Dois médicos cubanos que atuam no Hospital de Campanha de Marabá procuraram a Reportagem do Portal Correio para denunciar o atraso em seus salários, que segundo eles, está desde julho inadimplente. Angel Luis Sanchez, de 38 anos, e Pedro Cadete, de 54 anos, dizem se sentirem inseguros, pois circulam muitos boatos sobre o fechamento do Hospital, que é gerido por uma Organização Social. É a entidade quem trata com os profissionais contratados.
De outro lado, o governador Helder Barbalho anunciou na última terça-feira (27) que o funcionamento do Hospital de Campanha regional que fica em Marabá está garantido por mais 30 dias. Disse, ainda, que está firmado um convênio com o Hospital Regional do Sudeste do Pará, pertencente à rede pública estadual de saúde, a fim de ampliar a área destinada a pacientes de Covid-19, para servir de retaguarda ao sistema.
Angel e Pedro atuavam em Belém, na linha de frente do combate ao novo coronavírus, mas, no dia 3 de maio foram informados que seriam enviados para Marabá, devido à escassez de profissionais para atuar no Hospital de Campanha. “Quando ficamos sabendo do fechamento do Hospital nos preocupamos, pois desde julho eles faltam com nosso pagamento e temos débitos para quitar”, disse Angel preocupado.
Leia mais:Pedro já residia em Jacundá com sua esposa brasileira e para ele o convite para dar reforços em Marabá foi bom, pois ficaria próximo de sua casa. “Eu aceitei pensando em ficar próximo de minha companheira, mas, com o tempo os salários foram atrasando e agora estamos indo para três meses. Sinto-me preocupado, pois correm os rumores do fechamento do Hospital, e como ficam nossos pagamentos?”, questiona o cubano.
Ambos chegaram ao Brasil pelo programa Mais Médicos, e após a conclusão, continuaram residindo por aqui, entretanto, com algumas diferenças. Angel não havia feito a revalidação do diploma para continuar a exercer a profissão no país, logo, a saída foi trabalhar com empregos aleatórios, como repositor de estoques em supermercados e atendente de balcão em farmácias. “Por ter sido chamado para atuar no combate ao novo coronavírus, fui permitido a exercer minha formação como médico”, esclarece.
Já Pedro, possuía a revalidação e ainda tinha uma qualificação, o que deixou as coisas mais fáceis, com tudo, a situação no Hospital de Campanha o deixou angustiado. “Temos família, gastos, e como médicos fomos sacrificados para lutar na pandemia, tanto com casos leves, quanto os mais graves, e nada mais justos do que termos nossa remuneração”, finaliza.
RESPOSTA
O Portal Correio procurou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e questionou sobre a situação dos pagamentos dos profissionais. Em nota, a Assessoria de Comunicação informou “que está em dia com o pagamento da Organização Social responsável pelo Hospital de Campanha de Marabá e pagará o valor referente ao mês de outubro até o final do mês após a análise documental da OS”.
O Portal também procurou o diretor-geral do Hospital em Marabá, Eduardo Pramparo, o qual falou com a reportagem, deu sua versão para os fatos, mas disse que não se tratava da versão oficial do hospital e da OS e que, portanto, não autorizava a sua publicação.
O Hospital de Campanha de Marabá começou a funcionar em abril deste ano como parte da estratégia do Governo do Pará para o combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus. A estrutura conta com 120 leitos, sendo 75 clínicos e 45 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). (Zeus Bandeira)