Correio de Carajás

Marabá está entre os cinco piores municípios do Brasil em segurança

Levantamento aponta gargalos em áreas que impactam diretamente o cotidiano da população, como segurança pública, ‘Instituições’ e ‘Economia’

Os indicadores do estudo apontam alta taxa de mortes violentas intencionais no município/Foto: Jordão Nunes
Por: Luciana Araújo

Quando o assunto é segurança, Marabá está entre os cinco piores municípios brasileiros. Os dados fazem parte do Ranking de Competitividade dos Municípios, coletados em 2024 e divulgados nesta quarta-feira (27). A cidade caiu 22 posições em relação à edição anterior e ocupa agora a 386ª colocação entre os 418 municípios analisados. O levantamento aponta gargalos em áreas que impactam diretamente o cotidiano da população, como segurança pública, ‘Instituições’ e ‘Economia’.

No cenário estadual, Marabá aparece em 10º lugar, com nota 41,18, atrás dos vizinhos mineradores: Canaã dos Carajás, que lidera com 49,15 pontos, e Parauapebas, em 3º lugar com 46,5. Já Itaituba, no sudoeste paraense, figura como o município menos competitivo do Brasil, com nota de 30,40.

Em Marabá, o dado mais alarmante diz respeito à segurança, pilar em que o município ocupa a 415ª colocação. Os indicadores do estudo apontam alta taxa de mortes violentas intencionais (413ª posição) e elevado índice de mortalidade entre jovens por motivos relacionados à segurança (401ª).

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Com frequência, o Correio de Carajás noticia casos de homicídios registrados no município, principalmente entre jovens. Alguns estão diretamente ligados a brigas entre facções e conflitos no mundo do crime. Por isso, os números do Ranking refletem a sensação de insegurança vivida pelo marabaense e reforçam a necessidade de políticas públicas urgentes, que não apenas combatam a criminalidade, mas também fortaleçam ações preventivas e de proteção à população.

Indo além da violência, a cidade enfrenta dificuldades para oferecer serviços públicos de qualidade e manter um ambiente econômico competitivo. Nos três grandes blocos avaliados pelo ranking, Marabá apresentou queda em todos: ‘Instituições’ (194ª posição, recuo de 11), ‘Sociedade’ (409ª, queda de 15) e ‘Economia’ (264ª, recuo de 15).

Logo, os dados do estudo devem ser utilizados para nortear a gestão de Toni Cunha e servir de parâmetro para que os vereadores cobrem do prefeito ações efetivas capazes de melhorar os indicadores e a qualidade de vida em Marabá.

SUDESTE PARAENSE

Entre os municípios do sudeste paraense que figuram no ranking, Parauapebas manteve sua 269ª posição geral. No pilar ‘‘Instituições’’, ficou em 175º (recuo de 7); em ‘Sociedade’, 332º (queda de 12); e em ‘Economia’, 208º (leve avanço de 5). Ou seja, o município está no meio da tabela, mas precisa reforçar a área social e institucional.

Já a “Terra Prometida”, Canaã dos Carajás, estreia na lista já na 218ª colocação, mostrando força em gestão fiscal. Nas três dimensões, ficou em ‘Instituições’ (113º), ‘Sociedade’ (312º) e ‘Economia’ (97º). O destaque é a Sustentabilidade Fiscal, onde Canaã surge em 2º lugar no Brasil, impulsionada por taxa de investimento (4ª) e despesa com pessoal (3ª); o alerta é a alta dependência fiscal (338ª), que pode deixar a cidade vulnerável a oscilações de receita.

Entre os municípios cortados pela BR-155, Redenção vivencia uma queda dolorida. Foram 30 posições, indo de 384º para 414º no geral. No pilar ‘Sociedade’ também está em 414º. Mas os gargalos aparecem em ‘Qualidade da Saúde’ (413º), ‘Saneamento’ (414º, queda de 47, com nota zero em coleta de resíduos e destinação do lixo por ausência de dados) e ‘Segurança’ (403º).

Mas nem tudo são perdas, há sinais de reação em ‘Qualidade da Educação’, com avanço de 38 posições (339º), e bom resultado em Meio Ambiente (49º). Porém ainda são insuficientes para compensar os demais recuos.

A “Capital da Energia”, Tucuruí, desabou 35 posições e nesta edição está em 390º. Nas dimensões, ‘Instituições’ caiu para 325º (recuo de 63), ‘Sociedade’ para 400º (queda de 21) e ‘Economia’ para 302º (recuo de 26). O quadro aponta perda de capacidade institucional e social, o que costuma atrasar a execução de políticas públicas e reduzir a confiança de investidores.

SOBRE O RANKING

O Ranking de Competitividade avalia o desempenho de estados e municípios a partir de dimensões e pilares que apontam avanços e fragilidades na gestão pública e no desenvolvimento regional. O estudo serve como diagnóstico e guia para líderes públicos e, também, como referência para decisões de investimento privado.

No caso dos municípios, organiza 65 indicadores em três dimensões: ‘Instituições’, ‘Sociedade’ e ‘Economia’, subdivididas em 13 pilares. A dimensão ‘Sociedade’ concentra o maior peso (42,4%) e inclui saúde, educação, saneamento, meio ambiente e segurança. A dimensão ‘Instituições’ avalia a gestão fiscal e o funcionamento da máquina pública, enquanto a ‘Economia’ mede a capacidade produtiva e de geração de empregos, destacando inovação e dinamismo econômico como fatores determinantes.

Já no ranking dos estados, o levantamento considera dez pilares temáticos: Infraestrutura, Sustentabilidade Social, Segurança Pública, Educação, Solidez Fiscal, Eficiência da Máquina Pública, Capital Humano, Sustentabilidade Ambiental, Potencial de Mercado e Inovação. Entre eles, a Segurança Pública tem maior peso no índice (12,6%), enquanto a infraestrutura e a educação aparecem como desafios centrais para o crescimento.

No conjunto, o estudo revela como fatores institucionais, sociais e econômicos se entrelaçam para definir o nível de competitividade e desenvolvimento de cada localidade no país.