Correio de Carajás

Marabá fica R$ 200 milhões mais rica e 75 mil moradores ficam mais pobres

Entre 2013 e 2016, a Prefeitura de Marabá arrecadou R$ 2,54 bilhões e avançou para o pelotão das mais ricas do Brasil. O aumento no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto Sobre Serviço (ISS) e, principalmente, da cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o popular royalty de mineração, garantiu que o Executivo do 4º município mais populoso do Pará sobrevivesse ao pico da crise financeira sorrindo, com louvor, e até ampliasse a arrecadação em impressionantes R$ 200 milhões, enquanto a esmagadora maioria das prefeituras brasileiras se afundava em profunda depressão.

Marabá fechou o ano passado com receita total de R$ 718,1 milhões ante R$ 511,5 milhões em 2013, ano em que era uma reles desconhecida no mapa da pujança, escondida na 116ª colocação e, portanto, fora do prestigiado MultiCidades. Atualmente, a prefeitura do município paraense intimida o Executivo de cidades prósperas das regiões Sudeste e Sul. Ela é mais rica que, inclusive, a capital do Amapá, Macapá, que tem 200 mil habitantes a mais e receita R$ 30 milhões menor.

Apesar dessa aparente prosperidade econômica, o desenvolvimento social de Marabá, mensurado por uma miríade de indicadores e por vários institutos, não é dos melhores. Parece que a fortuna dos R$ 2,54 bilhões se perdeu no meio desta década, entre gestão precária e incompetência — e se perdeu, quem achou?

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Às vésperas de receber o recenseamento geral, que vai ocorrer em 2020 e extrair dados concretos de como ficou Marabá de 2010 para cá, o município tecnicamente não tem mais tempo suficiente para promover as mudanças — não no tocante às mudanças estatísticas — de que precisa para ajeitar os precários indicadores “conquistados” há sete anos e sem muito esforço.

Falta água em Marabá, falta saneamento básico, falta erradicação de pestes e moléstias que sobrevivem há séculos, falta segurança pública. Incontestavelmente, o município cresce, está mais atrativo para investimentos, não depende de uma única fonte de renda (como outros que vivem à custa da mineração) e até se tornara um polo universitário agitado no interior da Amazônia.

Mas precisa mais que isso. O investimento no capital humano tem de tornar-se prioridade para que seja possível erradicar o analfabetismo (inclusive o funcional), tornar a população mais saudável e apaziguar os índices agressivos de criminalidade, proporcionando ocupação aos habitantes, especialmente os jovens, com emprego e renda.

Hoje, mesmo com sua prefeitura rica e retumbante, Marabá luta para erradicar a pobreza. A população de baixa renda, contabilizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 30 mil pessoas. Em 2017, adivinhe: já são 105 mil os marabaenses que sobrevivem com menos de meio salário mínimo por mês, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social. E aí vem a pergunta fantástica de um conhecido programa dominical de TV: “cadê o dinheiro que tava aqui”? (André Santos)

Entre 2013 e 2016, a Prefeitura de Marabá arrecadou R$ 2,54 bilhões e avançou para o pelotão das mais ricas do Brasil. O aumento no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto Sobre Serviço (ISS) e, principalmente, da cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o popular royalty de mineração, garantiu que o Executivo do 4º município mais populoso do Pará sobrevivesse ao pico da crise financeira sorrindo, com louvor, e até ampliasse a arrecadação em impressionantes R$ 200 milhões, enquanto a esmagadora maioria das prefeituras brasileiras se afundava em profunda depressão.

Marabá fechou o ano passado com receita total de R$ 718,1 milhões ante R$ 511,5 milhões em 2013, ano em que era uma reles desconhecida no mapa da pujança, escondida na 116ª colocação e, portanto, fora do prestigiado MultiCidades. Atualmente, a prefeitura do município paraense intimida o Executivo de cidades prósperas das regiões Sudeste e Sul. Ela é mais rica que, inclusive, a capital do Amapá, Macapá, que tem 200 mil habitantes a mais e receita R$ 30 milhões menor.

Apesar dessa aparente prosperidade econômica, o desenvolvimento social de Marabá, mensurado por uma miríade de indicadores e por vários institutos, não é dos melhores. Parece que a fortuna dos R$ 2,54 bilhões se perdeu no meio desta década, entre gestão precária e incompetência — e se perdeu, quem achou?

Às vésperas de receber o recenseamento geral, que vai ocorrer em 2020 e extrair dados concretos de como ficou Marabá de 2010 para cá, o município tecnicamente não tem mais tempo suficiente para promover as mudanças — não no tocante às mudanças estatísticas — de que precisa para ajeitar os precários indicadores “conquistados” há sete anos e sem muito esforço.

Falta água em Marabá, falta saneamento básico, falta erradicação de pestes e moléstias que sobrevivem há séculos, falta segurança pública. Incontestavelmente, o município cresce, está mais atrativo para investimentos, não depende de uma única fonte de renda (como outros que vivem à custa da mineração) e até se tornara um polo universitário agitado no interior da Amazônia.

Mas precisa mais que isso. O investimento no capital humano tem de tornar-se prioridade para que seja possível erradicar o analfabetismo (inclusive o funcional), tornar a população mais saudável e apaziguar os índices agressivos de criminalidade, proporcionando ocupação aos habitantes, especialmente os jovens, com emprego e renda.

Hoje, mesmo com sua prefeitura rica e retumbante, Marabá luta para erradicar a pobreza. A população de baixa renda, contabilizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 30 mil pessoas. Em 2017, adivinhe: já são 105 mil os marabaenses que sobrevivem com menos de meio salário mínimo por mês, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social. E aí vem a pergunta fantástica de um conhecido programa dominical de TV: “cadê o dinheiro que tava aqui”? (André Santos)