Correio de Carajás

Marabá já registra mais casos de dengue em 2024 do que em todo 2023

Bairros do Amapá e São Miguel da Conquista foram os locais que apresentaram os maiores pontos de criadouros do mosquito

Somados, o número de casos de dengue de janeiro e fevereiro de 2024 já ultrapassam 2023

Assim como em todo o País, Marabá tem registrado um crescente número de casos de dengue. Apesar disso, a situação ainda não é de emergência, conforme afirma Amadeu Moreira, coordenador do Departamento de Endemias e Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Dados do Departamento de Endemias revelam que só em fevereiro deste ano, 25 casos positivos foram registrados, número que ultrapassa os 22 de todo o ano de 2023. Os dados correspondentes a março serão consolidados e divulgados quando findar o mês.

Amadeu conversou com a reportagem do CORREIO na manhã desta segunda-feira, 18, sobre o panorama da doença no município.

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Os números já confirmados dizem respeito apenas àquelas pessoas que fizeram o teste rápido para a doença (teste sorológico não foi realizado). No entanto, considerando que parte da população não procura as unidades de saúde quando apresentam sintomas, é possível que existam muitos outros casos não notificados de dengue.

Os testes podem ser feitos nas Unidades Básicas de Saúde Hiroshi Matsuda, na Folha 12, Núcleo Nova Marabá, e Amadeu Vivacqua, no Núcleo São Félix Pioneiro. Também no Hospital Municipal de Marabá, Folha 17, Núcleo Nova Marabá (HMM) e no Laboratório Central do município (LACEN), localizado no bairro Laranjeiras, no Núcleo Cidade Nova.

Amadeu Moreira explica que embora o momento seja crítico, já era esperado

SITUAÇÃO AINDA É TRANQUILA

O índice de casos de 2024 instigou o Departamento de Endemias a emitir um sinal de alerta contra a doença na semana passada, além da ampliação do trabalho de contenção ao avanço da dengue em Marabá.

“A situação de Marabá ainda está tranquila, no geral, mas nós já tivemos um pequeno aumento neste ano de casos confirmados e isso requer uma atenção maior”, explica Amadeu Moreira.

Ele frisa que a situação do município é distante da que, atualmente, é vivenciada por outros estados brasileiros, mas é necessário “fazer o dever de casa”, para que a doença fique sob controle.

Há oito anos na coordenação do departamento, Amadeu detalha que o trabalho de vigilância e de cuidados foi intensificado, principalmente agora no mês de março, um dos períodos mais intensos de chuvas do inverno amazônico. Em conjunto a isto, a população também precisa fazer sua parte, evitando o acúmulo de água parada.

ANOS ANTERIORES

O compilado de números oficiais de casos nos últimos seis anos mostra que a incidência de dengue em Marabá vinha caindo entre os anos de 2021 e 2023.

Em 2018, a cidade registrou 116 casos e até 2020, variou de 0 a 16. Em 2021, houve um pico de 68 ocorrências, número que tornou a cair em 2022 e 2023.

Com os dados oficiais de 2024, a série histórica ganha uma oscilação, registrando uma crescente de casos confirmados neste ano.

Os últimos seis anos registraram uma variação de casos de dengue em Marabá

SINTOMAS E PREVENÇÃO

O período é crítico, mas esperado, afirma Amadeu Moreira. Com isso, muitas pessoas acabam procurando as unidades de saúde do município apresentando indícios da doença.

Os sintomas iniciais da dengue – dor de cabeça, dor no corpo e febre alta – são os mesmos da covid-19 e da virose sazonal que ocorre em época de Inverno Amazônico, situação que reforça a importância de a população buscar o atendimento médico caso apresente algum sintoma.

É preciso, ainda, reforçar os cuidados preventivos contra a dengue. A fêmea do mosquito transmissor, o Aedes Aegypti, consegue botar até 900 ovos em um só lugar. Em até nove dias os novos mosquitos estão prontos para picar a população e transmitir a doença.

A Vigilância Ambiental tem como ações preventivas a checagem de locais que tenham água acumulada, principalmente da chuva, e que sirvam de criadouro do mosquito.

O Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (Lira), realizado pela Coordenação de Endemias, indica que os bairros do Amapá e São Miguel da Conquista foram os locais que apresentaram os maiores pontos de criadouros do mosquito.

Além do esforço empenhado pela Vigilância Ambiental, é crucial que a população colabore no combate a proliferação do mosquito transmissor com atitudes simples: manter caixas d’água sempre tampadas, eliminar recipientes que possam acumular água; manter os quintais limpos, evitando o acúmulo de entulhos. E, também, verificar ralos e calhas, locais propícios para a reprodução do mosquito.

(Luciana Araújo)