Correio de Carajás

Marabá: Câmara abre os trabalhos e prefeito, ausente, toma chamada até dos aliados

Vereadora Vanda Américo fez discurso duro sobre postura do prefeito

A nova Legislatura da Câmara de Marabá teve a sua primeira sessão ordinária na manhã desta terça-feira (18/2), em plenário, ocasião marcada pelo discurso de todos os membros da Casa, presença de autoridades, mas também pela ausência do prefeito Toni Cunha (PL). De outro lado, após fazer acusação em vídeo em uma rede social, alegando estar sendo assediado por vereadores em troca de espaço no governo, e sem expor nomes e provas, Toni foi citado com firmeza pelos membros do Legislativo, cobrado por seus atos e palavras. Além disso, sequer os vereadores da base governista tentaram defendê-lo e também fizeram cobranças a ele.

É tradição que na abertura do ano legislativo o chefe do poder Executivo compareça à Câmara Municipal para fazer a leitura de uma mensagem oficial à Câmara, documento que pode, inclusive, conter as metas e prioridades do governo, servindo de chamamento aos vereadores para que dividam a responsabilidade com o gestor.

Toni não enviou tal mensagem, ficando o governo representado pelo vice-prefeito João Tatagiba, em fala improvisada e visivelmente constrangida. Também pela Prefeitura, estavam presentes o chefe de Gabinete, Marcone Leite e o secretário de Planejamento Karam el Hajjar. A justificativa oficial para a ausência do prefeito seria uma viagem a Carajás para encontro com o presidente da Vale.

Leia mais:

Mas nos bastidores, ficou claro para os vereadores que Toni desprezou a importância da sessão, como manifestamente tem tentado diminuir a importância do Legislativo, por meio de suas declarações via redes sociais.

Plenário esteve lotado e contou com autoridades convidadas

VEREADORES

Uma das falas mais firmes contra o comportamento do prefeito foi da vereadora mais antiga na Casa, Vanda Américo, a qual destacou que os problemas já escancarados no atual governo municipal, deixam claro que o prefeito não usou o período de transição para se antecipar às dificuldades e preparar a Prefeitura.

Segundo ela, o gestor tem gasto muito tempo com redes sociais e menos com a gestão do Município. Que além disso, vem tentando intimidar a classe política e seus eventuais críticos.

“Nós estamos abertos a dialogar, a conversar. Vamos divergir no campo das ideias. Tirar a arma da cintura. Ontem mesmo ele colocou uma postagem falando que tinha uma (arma) nove milímetros na cintura. Que necessidade tem um prefeito de fazer um comentário infeliz desses?!”, questionou a vereadora.

Ela também citou o que chamou de má vontade do prefeito em ajudar com que o Águia pudesse receber o seu jogo pela Copa do Brasil, evento da CBF, em Marabá. Na visão de Vanda, tal evento esportivo traria turistas à cidade, visibilidade e uma série de outros retornos, ao custo de adequações simples e custos módicos para a Prefeitura adequar o novo estádio às exigências.

A vereadora rememorou que o prefeito ainda foi desmentido publicamente pelo Corpo de Bombeiros, quando alegou que o estádio estava interditado pelo órgão, o que de fato nunca aconteceu.

“Foi de uma maldade tão perversa, coisa de político pequeno e despreparado”, classificou Vanda, mencionando novamente o prefeito.

PRESIDENTE

Outra fala firme durante a sessão, e de reação ao tratamento que o prefeito vem dando ao Poder Legislativo, foi da parte do próprio presidente da Casa, Ilker Moraes (MDB), em apertes aos discursos de Jimmyson Pacheco (PL) e Vanda Américo (União Brasil).

“Ele precisa nos respeitar, respeitar as mulheres desta Casa, respeitar todos os vereadores, a Presidência. Inclusive ele assediou vereadores desta Casa na eleição da Mesa Diretora. Nós temos prova disso e estamos estudando as medidas cabíveis para puni-lo”, avisou Ilker, destacando que Toni vem fazendo um discurso para um determinado público das redes sociais, mas que não representa o universo do povo marabaense e suas verdadeiras mazelas.

Ilker Moraes disse que não aceitará afronta à Câmara Municipal

Ilker Moraes também aludiu que o prefeito não está dando conta do peso e da responsabilidade de gestor público, destacando que o mesmo, caso não tenha condições para encarar o compromisso assumido, pode renunciar ao mandato.

“O problema é que ele decidiu comprar carro blindado. E ele precisa comprar é maca, medicamento. Ele precisa entender que a sociedade de Marabá não aceita essa postura. Não é tentando atingir vereador sem citar nome, que ele vai resolver os problemas de Marabá. E ele precisa vestir calça e virar homem, ser político de verdade. Então a resposta deste parlamento é técnica, nós não estamos aqui de brincadeira. Nós não aceitamos oba-oba e falácia. Estamos aqui para trabalhar. Se ele tá achando que não dá conta, ele que renuncie”, bradou.

ALIADOS

O tom das falas dos vereadores da base aliada passou longe da defesa das atitudes do prefeito. Ao contrário. Jimmyson Pacheco (PL) e Dato do Ônibus (União Brasil) foram dois dos que cobraram que o prefeito Toni Cunha revele publicamente os nomes dos vereadores que o teriam assediado por troca de favores, sob pena de colocar a todos os 21 edis sob suspeita.

Pacheco disse que após a fala de Toni acusando assédio por vereadores, recebeu várias mensagens e telefonemas de pessoas perguntando se era ele a pessoa envolvida na situação. “A sociedade precisa conhecer quem de fato são esses dois ou três vereadores mencionados e, lógico, em cima de provas”.

Jimmyson Pacheco, vereador aliado ao prefeito, fez questionamentos ao gestor

Sobre a transferência de responsabilidades, Pacheco declarou: “Eu sempre deixei claro, inclusive para o prefeito Toni. Se o problema era da gestão anterior, se nós não corrigirmos os problemas, eles deixam de ser da gestão anterior e passam a ser nossos”.

Dato do Ônibus também disse ter sido abordado por pessoas em questionamento sobre o seu envolvimento no que disse o prefeito, uma vez que é dono de veículos. “Na fala dele (Toni), citou que esse suposto vereador tentou negociar a contratação de ônibus e isso pegou mal pra mim. Eu sou da base (aliada). Quando ele citou ônibus, o meu celular pesou no bolso. É importante que o prefeito ao falar algo, cite os nomes ou não fale”, declarou Dato.

(Da Redação)