Marcone Pereira Alencar morreu por volta das 9h15 da manhã desta terça-feira (3), no Hospital Municipal de Parauapebas. Segundo informações da Polícia Militar, Marcone estava sendo conduzido à delegacia da Polícia Civil, quando teria aberto a porta da viatura e pulado. Com a queda, teria batido a cabeça no meio fio.
No entanto, a família não acredita na versão apresentada pela PM, já que Marcone, segundo a família, não resistiu à prisão. E para comprovar a causa da morte, solicitaram uma necropsia, procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer ferimento que possa estar presente.
O vereador de Augustinópolis-TO, Marcos Pereira de Alencar, é irmão de Marcone e relata como tudo aconteceu na oficina de Marcone, localizada no Cidade Jardim. “Na noite de sábado para domingo, entre as 23 horas e meia noite houve uma briga entre Marcone e um sobrinho, que também é funcionário dele no estabelecimento. Briga de família acontece, a gente sabe. Até então, as testemunhas nos relataram que eles entraram em luta corporal, porém, estavam sendo separados, controlados pela própria família e pelos vizinhos que estavam lá na hora”.
Leia mais:Ainda segundo Marcos, um vigilante noturno passava pelo local e entrou no meio da confusão, dizendo que iria apartar a briga entre tio e sobrinho. O guarda insistiu e Marcone entrou em luta corporal com ele. “Nesse momento, a polícia foi acionada e deu voz de prisão para o meu irmão, que não esboçou nenhum tipo de reação contrária aos policiais. Ele foi conduzido à viatura, no banco do carona. Não foi algemado porque ele não reagiu”, relata.
A esposa de Marcone, Simone de Jesus, foi informada que o marido havia sido encaminhado para a delegacia e se dirigiu ao local. Quando ela chegou na rua atrás da delegacia, se deparou com a ambulância do SAMU e com os policiais colocando uma pessoa na maca e dando entrada na ambulância.
A esposa perguntou o que havia acontecido e informaram que Marcone havia se jogado da viatura. “Isso nos intriga e nos deixa chateados com uma situação dessas. Não acredito, não aceito essa versão. Meu irmão, infelizmente, veio a óbito depois de um traumatismo craniano grave. Ele teve morte encefálica decretada nesta segunda-feira e veio a óbito hoje, às 9h15”, desabafou Marcos.
Ele também diz que pediu para que os amigos se envolvam nessa situação para que não haja impunidade. “Vocês que são amigos do meu irmão, mecânicos não deixem esse caso ficar impune. Por favor, nós da família pedimos, porque se aconteceu algo na viatura, se a polícia fez algo com ele, os responsáveis precisam pagar por isso. Tenho absoluta certeza que ele jamais iria pular da viatura”, pede Marcos.
Os familiares afirmam que só procuraram a 20ª Seccional de Polícia Civil na manhã desta terça-feira, porque esperavam que ele melhorasse. “Nós somos de outro Estado, mas infelizmente sabemos que a área da polícia é falha aqui”, revolta-se Márcio.
A indagação dos familiares continua ao citarem que “para quem pulou da viatura, Marcone não tinha hematomas e nem estava ralado. Mas, do lado direito do rosto dele tem um hematoma muito grande. A família já pediu acesso às câmeras de segurança para que tenhamos uma posição mais precisa”.
Marcone, segundo a família, era bastante conhecido em Parauapebas, tendo sido eleito o “Melhor Mecânico do Pará”, em uma competição realizada em Marabá.
Posicionamento oficial da PM
O comandante Gledson Melo dos Santos, do 23º Batalhão de Polícia Militar de Parauapebas, disse durante a coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 3, que segundo o relato dos policiais que atenderam a ocorrência, aquela foi uma ocorrência de vias de fato. Confirmou que não houve resistência de nenhuma parte e que o cidadão que veio a óbito foi convidado a entrar na viatura e não ofereceu resistência. Em razão disso, não foi algemado, mas no deslocamento, próximo à delegacia, Marcone abriu a porta e teria se jogado do veículo.
“O policial me mostrou inclusive fotos da viatura parada, com o cidadão no chão. Toda a situação da ocorrência foi registrada no livro de ocorrências. Os policiais chamaram o apoio médico por meio do Samu, e ele foi encaminhado para o hospital”.
Ainda segundo o comandante, foi aberto inquérito pela Polícia Militar e uma portaria para apurar detalhadamente os fatos. “Vamos analisar o deslocamento da viatura, como eles afirmam que não pararam em lugar nenhum, inclusive estavam sendo acompanhados pela suposta vítima da agressão, que seria um vigilante”, completa Gledson.
Por outro lado, o comandante reconheceu que houve falha por parte dos PM’s. “Eu conversei com os policiais militares, que deveriam ter ido à delegacia para registrar o fato. Claro, ele está registrado no nosso livro de ocorrência”, diz o comandante.
Ao ser questionado sobre as imagens do circuito de segurança próximo ao local da briga e do local onde Marcone teria se jogado já estarem de posse da polícia, o comandante afirma não ter visto as imagens, “porque isso vai ficar a cargo do encarregado do inquérito, um oficial aqui do Batalhão”. (Theíza Cristhine, com informações de Ronaldo Modesto)