Correio de Carajás

Marabá se mantém como polo empreendedor com 13 mil MEIs

Estatísticas atualizadas revelam que a Sala do Empreendedor em Marabá registra um número notável de mulheres empreendedoras: 5.638

Mulheres estão à frente de 5.638 negócios em Marabá, segundo dados da Sala do Empreendedor

Em 2023 foi registrada uma taxa de 57,9% de novos negócios no Pará. Das novas empresas ativas neste ano 90,3% correspondem a Microempresa (ME), o equivalente a 52.481 estabelecimentos. Mas, um regime simplificado para pessoas que trabalham por conta própria, o Microempreendedor Individual (MEI), tem se destacado, principalmente em Marabá e evidenciando um notável e consistente crescimento no cenário empresarial local.

A reportagem deste CORREIO procurou o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a Sala do Empreendedor, na cidade, dois espaços voltados para orientação e formalização não somente do MEI, mas de ME e Pequenas Empresas (PE). Também levantamos dados que comprovam não só o aumento dos números, mas identifica tendências e períodos de destaque em Marabá.

Somente no último ano, o aumento no número de MEIs em Marabá foi de 5,9%/ Fotos: Evangelista Rocha

NÚMEROS

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“Os números revelam uma trajetória ascendente que reflete não apenas a resiliência do empreendedorismo local, mas também um ambiente propício para o desenvolvimento de negócios, já que tem se destacado como uma alternativa significativa para muitos marabaenses que buscam independência financeira diante das mudanças no mercado de trabalho”, diz Nádia Rodrigues, analista do SEBRAE em Marabá.

Ela também afirma que Marabá se destaca como um polo empreendedor na região, atendendo 17 municípios ao redor. Nádia diz que há um crescimento mais expressivo na cidade, em comparação com os municípios periféricos. A diversidade de segmentos com indústria, comércio e agricultura, em Marabá, reflete a vocação e potencial da região.

CONSOLIDAÇÃO E CRESCIMENTO GRADUAL

Em 2012, Marabá contava com 2.753 empresas no conjunto de MEIs, MEs e PEs. Nos anos seguintes, até 2016, o crescimento foi gradual, atingindo 5.913 empresas. Esse período foi marcado por uma consolidação do cenário empresarial, preparando o terreno para expansões subsequentes.

O ano de 2017 marcou o início de uma fase de expansão expressiva, com um salto para 6.750 empresas. A tendência de crescimento acelerado continuou, e em 2019, Marabá contava com 7.770 empresas, alcançando um pico notável.

Mesmo em meio aos desafios globais, como a pandemia e suas consequências econômicas, em 2020, Marabá demonstrou resiliência, registrando um significativo aumento para 9.462 empresas. Nos anos seguintes, em 2021, 2022 e 2023, o crescimento persistiu, atingindo respectivamente 11.345, 12.919 e 13.637 empresas. Esses números refletem a capacidade de adaptação dos empreendedores locais e a atratividade do ambiente de negócios.

Sobre o aumento notável entre 2022 e 2023, com um total de 13.692 microempresas, em comparação com 12.919 no ano anterior, Nádia afirma que os números indicam uma crescente procura pelo empreendedorismo na região.

MOTIVAÇÃO

Questionada sobre o que tem motivado esse aumento ela aponta que a busca pelo empreendedorismo tem diversas motivações: “Muitos empreendem por necessidade, devido às crescentes exigências do mercado de trabalho. Porém, há também aqueles que enxergam no empreendedorismo uma oportunidade de melhorar de vida e crescer. Vemos uma variedade de perfis, desde jovens até pessoas na terceira idade”.

Nádia vai além e afirma que o grupo que mais procura o empreendedorismo são pessoas na fase da idade madura, com mais de 40 anos. Essa observação é respaldada por pesquisas sobre empreendedorismo realizadas tanto local quanto globalmente.

Quanto aos setores mais populares entre os empreendedores na cidade ela conclui que o comércio ainda é o setor mais explorado: “Muitos iniciam como varejistas de roupas, acessórios e perfumaria. Além disso, serviços na área de beleza, como salões de cabeleireiro e manicure, têm crescido, principalmente liderados por mulheres.”.

Nádia Rodrigues, analista do Sebrae, afirma que Marabá se destaca como um polo empreendedor na região, atendendo 17 municípios ao redor

PERFIS

A afirmação é fundamentada pelo panorama dinâmico fornecido pelo coordenador da Sala do Empreendedor em Marabá, Rafael Amorim, que garante que a força empreendedora é impulsionada por uma diversidade de gênero. Os dados mais recentes destacam a presença significativa tanto de mulheres quanto de homens que estão dando vida aos seus negócios e contribuindo para o crescimento econômico da região.

“De acordo com as estatísticas atualizadas, a Sala do Empreendedor em Marabá registra um número notável de mulheres empreendedoras, totalizando 5.638. Esse contingente representa uma força vital no cenário empresarial local, destacando a crescente participação feminina nos diversos setores econômicos”, pontua.

Mas, a presença masculina também é expressiva, com 7.999 homens empreendendo na região. Esses números refletem não apenas a quantidade, mas também a variedade de empreendimentos liderados por homens em Marabá, abrangendo desde o comércio locais até iniciativas inovadoras.

DANDO VIDA AOS NÚMEROS

Francisco Ferreira da Silva é um microempreendedor caminhoneiro que, aos 63 anos, decidiu dar um novo rumo à sua vida profissional. “No menos quatro meses”, é a resposta quando questionado há quanto tempo ele se tornou MEI. A decisão, segundo ele, foi motivada por anos de trabalho informal.

“Trabalhei uns 12 anos sem ser na minha carteira”, diz Francisco, explicando que agora está aguardando benefícios há mais de um ano. Seu objetivo ao entrar no mundo do empreendedorismo foi claro: um aumento para uma aposentadoria melhor.

Francisco Ferreira é MEI na modalidade caminhoneiro e espera que os benefícios proporcionem uma aposentadoria digna

Sobre a escolha de se tornar um microempreendedor caminhoneiro, Francisco destaca a vantagem financeira. A principal é de ser um MEI na área com a formalização do negócio, o que proporciona benefícios como a possibilidade de emitir notas fiscais, ter acesso a direitos previdenciários, como aposentadoria e auxílio-doença, além de facilitar a obtenção de crédito.

Ao se tornar um MEI, seu Francisco passa a contribuir mensalmente com uma quantia fixa, que engloba impostos e contribuições sociais. O valor é reduzido e varia de acordo com a atividade exercida. Essa contribuição garante ao MEI o acesso aos benefícios previdenciários mencionados, além de possibilitar a emissão de notas fiscais para seus serviços.

A esperança dele é que essa mudança de rota proporcione uma aposentadoria mais digna para ele e sua família. “Tenho família, sou casado, tenho dois filhos. Sustento dois filhos adolescentes ainda, 16 e 15 anos”, revela o caminhoneiro. É claro que a responsabilidade pesa, mas Francisco encara os desafios com determinação. A vida de microempreendedor caminhoneiro não é fácil, mas Francisco mantém sua fé e esperança. Ele enfrenta os desafios da estrada com a mesma resiliência que o levou a trabalhar por mais de uma década sem carteira assinada.

Seus olhos brilham ao falar sobre o futuro: “Quero uma aposentadoria tranquila, com saúde para aproveitar com minha família”, diz ele, mostrando que a estrada à frente pode ter curvas, mas também oferece a promessa de um destino melhor.

 

(Thays Araujo)