Correio de Carajás

Marabá ganha o 2º Escritório Social do Estado para reintegração de egressos do sistema penal

Inauguração do Escritório Social ocorreu nesta quinta-feira, com participação de várias autoridades do Judiciário e Executivo/Foto: Sara Lopes/PMM

Conseguir trabalho depois da progressão de regime ou do cumprimento da pena é uma das grandes dificuldades encontradas por egressos do sistema prisional para se reintegrar à sociedade. Além do preconceito, muitos não possuem qualificação.

Nesse sentido, o Escritório Social, equipamento público impulsionado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que, no Pará, funciona por meio de parceria entre o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), acaba de ser implantado em Marabá, com apoio da Prefeitura Municipal.

Ele passa a atuar no acolhimento e encaminhamento de pessoas egressas e familiares para atendimentos em políticas públicas, articulando serviços de inclusão social para a garantia dos direitos de cidadania através da qualificação, do trabalho e dignidade no retorno ao convívio social longe da criminalidade.

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A inauguração do espaço ocorreu na manhã desta quinta-feira (4), e passa a funcionar na Rua 5 de abril, no prédio anexo ao Procon, situado na praça Duque de Caxias.

A reportagem deste CORREIO esteve presente ao evento e conversou com autoridades na inauguração, como o juiz Caio Marco Berardo, titular da Vara de Execução Penal da Comarca de Marabá; com o juiz auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Jônatas dos Santos Andrade, que já atuou em Marabá como juiz trabalhista; o vice-prefeito Luciano Dias; e o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário Nacional, Luís Geraldo Lanfredi, que também é auxiliar da Presidência do CNJ.

O juiz Caio Berardo explica que a iniciativa funcionará como um elo entre a pessoa que estava reclusa e a sociedade. Na teoria, o equipamento criará um planejamento individual para o egresso por meio de uma equipe especializada e os demais instrumentos que o poder público e parceiros da iniciativa privada colocam à disposição do cidadão, para reintegrar esse indivíduo ao convívio social. Segundo ele, esta é a segunda sala do estado, sendo a primeira em Belém.

O magistrado explica que existe um fluxo de saída prisional já traçado: “Quando o cidadão estiver prestes a sair do sistema penitenciário, passará por uma entrevista, onde será pré-selecionado e direcionado ao escritório”. Ele afirma que, inicialmente, a intenção é atender entre 100 a 200 pessoas por mês.

O juiz Luís Geraldo Lanfredi aponta a iniciativa como uma política que visa a apostar na ressignificação da própria execução penal e na definição de novas trajetórias de vidas de pessoas que passaram pelo sistema prisional e precisam de apoio, acolhimento e oportunidade, para lhes permitir ganhar autonomia no sentido de pertencimento à sociedade.

Juiz Luís Geraldo Lanfredi diz que iniciativa aposta na ressignificação da própria execução penal/Foto: Ulisses Pompeu

Ele observa que a guerra contra o crime precisa ser travada especialmente nesta perspectiva de recuperação: “Quando estas pessoas ficam um tempo reclusas intramuros, perdem as referências sociais, de família e o estado precisa agir para compensar esse déficit e vulnerabilidades pessoais”, finaliza.

“A inauguração do Escritório Social é uma parceria do município de Marabá para um atendimento aos egressos e os que estão prestes a sair do sistema penal para que possam receber apoio social, psicológico e busquem uma inserção no mercado de trabalho. Isso tudo é importante para a comunidade de Marabá, pois prevê o que diz a lei brasileira, busca a reintegração do preso à comunidade após o cumprimento da pena”, relatou Luciano Dias, vice-prefeito de Marabá. (Thays Araujo, Chagas Filho e Ulisses Pompeu)