O Pará se consolidou como o maior produtor de cacau do Brasil, com uma produção que ultrapassou 150 mil toneladas de amêndoas no último ano. E neste 26 de março, Dia do Cacau, o Correio de Carajás foi até a “Cacau do Pará”, para fazer um tour pela fábrica de chocolates que tem se destacado como um exemplo de transformação mágica do cacau em produtos de alta qualidade.
A marca está sediada em Marabá e é pelas mãos de Larissa Ribeiro, a Lari, CEO (Chief Executive Officer ou diretora-executivo), que a riqueza do cacau é exaltada e transformada nas preciosas barras e trufas de chocolate.
Há cerca de um ano, a empresa registrou um crescimento significativo após uma reportagem deste Correio, que além de levar sua história a um público mais amplo, foi vencedora do Prêmio Sebrae de Jornalismo na categoria áudio.
Leia mais:Atualmente, a Cacau do Pará passa por expansão, agregando novos produtos ao seu catálogo. Se antes o foco era na produção de barras que mesclavam o sabor do chocolate com o cupuaçu, a tapioca e a castanha, agora o tempero paraense se funde ainda mais nos produtos advindos do cacau.
Trufas recheadas com geleia de jambu, brigadeiro de cumaru e de pixuri chamam a atenção pelo gosto exótico e marcante. Capazes de despertar sensações diferentes, a depender do degustador, os novos sabores competem com o queridinho paraense: o recheio de geleia e brigadeiro de cupuaçu.
É nesse universo de cheiros, gostos e texturas amazônicas, que Lari se sobressai como uma empreendedora criativa e aguerrida, que equilibra nas duas mãos os diversos pratos que o comando de uma fábrica de chocolates exige. Seja à frente da área comercial e de marketing, seja colocando a mão na massa para produzir os intensos e saborosos chocolates.

VALORIZAÇÃO E IMPACTO
O setor de cacau, no Pará, vive um momento de grande valorização, especialmente para os pequenos produtores. Para os agricultores familiares, a ascensão do cacau no mercado mundial trouxe uma mudança expressiva. Antes subvalorizada, a commodity se tornou uma das mais cobiçadas do mundo, principalmente devido à escassez global da matéria-prima.
“Ter o Pará como o maior produtor nacional de cacau causa um impacto enorme. A colheita desse ano ainda vai começar e aquele produtor que conseguiu guardar um pouquinho de cacau, vai vender a preço de ouro”, prevê Lari.
Nesse cenário, a alta do cacau beneficia diretamente os produtores, garantindo maior renda e incentivando investimentos em qualidade e sustentabilidade. Em contrapartida, desafios logísticos, como a infraestrutura precária de transporte, ainda são um desafio para o pequeno produtor.
Principalmente quando se observa que o caminho do cacau até se transformar em chocolate é longo e minucioso. Questionada pela Reportagem sobre o processo de beneficiamento, Lari descreve que tudo começa com a colheita da fruta no ponto ideal de maturação, garantindo que os aromas e sabores sejam preservados. Após a colheita, as amêndoas são retiradas e passam pelo processo de fermentação, essencial para desenvolver os sabores característicos do chocolate.
Depois de fermentadas, as amêndoas são secas por cerca de uma semana e, então, seguem para a fábrica, onde são selecionadas, torradas, trituradas e descascadas. Em seguida, o cacau é refinado até se tornar uma massa líquida, dando início à produção dos chocolates.
“Esse processo todo leva tempo e exige precisão. Só a etapa de refino dura cerca de 100 horas, sem parar. É um trabalho que mistura técnica e paixão para entregar um chocolate de qualidade única”, diz Lari com empolgação.
EXPANSÃO E SABORES AMAZÔNICOS
Inicialmente focada na produção de barras de chocolate, a Cacau do Pará passou por uma transição e agora aposta cada vez mais na gastronomia paraense. A marca tem explorado ingredientes amazônicos para criar doces inovadores, que unem tradição e modernidade com uma pitada de ousadia.
“O chocolate é extremamente versátil. A gente percebeu que poderia ir além das barras e criar novas experiências, valorizando os sabores da nossa terra. Hoje, trabalhamos com cupuaçu, cumaru, pixuri, jambu e outros ingredientes da Amazônia”, descreve Lari.
Entre as criações da marca, destacam-se o bombom de jambu, que traz o famoso “treme” da erva amazônica de uma maneira suave e intrigante; o brigadeiro de cupuaçu, com recheio cremoso e geleia da fruta, que mescla o azedinho marcante da fruta com a doçura natural do chocolate; o brigadeiro de cumaru, com um gosto que remete à baunilha, mas com toque amazônico e o brigadeiro de pixuri, que explode na boca remetendo à canela, mas que ao ser degustado, vai se transformando em notas de sabores únicos e exóticos.
Com a Páscoa se aproximando, a Cacau do Pará se prepara para um dos períodos mais movimentados do ano, garantindo que o chocolate paraense tenha um papel de destaque nas celebrações e garantindo memórias afetivas e gustativas surpreendentes para aqueles que desejarem sair do óbvio.

VISIBILIDADE APÓS A REPORTAGEM
Há cerca de um ano, a Cacau do Pará ganhou visibilidade através de uma reportagem especial do Correio de Carajás, que destacou sua trajetória e o impacto do microcrédito para seu crescimento. O reconhecimento foi além, e a reportagem foi premiada e ajudou a consolidar a reputação da marca no mercado.
“Quando chegávamos com nossas barras simples, muitas pessoas se perguntavam: ‘Quem são vocês? Como saber se isso é realmente de qualidade?’ A reportagem nos deu um peso enorme, trouxe credibilidade para a nossa história e abriu portas para parcerias fundamentais”, compartilha Lari com orgulho.
Graças a essa visibilidade conquistada, a Cacau do Pará firmou uma parceria com a Pagrisa, empresa que produz o açúcar Cauaxi, fortalecendo ainda mais sua atuação no mercado paraense.
“Ter esse reconhecimento e estar na mídia tradicional foi essencial. Agora, conseguimos mostrar para toda a nossa região o trabalho que fazemos e conectar com outros empreendedores que acreditam na valorização dos nossos produtos amazônicos”, finaliza Lari.
Com um mercado em ascensão, o cacau paraense se firma como um dos grandes protagonistas do setor agrícola do estado. E são empresas como a Cacau do Pará, que não apenas impulsionam a economia local, mas também resgatam e difundem a riqueza dos sabores amazônicos, transformando o chocolate em uma verdadeira experiência sensorial e cultural.
(Luciana Araújo)