Correio de Carajás

Mecânico é assassinado a vinte metros de casa

Samuel Lima prestes, de 23 anos, saiu cedo para trabalhar, na manhã de ontem (18 de setembro), como fazia nos dias úteis. Essa sexta-feira seria apenas mais um dia normal na vida do mecânico. Mas foi a última. O estampido dos tiros em sequência – denunciando o uso de uma pistola – apavoraram as pessoas e deixaram a rua vazia de gente, ou quase. O corpo de Samuel ficou… jogado na pista da Rua N, quase na esquina com a Rua Q, no movimentado centro comercial do Km 7, na Nova Marabá. Faltavam poucos minutos para as 8h da manhã quando tudo aconteceu.

Samuel Prestes foi morto por um homem que atira pelas costas/ Foto: Divulgação

Depois que cessaram os tiros e uma picape dirigida pelo atirador sumiu no horizonte, os populares se aglomeraram em volta do cadáver para contemplar o espetáculo da violência. A Polícia Militar foi chamada junto com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que chegaram rápido, mas nem tanto assim: Samuel já estava morto. Foi assassinado por um homem que atira pelas costas. Essa é a constatação da perícia criminal, que identificou seis entradas de bala nas costas do jovem mecânico.

A mãe de Samuel se ajoelha diante do corpo do filho e une sua dor a dos outros parentes

Primeira autoridade a chegar ao local, o cabo Dheymyson, da Polícia Militar, fez o que lhe cabia, preservando a cena do crime, isolando o corpo fora do alcance de quase todo mundo. Só não pôde impedir – e nem poderia – que a mãe do morto, assim como sua esposa e seus irmãos, se sentasse em volta do cadáver para prantear a dor que não tem mais volta.

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Cabo Dheymyson colheu as primeiras informações sobre o crime

Mas o cabo Dheymyson, como todo policial atento ao seu ofício, pediu a seus colegas de farda que procurassem câmeras de segurança nas redondezas, afinal, por sorte, a modernidade permite que não apenas o céu seja testemunha das barbáries provocadas por esta mesma modernidade.

A mesma ideia tiveram os policiais civis do Departamento de Homicídio, que andaram para lá e para cá, em busca das valiosas câmeras de vídeo-monitoramento, que podem denunciar as características do veículo usado pelo indivíduo que se achou no direito de tirar a vida de seu semelhante.

Se havia câmeras ligadas, se imagens foram captadas, se há suspeitos, isso a polícia não conta. A reportagem tentou arrancar essas informações do delegado Márcio Maio, da Polícia Civil, que esteve no local e conversou com os parentes do morto. Mas o policial usa a arma do sigilo para tentar solucionar o crime. Espera-se que essa arma ajude.

Rumores

Compondo o quadro da vedetização da barbárie, os curiosos se protegem na sombra, sobre as calçadas, admirando o corpo de Samuel, a essa altura envolto em um lençol, debaixo do sol escaldante de setembro.

Faltam vozes para dar entrevistas ou conversar com a polícia, mas sobram sussurros para comentar que a causa da morte do rapaz pode ter tido raiz na noite anterior, em que ele saiu para beber com conhecidos e por lá pode ter se envolvido em alguma discussão de bar, dessas que às vezes ficam por lá mesmo, mas às vezes não. Isso, porém, são apenas especulações, pequenas peças de um quebra-cabeças que cabe à polícia montar.

E enquanto não há pistas sobre o criminoso que matou um trabalhador a 20 metros de casa, Samuel vira mais um número na estatística das mortes violentas em Marabá. Mas ele não é apenas isso: tinha uma mãe, irmãos, uma esposa e um filho recém-nascido, além dos colegas da oficina e do bairro, que foram impactados com a notícia da sua morte.

Quando os auxiliares de necropsia abriram o zíper do saco preto para colocar o corpo de Samuel e embarcá-lo no carro-tumba do Instituto Médico Legal (IML), a mãe dele se aproximou dos homens e falou alguma coisa, deu algum recado. Não foi possível saber o que ela disse, mas a impressão que se tem é de que ela pediu que tivessem algum tipo de atenção com o corpo do filho. Cuidado de mãe… na vida e na morte.

SAIBA MAIS

Quem tiver Informações que ajudem a polícia a identificar e prender o autor do crime, deve informar à polícia por meio do Disque Denúncia, pelo telefone (94) 3312-3350 ou pelo WhatsApp (94) 98198-3350, ou ainda pelo aplicativo Disque Denúncia Sudeste do Pará.

(Chagas Filho)