Enquanto para muitos, lecionar é apenas uma profissão, um dever, para Aline Pinheiro lecionar é uma grande paixão. A professora marabaense de 41 anos instrui alunos do ensino fundamental, médio, cursinho preparatório e universitários. Sua história como docente é construída por amor, desafios e muita dedicação, o que torna a educação como agente transformador da sociedade, de fato.
Dedicada à docência desde 2014, a professora conta ao Correio de Carajás, em uma entrevista de homenagem ao dia dos professores, que sua narrativa com a educação começou aos seus 13 anos, quando dava aula de reforço aos alunos de sua mãe, também docente. Ela se orgulha em dizer que na família paterna e materna há muitos educadores e que isso, de forma permeável, moldou a profissional que é hoje.
Aline confessa que por muito tempo fugiu deste caminho. “No início eu não pensava em fazer licenciatura. Quando eu fui prestar vestibular eu escolhi jornalismo, depois turismo, psicologia e só após muito tentar escapar dessa trajetória que me cerca, minha mãe aconselhou que eu fizesse o curso de Letras – Literatura”, conta, acrescentando que assim fez.
Leia mais:Ela relata que, ao começar o curso, tinha a expectativa de que amaria literatura de cara, devido a sua paixão por livros, mas as experiências com a linguística, outra vertente da Letras, fez com que ela se apaixonasse pela licenciatura. No entanto, precisou manter os estudos junto ao trabalho em uma empresa corporativa, onde pensou por um tempo seguir carreira na área da comunicação. Algo que logo foi repensado, devido a sua forte ligação com a educação.
“Dentro desta empresa eu acabei ministrando treinamento para pessoas que eram recém contratadas e precisavam ser ambientadas”, relata, dizendo que sem perceber, iniciou a docência desde então, e com muita paixão, considerando que, segundo ela, havia muita didática e conteúdo.
Após formada, Aline iniciou no Ensino de Jovens e Adultos (EJA), passou pelo curso técnico, iniciou sua carreira no ensino fundamental 2 e, como um bom filho à casa torna, após um processo seletivo, ela volta à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) como professora substituta, começando a trilhar a docência pelo ensino superior. Mas, enquanto isso, ela trabalha em sua pós-graduação na licenciatura.
A docente acabou lecionando para todas as faixas etárias, conseguindo equilibrar quatro turmas diferentes. No cursinho ela dá aulas de literatura nos ensinos fundamental, médio e cursinho, mas também arranja tempo para os projetos itinerários devido ao novo método de ensino médio e nos cursos de graduação, leciona para discentes de Pedagogia, Direito, Psicologia, Enfermagem e Gestão. Além de tutorias a distância.
Ela brinca que é muito “professorar”, mas que já estava predestinado e ela não possui dúvidas alguma sobre isso. “Eu não via a licenciatura com bons olhos por ter uma mãe ausente que passava mais tempo nas salas de aula do que em casa, mas a partir do momento em que eu adentrei a vida acadêmica e comecei a compartilhar conhecimento, eu já não me vi mais fora disso”, confessa, dizendo que não sabe por que fugiu por tanto tempo, e que gostaria de ter acreditado desde o início na menina que dava aulas de reforço desde a adolescência.
Aline diz que não sabe descrever o quão maravilhoso é licenciar. Ela ressalva falando que se fosse milionária, ainda escolheria ser professora, pois apesar de “vender” conhecimento hoje, ela faria isso de graça, se não precisasse de remuneração. A docente reafirma que o que mais ama em dar aulas é passar informação. Para ela nada lhe serviria um título de mestre, suas especializações e todo o tempo de aula, se não puder compartilhar com outras pessoas o que sabe.
“A grande magia disso tudo é dividir e ajudar com que meus alunos alcancem seus sonhos, pois quando eu estou dando aulas no fundamental eu estou auxiliando para que elas evoluam a cada passo, até chegar no ensino médio, posteriormente no cursinho e ao chegar na universidade, possam ser recheados com o conteúdo que tenho a oferecer na graduação”, cita, explicando como todas as faixas etárias e áreas que atua estão interligadas e se orgulhando disso, considerando que dessa forma, os ajuda a construir suas carreiras.
Aline finaliza seu discurso como uma grande apaixonada pela docência dizendo que não existe uma sociedade se não houver a base de tudo, sendo a educação, o grande ponto de partida de tudo e todos. Para ela, o grande agente transformador da comunidade é o conhecimento e através dele é possível conseguir fazer acontecer o que nos é garantido no papel. A professora reforça que a partir de mais leitura, informação e instrução, as pessoas poderão, efetivamente, terem seus direitos garantidos. (Thays Araujo)