O Município de Marabá tem um procedimento claro e objetivo no seu protocolo diário de combate à pandemia de covid-19. É o que garantiu o vice-prefeito Luciano Dias em longa entrevista no estúdio da Correio 92,1 FM nesta quarta-feira (31/3). Segundo ele, apesar de não haver lockdown, os decretos são claros quanto as limitações, que visam diminuir a presença de pessoas nas ruas e que isso vem sendo garantido pelas equipes de fiscalização. De outro lado, ele destaca que a população também precisa fazer a sua parte, entender que não é momento para festas e quaisquer tentativas de aglomeração.
Com o aumento significativo de casos, desde janeiro deste ano no município, a Prefeitura Municipal de Marabá (PMM) tem feito um trabalho de enfrentamento, contra essa nova onda da pandemia do coronavírus. Mesmo com algumas dificuldades, já que as vacinas estão sendo recebidas de forma que atenda toda a população, a PMM juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde, desde fevereiro vem vacinando a população da cidade, totalizando 20.564 doses recebidas, até agora.
“Mais de 13 mil pessoas já foram imunizadas em Marabá e, esperamos, que até o final desta quarta (31), esse número chegue perto de 18 mil”, garante Luciano, afirmando que a vacinação aliviou bastante a situação da saúde no município, apesar do mês de março ter sido de muitas internações hospitalares e pacientes necessitando o uso de UTI´s.
Leia mais:Com isso, a PMM resolveu tomar algumas medidas mais extremas – como a proibição do funcionamento do comércio, restaurantes, lanchonetes e congêneres – afim de evitar uma maior circulação e aglomeração de pessoas. “A gente espera que nos próximos meses, com a vacinação, tenhamos números mais favoráveis, tanto em relação a internação hospitalar, quanto ao contágio”.
Questionado pela equipe do CORREIO sobre o salto tão grande em relação a faixa etária das pessoas que seriam beneficiadas pela vacinação nessa etapa – a SMS regrediu de 70 para mais de 60 anos ou mais –, o vice-prefeito respondeu que isso se justificava pelo bom estoque que o Município tinha nos últimos dias e que permitia esse novo passo. Eram 10 mil doses de vacina, já que o município recebeu nas últimas semanas um número maior de imunizantes.
Contudo, nos últimos dois dias, o que se viu, foram pessoas madrugando nos locais de vacinação, para conseguir uma ficha e ser atendido. “O sentimento de ansiedade que as pessoas têm em se vacinar, é algo que não conseguimos controlar. É obvio que quanto menor a faixa etária de vacinação, menos pessoas temos nas filas. Segundo o IBGE temos cerca de 7.500 pessoas entre 60 e 69 anos em Marabá, então, tínhamos um número de doses suficientes para atender essa faixa etária, por isso a SMS decidiu imunizar mais rapidamente essas pessoas”, explica.
Luciano afirma que ele esteve em alguns pontos de vacinação da cidade e, pessoalmente, conversou com alguns idosos e com a equipe de saúde que estava trabalhando, reforçando que a vacinação fluísse com mais agilidade.
Com aproximadamente 300 mil habitantes, Marabá não vacinou nem 10% da sua população total, porém, vale ressaltar que menores de 18 anos não receberão a vacina. Isso quer dizer que essa porcentagem, pode ser um pouco maior, se relacionada somente com as pessoas que deverão ser imunizadas.
De acordo com o vice-prefeito, um levantamento feito pela prefeitura, afirma que, ao vacinar 100% das pessoas com mais de 60 anos, o número de internação hospitalar e óbitos diminui consideravelmente no município. “A gente entende que quando fechar o ciclo de 60 anos, diminuiremos muito os números, desafogando o sistema de saúde”, conclui Luciano.
Recentemente a Câmara Municipal de Marabá aprovou o projeto de lei que autoriza o ingresso do município em um consórcio público – Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, o Conectar – que tem a finalidade de facilitar a aquisição de vacinas, insumos, medicamentos e equipamentos para combate à pandemia de coronavírus.
Com a aprovação do estatuto e a eleição da diretoria, a hora é de partir para a prática, que é buscar os insumos no mercado, porém, com a alta procura por imunizantes no momento, as indústrias não estão suprindo a quantidade exigida.
A prefeitura tem feito um controle efetivo e diário dos insumos do seu estoque. Como não há uma regularidade, já que existem períodos com picos de solicitação de insumos em alguns momentos, a SMS tem feito uma média do material, de acordo com as solicitações dos últimos meses.
A prefeitura conta com uma equipe full time – trabalho integral – para controlar e monitorar o consumo e a aquisição de medicamentos e suprimentos.
Zona rural
A reportagem do CORREIO também quis saber de Luciano Dias sobre a vacinação para os moradores da imensa zona rural do município. A isso ele respondeu que já nesta quinta-feira (1º) inicia a vacinação dos idosos a partir de 60 anos, que residem na zona rural do município. Com doses suficientes para suprir toda a demanda das comunidades, Luciano afirma que as equipes de saúde serão reforçadas, como na Vila Sororó, Itainópolis e Santa Fé.
Fique em casa
Com a segunda onda da pandemia, vindo cada vez mais forte e infectando pessoas mais jovens, principalmente com idade entre 31 e 40 anos, a prefeitura decidiu por tomar medidas mais restritivas, quase um ano depois do pico, em 2020. Para Luciano, essa atitude é muito mais um pedido de ajuda, do que simplesmente fechar o comércio e não deixar as pessoas trabalharem.
“Sabemos da importância do comércio em Marabá, mas nesse momento, estamos recebendo uma quantidade de vacinas que ainda não dá pra imunizar todo mundo, estamos com nossos leitos com uma procura imensa e com um alto índice de contaminação. Então, pedimos a compreensão das pessoas e que cada um faça a sua parte”, solicita.
No último final de semana, circularam imagens nas redes sociais, mostrando dezenas de pessoas juntas, se divertindo e aglomerando em vários pontos da cidade, como a orla na Velha Marabá e a orla, no bairro Amapá. Diante disso, Luciano foi enfático. “É momento da gente se recolher em casa e evitar aglomeração. É momento de a gente parar e cuidar uns dos outros, cuidar dos amigos, da família. Olhar fraternalmente para o outro e falar ‘estou fazendo a minha parte ficando em casa’”.
Os espaços públicos estão sendo monitorados e a Guarda Municipal juntamente com o DMTU estão realizando ações de conscientização das pessoas, como na orla, em praças e academia públicas.
“É fato que as pessoas com o tempo relaxaram um pouco mais nos cuidados, como no uso de máscaras e álcool em gel, mas é preciso ter consciência para não aglomerar”.
A Orla Sebastião Miranda estará fechada a partir desta quinta (1º), durante todo o feriado, para o trânsito de veículos. “Uma coisa é restringir alguns funcionamentos, outra coisa é proibir as pessoas do ir e vir”. (Ana Mangas)