O ano começou conturbado no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá. Entre a segunda-feira (9) e esta quinta (12) foram registradas nada menos de cinco mortes: quatro recém nascidos e uma parturiente de 22 anos.
Nossa reportagem foi recebida pela direção do Materno Infantil, que não gravou entrevista, mas deu a versão oficial para cada um dos casos.
Na primeira situação, segunda-feira, o recém-nascido que morreu estaria com suspeita de meningite, mas o quadro ainda não está oficialmente fechado.
Leia mais:Depois, na quarta-feira, uma mulher deu entrada no HMI com um feto já morto no ventre, de modo que nada mais poderia ser feito, segundo informação oficial da direção da casa de saúde.
Também na quarta, outra mãe chegou em trabalho de parto prematuro, uma espécie de aborto espontâneo, pois ela estaria apenas com 22 semanas de gravidez, pouco mais da metade do tempo médio de gestação, que é de 40 semanas.
Além disso, segundo o médico que atendeu à paciente, ela já teria um problema chamado síndrome de transfusão feto-fetal, uma complicação rara que pode impedir o avanço da gravidez.
Por fim, já no início da madrugada desta quinta-feira, a paciente Andressa Alves Lopes, de 22 anos, morreu durante trabalho de parto. Ela não tinha contrações uterinas e teve um choque hipovolêmico (perda de sangue). Em choque, ela não teve sequer condições de ser transferida para outro hospital porque o SAMU não pode fazer transporte de paciente nessas condições.
A paciente é de Itupiranga e isso revela outro problema: grande parte dos municípios da região não dispõe de infraestrutura para fazer partos, de modo que essa demanda toda acaba indo para o HMI, que já atende a população de Marabá.
De acordo com a direção do HMI, o hospital faz nada menos de 600 partos por mês, o equivalente a praticamente um parto por hora. E isso também revela mais um problema: a falta de médicos em quantidade razoável para atendimento da demanda.
In off, funcionários do HMI revelaram que a escala de médicos plantonistas nunca está fechada. Nessa quarta-feira mesmo, que foi bastante caótica, havia apenas um obstetra no hospital, quando deveriam estar pelo menos quatro trabalhando.
Trata-se de um problema antigo, que nunca foi resolvido pela OS Madre Tereza, que terceirizou a administração do Materno Infantil. Aliás, sobre este assunto, a OS havia dito no ano passado que estava tentando resolver o problema, mas, pelo visto, não foi resolvido ainda.
Nós tentamos contato telefônico com a presidência do Conselho Municipal de Saúde (CMS), para saber por que a Madre Tereza ainda está à frente do HMI, sem conseguir manter uma quantidade mínima de especialistas, mas até o fechamento dessa matéria (por volta das 12h30) nossa ligação telefônica não foi atendida. (Chagas Filho)