Correio de Carajás

Médicos de Marabá viram alvo de golpes pelo WhatsApp

Durante esse período de pandemia, bandidos têm intensificado a aplicação de golpes por aplicativos de troca de mensagens (principalmente o WhatsApp), pedindo transferências bancárias, usando o nome de pessoas conhecidas na sociedade local (no caso profissionais de saúde). Em alguns casos o aplicativo de conversas é clonado, mas em outros, um golpe bem mais simples pode ser feito, como ocorreu em Marabá no final de semana.

Os vigaristas simplesmente compraram chips de celular e colocaram fotos e nomes de médicos, odontólogos, nutricionista e dermatologista, depois disso eles conseguiram o contato telefônico de conhecidos e familiares desses profissionais e, a partir disso, os criminosos enviaram mensagens de WhatsApp, pedindo transferência bancária sob a alegação de que precisavam fazer uma transação urgente, como pagar um fornecedor, mas seu aplicativo bancário não estaria funcionando. O golpe termina com o dinheiro sendo transferido para uma conta de um “laranja” geralmente em outro Estado.

Pelo menos seis profissionais de Marabá tiveram seus nomes e imagens usados indevidamente por bandidos neste final de semana para este tipo de crime. Suas fotos possivelmente foram copiadas de seus perfis profissionais verdadeiros no Instagram e Facebook, assim como as informações de quem são pessoas próximas, que as seguem ou são parentes. Estas informações muitas pessoas deixam abertamente em seus perfis. O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil

Leia mais:

Uma das vítimas é a odontóloga Nayara Moreira. Ela registrou um Boletim de Ocorrência Policial informando que no sábado (23), por volta das 19h30, tentaram aplicar esse golpe em familiares dela. Os bandidos enviaram mensagens a partir do número (94) 99299-3183, passando-se por ela e solicitando que fossem feitas transferências bancárias para determinada conta do Banco do Brasil.

Ao descobrir que sua imagem estava sendo usada no golpe, a odontóloga enviou nas redes sociais uma foto do falso perfil de WhatsApp dela para que todos os contatos ficassem prevenidos e não caíssem na armadilha.

Os bandidos são ardilosos. Em uma das conversas copiadas por pessoas próximas à Nayara, a pessoa pergunta sobre o suposto novo número dela. Do outro lado da linha, o bandido, se passando pela profissional, responde que ela está usando um WhatsApp para assuntos pessoais e outro apenas para o trabalho.

Além de Nayara Souza, os médicos André Paes e Roberta Naves também tiveram seus nomes e imagens usados pelo mesmo número. Não há informação oficial se os estelionatários conseguiram tirar dinheiro de alguém. Mas informalmente o que se comenta é que uma pessoa chegou a transferir R$ 2 mil.

Quem também confirmou ter sido vítima do uso da sua imagem foi a conhecida nutricionista Lídia Ribeiro, de Marabá. No caso dela, com o mesmo modo de operação, os bandidos usaram outro número, o: (94) 99247-9722. Ela também fez publicação alertando seus amigos e seguidores de que estava sendo vítima de golpe.

Investigação

A reportagem do CORREIO entrou em contato com o delegado Vinícius Cardoso das Neves, diretor da 21ª Seccional Urbana para questionar sobre as investigações a respeito do golpe. Ele disse já ter conhecimento sobre o caso e inclusive que os estelionatários são de outro Estado, mas não soube dizer ainda de onde.

O policial informou também que os criminosos usam as redes sociais do alvo para identificar amigos e familiares deste e depois conseguir o contato telefônico, por meio do qual aplicam o golpe.

Vinícius chama atenção para o fato de que as pessoas que têm seus nomes usados, em geral, são pessoas idôneas cumpridoras de suas obrigações e cujo círculo familiar e de amizade também é formado por pessoas com o mesmo perfil, o que acaba facilitando a transferência do dinheiro, pois a pessoa lesada confia que se trata realmente de uma emergência, mas que certamente será ressarcida em breve.

“A gente orienta as pessoas a nunca realizarem uma transação de forma que não seja bastante às claras”, resume o delegado, acrescentando que não se deve efetuar transferências em conta de pessoas que não se conhece. Além disso, se um familiar entrar em contato de outro número, pedindo transferência de dinheiro ou depósito, deve-se telefonar imediatamente para ele e perguntar o que está acontecendo.

Ainda de acordo com o delegado, é preciso redobrar as medidas de cautela necessárias para não cair no golpe, porque os estelionatários atuam a partir de outros Estados e as contas bancárias usadas também são de “laranjas”, o que dificulta demais a investigação, embora ele observe que recente a Polícia Civil em Marabá tenha prendido pessoas envolvidas nesse tipo de crime. (Chagas Filho)