Correio de Carajás

Marabá segue sem legislação específica e carreta “esconde” lojas no Centro da cidade

Uma carreta bitrem (veículo de carga pesada biarticulado) tomou completamente a frente de sete lojas do Centro da cidade por quase 48 horas no início desta semana em plena Avenida Antônio Maia, na Marabá Pioneira. O motorista só retirou a mesma do local depois que o Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU) foi acionado. A ocorrência, no entanto, escancara um antigo problema do Município: a falta de uma legislação específica que proíba a circulação de veículos pesados, com capacidade de carga superior a oito toneladas, na área urbana.

E é o que mais acontece hoje em dia. O Jornal CORREIO já denunciou em várias oportunidades a circulação indiscriminada de carretas notoriamente pesadas no interior de inúmeros bairros, ou em vias principais como a Av. Nagib Mutran, Av. Antônio Vilhena ou Tocantins, assim como em ruas menores nas quais o calçamento sequer foi dimensionado para tal pressão.

Na ocorrência de Marabá, a carreta em questão, com 30 metros de comprimento, é da empresa Lamonica Logística, de Simões Filho (BA), e estaria em Marabá trazendo mercadorias de uma grande loja de departamentos de amplitude nacional que está abrindo filial no Centro.

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“Essa carreta foi estacionada aqui na Av. Antônio Maia no domingo e passou também toda a segunda-feira (14) encobrindo a frente de sete lojas. Foi um dos piores dias do ano pra gente, em vendas. Ninguém via a frente das nossas lojas”, explica Toinha Freitas, uma das lojistas afetadas. Segundo ela, a situação só foi resolvida depois que acionaram o Sindicato do Comércio Varejista de Marabá (Sindicom) e este solicitou providências do DMTU. Nesta terça-feira pela manhã a carreta já não estava no local.

FALTA LEGISLAÇÃO

Ouvido sobre o tema, o diretor do DMTU, Jocenilson Silva, disse que sua equipe está trabalhando num projeto que melhora a sinalização das ruas do centro e que deve deixar mais claro a proibição do estacionamento de veículos grandes, da forma como é previsto no Código de Trânsito.

A questão parece ser maior, no entanto, uma vez que municípios até menores que Marabá, por todo o Brasil, têm suas próprias legislações municipais vetando essa circulação no centro e placas deixando isso bem claro para os motoristas já a partir das rodovias, para que sequer tentem acessar a área urbana. As empresas donas da mercadoria têm de criar sua própria logística, com caminhões menores para o transporte até a loja.

A cidade de Antonina, no Paraná, com apenas 18 mil habitantes, emplacou uma lei bem específica e rigorosa, que prevê: “Fica proibido o trafego de caminhões de grande porte, e carretas nas ruas do centro da cidade, que compreendem o Centro Histórico da Cidade de Antonina, excetuando-se os veículos de carga e descarga nos estabelecimentos comerciais e os veículos de transportes coletivo”.

Em Nepomuceno, Minas Gerais, a questão foi resolvida em 2019 por um Decreto Legislativo Municipal, prevendo limitações aos veículos com mais de seis toneladas. A partir daí, os de atpe 18 toneladas podem circular das 20 às 10 horas, somente para carga e descarga. Os caminhões de carga pesada biarticulados e tri articulados “estão expressamente proibidos a trafegar nas vias públicas do município”.

REPERCUSSÃO

Raimundo Neto, presidente do Sindicom, disse ao Correio de Carajás que o comércio local vai propor mudanças ao DMTU e que está preocupado com o ordenamento do trânsito e estacionamento no Centro da cidade. Na visão dele, falta um debate ampliado uma vez que a cidade cresceu muito e o comércio sente os reflexos de situações que nunca foram resolvidas.

Já o vereador Antônio Araújo, que é ex-diretor do DMTU, adiantou à Reportagem que deve puxar em breve na Câmara Municipal o debate sobre uma possível lei para normatizar a circulação de caminhões de carga no Centro.

A reportagem tentou contato com a empresa Lamonica Logística por meio do telefone que consta no baú da sua carreta, sobre o episódio desta semana, mas os telefonemas não foram atendidos. (Patrick Roberto)