Nesta terça-feira (17), via Facebook, a jornalista brasileira Viviane Moreira promoveu um relato emocionado sobre a realidade que está vivenciando na Itália, onde mora com o marido e os três filhos na região mais afetada da Europa pelo novo coronavírus (Covid-19). Apesar de nascida em Goiânia, Viviane foi criada em Marabá, onde residem todos os seus parentes, a conhecida família de pecuaristas Miranda Cruz. Ela, inclusive, esteve aqui na cidade no último mês de fevereiro, quando veio sozinha rever os familiares e logo retornou à Itália.
Leia mais:A jornalista gravou o vídeo de seis minutos como uma resposta coletiva a todos os amigos brasileiros que sabem que ela está radicada num dos locais de maior incidência da doença e que têm lhe perguntado sobre como está a sua situação. Após as primeiras palavras, Viviane já começa a chorar e narra, de forma comovente, sobre a cruel realidade que o povo daquela terra tem passado, com muitos doentes e mortos. Ela e a família estão incólumes à doença por enquanto, mas recolhidos em casa, seguindo as recomendações do governo.
Bréscia é uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Bréscia, com cerca de 187 mil habitantes. Estende-se por uma área de 90 km². Em toda a Itália já são quase 18 mil casos notificados de Covid-19 e mais de 2,5 mil mortos.
“Eu sempre fui muito pra cima, como todo brasileiro. Nós enfrentamos as adversidades sempre com um sorriso no rosto. Mas hoje está difícil. Tá difícil, por quê? Porque eu vejo as pessoas morrendo, os necrotérios cheios. A situação aqui dos hospitais do Norte da Itália, que é uma região muito desenvolvida, que tem os melhores hospitais, de referência, eles não estão dando mais conta. Estão super lotados. É gente para todo lado”, explica.
Ela continua narrando que as pessoas que agora procuram os hospitais, recebem medicamentos, são colocadas para assinarem um termo de responsabilidades e mandadas de volta para casa. Que em caso de melhora, ótimo, mas caso piorem, certamente vão se transformar “em estatística”.
Apesar da grave situação do atendimento, devido à enorme demanda, Viviane elogia o sistema de saúde italiano, que na sua opinião, em épocas normais oferece o melhor e mais dedicado atendimento a todos os cidadãos. “É muito difícil. (Neste momento) sobrevive quem tem mais condição de sobreviver”, diz chorando.
“Até então, o medo que eu tenho do coronavírus é muito menor aqui em casa, do que a possibilidade de você contrair o vírus e não ter a possibilidade nem de se tratar”, destaca sobre o medo que tem, e complementa: “Os necrotérios não te dão mais o tempo de velar o teu ente querido pelo tempo justo. Tchau, desocupa a vaga que tem outro chegando. É difícil, gente. Eu tenho três filhos pequenos e quase não saio de casa”.
A jornalista explica que quando vai à rua, por necessidade de abastecer a casa, comprar algo, retorna para a residência temerosa de que já possa ter se contaminado na rua e esteja levando o vírus para o seu lar. Segundo ela, esse medo não sai da sua cabeça. No retorno do esposo do trabalho, o alívio.
No final do vídeo, Viviane Moreira faz um importante alerta a seus amigos e seguidores: de que sigam todas as orientações das autoridades de saúde, dos médicos.
“Então, gente, eu peço pra vocês que estão aí no Brasil, onde (a doença) ainda está no começo: respeitem o que o Ministério da Saúde diz, respeite. Não queiram viver o que estamos vivendo aqui. É muito difícil. Não é o momento de ideais políticos, de fazer festas, de aglomerações seja por quais motivos forem”, diz aos prantos. E complementa: “O que não for indispensável para a sua sobrevivência, não faça. Priorize a sua vida. Priorize a família, as pessoas que te querem bem. Você vai ter tempo para fazer tudo o que você quiser na sua vida, mas para isso você precisa estar vivo”. (Patrick Roberto)
Veja a íntegra do vídeo: