Iniciada em 1991 por ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres, a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres é uma luta anual e internacional que tem o objetivo de traçar estratégias de prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas.
Em Marabá, essa é a primeira vez que o evento acontece. A abertura do ocorreu na tarde desta quarta-feira, 16, no plenário da Câmara Municipal de Marabá e contou com a presença da cofundadora do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa.
Formada em filosofia e mestre em ciência política, Regina conta que desde o ambiente universitário atua com o ativismo de direitos humanos. Mas, foi trabalhando na alfabetização de mulheres que se aproximou da demanda de violência de gênero e educação.
Leia mais:Com mais de 25 anos no enfrentamento da violência contra as mulheres, Regina relembra que assim que a Lei Maria da Penha foi aprovada ela mergulhou na causa. Foi a partir daí que ela conheceu Maria da Penha Maia Fernandes, atualmente com 77 anos, e criou um prêmio em sua homenagem.
“A conheci em março de 2007, na primeira edição, que premiaria dez entidades que promovessem a Lei Maria da Penha. Foi então que começamos a conversar, e em 2009, dois anos depois, criamos o Instituto Maria da Penha”, conta Regina.
Com 13 anos de existência, o instituto atua no acompanhamento a aplicabilidade da Lei nas áreas mais vulneráveis, mulheres e meninas.
“A partir disso começamos a acompanhar as políticas públicas e a educação. Por isso criamos o Programa Defensores e Defensoras do Direito à Cidadania que tem o objetivo de formar voluntários que atuem especificamente no enfrentamento da violência de gênero, doméstica e familiar. Percebemos que o Estado não tinha demanda suficiente de profissionais qualificados para atender, acolher e monitorar as mulheres em situação de violência”, explica.
A metodologia utilizada na educação do Instituto é paulofreiriana – desenvolvida pelo educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, falecido em 1997 – que tem como princípio a pedagogia do oprimido, da autonomia e da esperança.
“Precisamos falar da reeducação e da reabilitação dos agressores. Começamos também a trazer uma fala sobre os cuidados que temos que ter com os homens, especificamente com os jovens. Por isso, desenvolvemos essa metodologia com os jovens. Sair dessa cultura machista e misógina, para uma cultura de paz e igualdade de gênero”, detalha Regina, enfatizando que estudantes do ensino fundamental ao ensino superior são o público alvo dessa educação.
À frente da organização da Campanha dos 16 Dias em Marabá, Jeânia Sobral, representante do Instituto Reviver, localizado no KM 7, na Nova Marabá, e integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, afirma que essa foi uma iniciativa do movimento social apoiado pela Prefeitura Municipal de Marabá.
Sabendo da importância de falar – e educar – as meninas sobre a violência, a abertura do evento contou com a participação de centenas de alunas da rede pública de ensino. “Faço parte da área da educação e me preocupo muito com essas meninas. Por isso, estamos iniciando esse dia com elas. Precisamos fortalecer as jovens, as professoras. Hoje é um dia muito especial, fizemos esse dia especialmente para elas”, fala.
Ao final do evento, um vídeo da Maria da Penha, gravado exclusivamente para as meninas e mulheres de Marabá foi mostrado no telão emocionando todo mundo. “Ela soube que a Regina Célia estaria aqui e fez questão de gravar esse vídeo”, diz feliz da vida a coordenadora do evento.
Falando em Regina Célia, ao Correio de Carajás ela se emocionou ao falar de Maria da Penha. “É uma honra muito grande de falar da Maria e de ter a confiança dela nesse trabalho. Me emociono todas as vezes porque foi difícil. Mas, ao mesmo tempo foi muito bom levar o projeto pra ela, que confiou nele. Maria mora em Fortaleza e eu no Recife, mas, estamos trabalhando juntas. Somos amigas e irmãs”, finaliza.
(Ana Mangas)
PROGRAMAÇÃO
16/11 – Quarta-feira
Abertura Oficial – I Encontro de meninas e mulheres estudantes de Marabá
Local: Câmara Municipal de Marabá
17/11 – Quinta-feira
Circuito turístico Parauapebas/Carajás para conhecer o Projeto Mulheres de Barro e o Projeto Ferro de Carajás.
Saída de Marabá 5 horas
18/11 – Sexta-feira
Formação para rede de proteção e enfrentamento à violência contra a mulher
Local: Plenarinho da Câmara Municipal de Marabá
Horário: 8h às 12 | 14h às 18h
19/11 – Sábado
Formação para mulheres e meninas das igrejas
Palestrante: Regina Célia – Instituto Maria da Penha
Local: Plenarinho da Câmara Municipal de Marabá
Horário: 8h às 12h
20/11 – Domingo
Dia da Consciência Negra – Organização Mulheres Raízes do Cabelo Seco
Local: Cabelo Seco – Velha Marabá
24/11 – Quinta-feira
Mulheres na carreira jurídica com o tema: A atuação da comissão da mulher advogada na defesa dos direitos da mulher
Palestrante: Caroline Cavalcante, Irismar Melo e Imarcia Rosa
Local: Plenarinho da Câmara Municipal de Marabá
25/11 – Sexta-feira
Marcha pela vida das mulheres
Saída da entrada da Velha às 8 horas
26/11 – Sábado
Dia D de cadastro das instituições e movimentos de mulheres
Local: Auditório da Seaspac
Horário: 8h às 12h
28/11 – Segunda-feira
Mesa redonda sobre violência obstétrica com o tema: Violência obstétrica – como prevenir
Palestrante: Heidiany Moreno e Edilene Mourão
Local: Auditório da Seaspac
29/11 – Terça-feira
Palestra do CTA com o tema: Debatendo o índice de IST entre mulheres no município de Marabá
Local: Auditório da Seaspac
30/11 – Quarta-feira
Reunião com a Comissão de Direitos Humanos, Defesa do Consumidor da Infância e Juventude, da Mulher e do Idoso
Local: Câmara Municipal de Marabá
Horário: 9 horas
01/12 – Quinta-feira
Grupo de trabalho específico para a Rede de Atendimento à mulher
Local: Auditório da Seaspac
02/12 – Sexta-feira
Roda de conversa pôr-do-sol com elas, com o tema: Práticas culturais e garantias de direitos da mulher artista
Local: Pontal da Orla
Horário: a partir das 17 horas
03/11 – Sábado
Ação de promoção de políticas de proteção das pessoas com deficiência
Local: Ginásio poliesportivo da Folha 16
Saída da Velha Marabá
Horário: 8 horas
06/11 – Terça-feira
Dia Nacional de Mobilização dos homens pelo fim da violência contra as mulheres
29/11 – Quinta-feira
Encontro cultural de meninas e mulheres amazônidas
Local: Toca do Manduquinha
Horário: 18 horas