Júlia Martins saiu de Marabá um pouco antes de completar 14 anos, em busca de um sonho: ser jogadora de futebol. E ela não foi pra perto, não. Viajou mais de 3.400 km até Porto Alegre (RS), onde assinou contrato com o Grêmio de Futebol Porto-alegrense. Hoje, aos 17 anos, ela foi convocada para a Seleção Brasileira sub-20. É mais um talento da terra de “Francisco Coelho”, um verdadeiro celeiro de bons jogadores, seja no futebol masculino, seja no feminino.

A atleta esteve em Marabá até o início da semana, passando alguns poucos dias com a família na cidade, mais precisamente na Vila Murumuru, onde vive. O Grupo CORREIO conseguiu uma longa entrevista com ela e seus pais: Flávio Costa e Edna Martins, que falaram sobre o começo difícil até chegar aqui. Mas Júlia já foi embora novamente. Apresentou-se na terça-feira (24) à Seleção Brasileira.
A jovem promessa, que joga como atacante, diz que sempre gostou de futebol e – sempre também – recebeu apoio dos pais, que não mediram esforços para ver o sonho da filha realizado.
Leia mais:No começo, ela entrou numa escolinha para garotos. Só tinha ela de mulher, na escola do professor Faguinho, um dos grandes desportistas de Marabá. “Eu considero ele como um paizão, ele que abriu as portas pra mim, me deu oportunidade”, relembra.
Pouco tempo depois, Faguinho sofreu um AVC e parou as atividades, mas ela não desistiu; mudou de escolinha e continuou em busca de seu espaço. Até que numa competição em Parauapebas, um olheiro do Grêmio se interessou pelo seu futebol.
Mas nem tudo foram flores. Além de ficar longe da família e de ter que se ambientar a outro clima, outra cultura, vieram as lesões. Isso mesmo, lesões no plural. Foram tempos de adversidades que, com o apoio da família e do clube, Júlia Martins conseguiu vencer.

Hoje, aos 17 anos, ela já joga no elenco profissional do Grêmio, tem contrato assinado com a marca mais valiosa do mundo em material esportivo; e vai vestir a camisa amarelinha do sub-20, uma categoria acima da idade dela.
Tudo isso mostra que Júlia Martins parece sempre estar à frente do seu tempo. E hoje ela se tornou uma bandeira para todas as meninas e mulheres que têm um sonho na vida, seja em que área for.
“A adversidade vai aparecer sempre, independentemente de onde você estiver, ainda mais no futebol feminino que não tem o apoio como o masculino, mas não podemos desistir e temos que seguir trabalhando, que a oportunidade chega”, afirma. (Chagas Filho)