Correio de Carajás

Marabá sem feminicídio em 2018

Se no ano passado Marabá registrou nada menos de quatro casos caracterizados como feminicídio (perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino), nos primeiros seis meses deste ano não ocorreu nenhum caso. Dado o grau de violência desta região e o grande número de casos de violência doméstica na cidade, a ausência de assassinatos de mulheres é motivo de comemoração por parte das autoridades policiais, principalmente das que lidam diretamente com casos dessa natureza, como a delegada Ana Paula Fernandes, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM).

Segundo ela, a queda no número de feminicídios tem algumas explicações, a começar pelo trabalho realizado pela DEAM, junto com outros órgãos de segurança, assim como as mudanças que tornaram a legislação mais rigorosa e também uma conscientização maior por parte das mulheres. “É importante que a população veja o resultado do trabalho que a DEAM vem fazendo em Marabá”, observa a delegada.

Uma prova disso é que a maior parte dos inquéritos instaurados são de ameaça contra mulheres. “Ou seja, a mulher não está esperando chegar na lesão corporal para poder denunciar, isso também já está ajudando nosso trabalho”, explica a delegada, acrescentando que o número de inquéritos vem aumentando sensivelmente.

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É verdade: somente no mês de junho foram instaurados 60 inquéritos contra 35 no mês de maio e 33 em abril. “Mas isso não quer dizer que aumentou a violência; quer dizer que elas (as mulheres) estão denunciando mais. Elas resistiram à violência e agora estão tendo coragem de denunciar”, reafirma.

Nos quatro anos que está em Marabá, a delegada diz que finalmente começa a ver o cenário melhorar no que diz respeito aos casos de feminicídio, por isso ela comemora o resultado, mas se mantém alerta, agindo ao menor sinal de possibilidade de violência doméstica que chegar ao seu conhecimento.

PRISÕES

Falando em violência policial, somente esta semana foram efetuadas duas prisões preventivas por conta desse tipo de crime. Nos dois casos os acusados descumpriram a medida protetiva de se distanciar de suas ex-companheiras.

O primeiro a ser preso foi Ronaldo Oliveira da Silva, que já tinha sido preso em 2016 por roubo; o segundo a ir para atrás das grades foi Uedeven Barroso dos Santos. Além desses dois, houve outra prisão neste mês, de Salmo de Oliveira, pelo mesmo motivo.

A delegada explica que até março deste ano o descumprimento de medida protetiva não gerava prisão em flagrante. Quando o agressor descumpria, era necessário pedir a prisão preventiva do acusado, mas agora ele pode ser preso em flagrante.

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Este ano, ocorreram 23 prisões e buscas de apreensões relativas a casos de violência contra mulher e contra crianças, segundo informou a delegada Ana Paula.

(Chagas Filho)