantemente o álcool em gel.

Halan Sousa já tinha o costume de higienizar sempre as mãos e redobrou os cuidados

Compras online

As vendas online também apresentaram crescimento de gel antisséptico, de acordo com informações do site Ebit/Nielsen, referência em análises do comércio eletrônico no Brasil.

O crescimento foi de quatro vezes em fevereiro na comparação com janeiro deste ano, superando o faturamento de R$ 1 milhão no período. A procura pelo produto ficou mais intensa a partir da confirmação do primeiro caso no país, em 26 fevereiro, levando os brasileiros a intensificarem as compras do produto.

A partir desta data, a Ebit/Nielsen registrou o maior pico no volume de vendas de álcool em gel em fevereiro, fazendo com que o resultado do mês superasse todo o de janeiro em quatro vezes. (Theíza Cristhine)

Procura pelo “trio” também dispara em Marabá

Com 25 casos confirmados no Brasil e seis sendo investigados no Pará, o novo coronavírus tem levantado um estado de alerta na população, principalmente sobre as formas de evitar o contágio. Algumas delas são através de produtos desinfetantes, como o álcool em gel, e máscaras de proteção descartáveis, cuja procura tem aumentado em Marabá.

A Reportagem do Correio de Carajás percorreu farmácias da cidade e conversou com pessoas a respeito da compra dos itens de defesa contra o coronavírus. O álcool em gel, que já fazia parte da lista de compras de algumas pessoas, se tornou indispensável agora.

Djalma Moraes estava com seu filho em uma farmácia e diz que o álcool em gel é algo que sempre procura ter em casa, mas também toma alguns cuidados extras. “Oriento todos a lavarem as mãos e alimentos, pois sempre estamos pegando em objetos durante o dia, sem saber que outras mãos também passaram por ali”, diz Djalma.

Djalma Moraes orienta toda sua família, principalmente os filhos, a utilizarem o álcool em gel no dia-a-dia. (Foto: Josseli Carvalho)

Mas nem todos costumam comprar os produtos para se prevenir contra o coronavírus, como o motorista Gleison Castro, que mesmo assim, guarda um receio. “Eu sempre procuro fazer a higienização das mãos, pois é o que dizem que ajuda mais a prevenir, mas álcool em gel ou máscaras não costumo comprar. Medo sempre temos, pois não se sabe o dia de amanhã, ninguém sabe dizer se o vírus vai ou não chegar aqui em Marabá”, avalia Gleison.

Já outros, redobraram o uso que já era constante por uma preocupação não só consigo mesmos, mas com quem ainda está chegando, como é o caso da recepcionista Michele Aguiar, que está grávida de seis meses. “O uso de álcool em gel já era comum em casa e no trabalho também, pois manipulamos muitos papeis e dinheiro que podem estar contaminados. Com a pandemia do coronavírus, e a preocupação com meu filho, eu intensifiquei o uso dos produtos”, explica Michele.

Grávida de seis meses, Michele Aguiar redobrou os cuidados com álcool em gel tanto no trabalho quanto em casa. (Foto: Zeus Bandeira)

Farmácias lucram com grande procura

Representantes das farmácias que o Correio de Carajás visitou argumentaram que há de fato um aumento na procura por álcool em gel e máscaras de proteção. Tanto que em algumas o estoque acabou rapidamente, graças à preocupação com a prevenção ao contágio do Covid-19 – o coronavírus.

O farmacêutico de uma drogaria do Bairro Cidade Nova, José Ribamar Júnior, diz que tanto o álcool em gel quanto a máscara estão em falta devido à grande procura. “Estamos aguardando o pedido ainda, pois não encontramos em distribuidoras nem um dos dois produtos. Após a confirmação de casos suspeitos em Belém, a procura quase que triplicou por aqui”, afirma Júnior.

O farmacêutico José Ribamar Júnior antecipa que o preço desses produtos pode aumentar. (Foto: Josseli Carvalho)

 Ele ainda completa com uma notícia nada agradável para os consumidores: o preço pode aumentar. “A tendência é que aumente já na semana que vem, quando chegar a primeira leva para o estoque. Eles já serão colocados com o preço diferenciado”, alertou o farmacêutico.

Mas, há locais onde essa variação de preço pode não aumentar. O gerente da Drogarias Ultra Popular, Ronald Leal, diz que as demandas de álcool em gel foram supridas, mas as máscaras ainda são uma questão a se resolver. “Não conseguimos encontrar máscaras com os distribuidores, pois a demanda aumentou bastante, principalmente de empresas que compram para disponibilizar para seus funcionários. Em média, por dia, umas 50 pessoas procuram por esses produtos e vamos tentar manter um preço acessível para os clientes”, diz Ronald.

O gerente Ronald Leal, afirma que por dia 50 clientes procuram por álcool em gel. (Foto: Josseli Carvalho)

Em outra farmácia, no Bairro Laranjeiras, o balconista Francisco Nunes, também confirmou a falta do álcool em gel, e já revela que o estoque de máscaras também já está diminuindo. “Sentimos também a falta do álcool em gel para adquirirmos em distribuidoras, onde eles se encontram em falta. A cada 10 clientes que entram na farmácia, cinco ou seis procuram pelo álcool em gel, e acredito que na ausência dele, as pessoas acabem optando por levar a máscara, o que acarretará também em uma falta logo”, diz Francisco.

MEIOS ALTERNATIVOS

Não é só o álcool em gel e as máscaras que previnem o contágio com o novo coronavírus. Métodos que podem se tornar hábitos também ajudam a não contaminação, por exemplo:

  • Tossir ou espirrar com a boca e nariz cobertos;
  • Usar lenço descartável para higiene nasal;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal;
  • Limpar regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado;
  • Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos com água e sabão ou usar antisséptico de mãos à base de álcool;
  • Não se deslocar enquanto a pessoa estiver doente;
  • Aos viajantes de locais com circulação do vírus, evitar contato com pessoas doentes, animais (vivos ou mortos), e a circulação em mercados de animais e seus produtos.

(Zeus Bandeira e Josseli Carvalho)