Correio de Carajás

Marabá grita: “O hospital está um inferno”, clama paciente do HMM

Prefeitura minimiza e diz que existe um protocolo de atendimento

Agonia era grande na fila recepção do HMM na tarde de ontem/ Fotos: Josseli Carvalho

Na tarde desta segunda-feira, 20, dezenas de pacientes aguardavam por horas – e horas – um atendimento no Hospital Municipal de Marabá (HMM). Com a recepção e a área externa da casa de saúde completamente lotada de crianças e adultos, muita reclamação era ouvida no local. Vídeos e fotos circularam em redes sociais e o CORREIO recebeu telefonemas de usuários do hospital revoltados com a demora no atendimento.

Em um vídeo enviado ao jornal, é possível ver a quantidade imensa de pessoas que esperam por atendimento. Uma delas, faz duras críticas à situação: “Venham aqui urgente, as crianças estão todas morrendo aqui fora, não tem pediatra, não tem médico pra atender o pessoal aqui. Marabá grita. O hospital de Marabá está um inferno. Não tem ninguém aqui pra te tratar bem”, grita desesperada.

Glenda Silva, moradora do Bairro Liberdade, estava no HMM com sintomas de febre e tentava ser atendida por médico da unidade. Passou a tarde do lado de fora, aguardando após a triagem.

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Lázaro Santos Lima, morador do Km 7, estava acompanhando o irmão Ronaldo, que reclamava de fortes dores à altura dos rins. “Ele sente dores desde hoje pela manhã. Ele está aqui desde às 9 horas e até o meio da tarde nada, ainda. Atendimento aqui está péssimo”, queixou-se.

Rosimeire da Paixão Lisboa estava nos corredores com a filha Dáfine, que sentia tontura, dor de cabeça e febre, era outra sem saber quando seria efetivamente atendida.

Mãe com a filha que lutava para ver um médico ontem

Juliana Silva, moradora da Marabá Pioneira, chegou ao HMM no meio da tarde, também com filho sentindo dores e deu de cara com o corredor lotado de pacientes, o que deixou logo claro que seria uma longa espera. “Já estamos pensando em voltar para casa, pois se tem gente que chegou às 9 horas da manhã e não foi atendido, quem dirá eu chegando às 17 horas”, ponderou.

O indígena Arukapé Suruí estava no pátio com o filho que havia quebrado o pé. No hospital de São Geraldo do Araguaia o mandaram procurar o hospital de Marabá. Quando a reportagem esteve lá, a criança aguardava ainda dentro da ambulância pertencente ao município vizinho.

Paciente vindo de São Geraldo aguarda na ambulância

Prefeitura

A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá que garantiu que todos os pacientes do hospital são atendidos, que é feita a triagem e depois o médico chamam os mesmos por escala de prioridade.

“Existe um protocolo de atendimento dividido por prioridade. Vermelho é urgência, amarelo é média urgência, verde é atendimento normal e azul é menor prioridade. A explicação de gente na recepção é a quantidade de pessoas que procuram o hospital. São em média 400 atendimentos por aí”, diz Alessandro Viana.

Questionado sobre o número de médicos no HMM, o secretário de Comunicação informou que somente no ambulatório (atendimento) haviam seis médicos na tarde de ontem, fora os médicos que estariam no pronto-socorro e nos leitos e Unidades de Terapia Intensiva.

No corredor externo, outras dezenas de marabaenses atrás de atendimento

Ele não soube responder diretamente ao questionamento sobre o porquê da grande fila no pátio do hospital ontem, já que estaria tudo “ok” com os médicos em seus postos.

“São seis salas de consultas e todas estão em atendimento. Todos os médicos estão atendendo na velocidade devida, também não pode atender muito rápido. Todos os pacientes saem medicados e encaminhados, se for o caso, para o Centro de Especialidades. Além de fazerem todos os exames necessários”, finaliza, em resposta genérica.

Bom, enquanto isso os pacientes continuam do lado de fora aguardando por atendimento. (Da Redação, entrevistas: Josseli Carvalho)