Uma queda de energia, somada a geradores que não funcionaram rendeu pelo menos meia hora de pânico, correria e gritaria dentro do Hospital Municipal de Marabá (HMM) no final da tarde de quinta-feira (7). Acompanhantes de pacientes relataram ao Correio de Carajás os momentos de apreensão vividos ali dentro, principalmente em relação aos pacientes mais graves, como os de covid-19 que estão em ventilação mecânica. Servidores do HMM tiveram de bombear o ar na mão, junto aos leitos dos enfermos.
Aparentemente os geradores não funcionaram de imediato e obrigaram os servidores a se virarem de um lado para o outro, principalmente para garantir que pacientes na UTI e UCE não corressem riscos. Uma mulher que acompanhava o pai, internado em um dos leitos de terapia intensiva chorava e gritava pedindo que não deixassem o pai morrer, enquanto de outro lado, servidores apreensivos corriam de um lado a outro. As portas e janelas tiveram de ser abertas para deixar entrar alguma luminosidade e circulação de ar.
Fora isso, a já habitual precariedade do Hospital Municipal sempre relatada pelos pacientes e acompanhantes, piora ainda mais a situação.
Leia mais:Melina Soares era uma das pessoas que estava por lá acompanhando a mãe, que estava sendo internada por quadro de covid-19. Justamente no momento da agonia da falta de energia, ela aguardava por leito para a sua genitora. “Não tem leito para a minha mãe. Vai ter que ficar aqui no corredor. Uma vergonha. Este hospital já deveria ter sido reconstruído. Desnecessário o sofrimento do povo aqui”, avaliou.
Outra acompanhante, Elitelma Ramos, disse ao portal que a apreensão era geral dentro do hospital, com a incerteza sobre quando a energia retornaria, o que obviamente fez muita gente pensar no pior. “Não foi fácil e me solidarizo com os servidores que tiveram de se desdobrar. Um absurdo o tal gerador não estar funcionando na hora. Não pode ficar um minuto sem”.
Ainda de acordo com relatos, algumas pessoas que chegaram ao hospital às 9 horas da manhã foram embora assim que houve a falha na energia, cansadas da longa espera pelos corredores.
CAOS
Não é de hoje que o público atendido pelo Hospital Municipal de Marabá (HMM), reclama do serviço prestado pela unidade de saúde. Recentemente um vídeo foi compartilhado nas redes sociais, mostrando a ausência de funcionários em salas e consultórios do HMM e ainda nesta semana, na quarta-feira, 6, os corredores do hospital estavam lotados de pacientes com as mais diversas reclamações, entre eles inclusive, haviam casos suspeitos e confirmados de covid-19. Agora que a ala voltada especialmente para essa especialidade foi fechada, as chances de contaminação cruzada aumentaram, pois a aglomeração é generalizada.
Quem ficou no local conta que o atendimento no HMM é péssimo e que alguns funcionários tratam os pacientes e acompanhantes com ignorância. A fama do Municipal não é das melhores, e episódios como esse só reforçam a opinião dos marabaense sobre o assunto: a saúde de Marabá anda precária.
RESPOSTA
Na passagem da nossa equipe pelo HMM, ainda no dia 7, tentamos falar com o diretor da Casa de saúde, mas nos foi dito que ele não se encontrava no local.
Já a Ascom da Prefeitura de Marabá disse, por volta das 17h20, que já estava tudo normalizado naquele horário, que são três geradores ali e estavam funcionando, e que a energia da rede também já havia retornado. “Não há como faltar energia, apenas o tempo de religação do gerador. No hospital neste momento tem equipe da Equatorial, da engenharia elétrica da Sevop e da iluminação pública. O gerador já voltou a funcionar e a energia da Equatorial já voltou”, afirmou, e ainda garantiu que existe um gerador específico para a área mais sensível, de UTI e UCE, mas não admitiu por quanto tempo o complexo ficou no escuro.
A Equatorial, acionada pelo Correio de Carajás sobre o ocorrido, nos respondeu por nota com o seguinte teor: “A Equatorial Energia Pará informa que normalizou o fornecimento de energia elétrica que afetou o Hospital Municipal de Marabá (HMM), nesta quinta-feira (7), às 18h10. A falta de energia foi motivada por uma pipa que ficou presa em um ponto do circuito na Folha 12, afetando parte da localidade e das Folhas 10, 11, 16, 17, 18, e 19. O serviço foi restabelecido após as equipes técnicas realizarem a manutenção necessária. (Da Redação / Colaborou: Luciana Araújo)