O agente da Guarda Municipal de Marabá Romulo Passos Soares senta no próximo dia 25, quinta-feira, no banco dos réus onde será julgado pelo homicídio de Nayara Vieira Ribeiro, registrado em outubro de 2017. Além dele, outro agente, Alexsandro Caldas Pó, também é acusado, mas o processo foi desmembrado e ambos estão sendo processados separadamente.
De acordo com a denunciado Ministério Público do Estado do Pará, no dia 13 de outubro de 2017, por volta das 22h30, Romulo Passos Soares conduzia uma motocicleta e trazia na carona Alexsandro Caldas Pó, ambos a procura de Nayara Vieira Ribeiro.
Consta no processo que os dois guardas portavam armas de fogo e ao encontrarem Nayara, nas proximidades de um hotel no Km 06, Romulo aproximou a motocicleta e Alexsandro desceu e efetuou aproximadamente seis disparos contra a vítima, que morreu no local.
Leia mais:Alguns dias antes, em 9 de outubro, Nayara e dois amigos – Wanderson Bruno de Sousa Pinheiro e Alex Amaral Azevedo – foram agredidos fisicamente pelos acusados e uma terceira pessoa, nunca identificada. Eles ainda tiveram os pertences subtraídos e foram torturados, sofrendo, inclusive, abuso sexual. Na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, as três vítimas identificaram Romulo como um dos responsáveis pelo crime.
Um ano e dois meses após a morte de Nayara, Romulo foi pronunciado pelo juiz Alexandre Hiroshi Arakaki, titular da 3ª Vara Criminal. O outro acusado está foragido desde agosto do ano passado. Acredita-se que o homicídio tenha sido por queima de arquivo e outra vítima da tortura, Alex Amaral, também acabou assassinada posteriormente, mas o caso ainda não está elucidado.
Segundo a pronúncia do acusado, uma testemunha relatou judicialmente ter presenciado os fatos e visto Romulo e Alex Caldas se aproximarem de Nayara e um deles efetuar os disparos, inclusive sem capacete. Conforme a pronúncia, a testemunha arma que “mataram Nayara porque pegaram ela com droga, levaram para uma quebrada e abusaram dela, tendo Nayara ido para a delegacia e denunciado”.
A decisão judicial aponta, ainda, que no dia da tortura, o sinal de celular do agente estava no Bairro Cidade Jardim, onde o crime aconteceu. No dia da morte, foi identificada a localização dele próxima ao local onde Nayara foi assassinada.
DEFESA
Ao ser interrogado, Romulo Soares Passos negou que tenha conduzido a motocicleta que transportava Alexsandro no momento da morte de Nayara. Afirmou que no dia dos fatos fazia a segurança do presidente da Câmara Municipal de Marabá, mas não se recorda se estava fardado. Informou, ainda, que conhecia Nayara somente de vista e negou ter participado da sessão de tortura, acrescentando que sequer esteve com Caldas nos dois dias de crime.
Em agosto do ano passado, Alex Caldas Pó foi trazido do Centro de Recuperação Especial Anastácio das Neves (Crecan), localizado em Santa Izabel do Pará, na Região Metropolitana de Belém, para Marabá para participar de uma audiência do caso. O agente, no entanto, simplesmente pulou um muro e fugiu poucas horas após chegar. Na ocasião, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) determinou que o grupo casse alojado na base da Guarda Municipal de Marabá, na Folha 31, ao lado da Delegacia da Polícia Federal. O local, no entanto, não possuía condições de segurança. Desde então, Alex Caldas não foi mais localizado. (Luciana Marschall)