Correio de Carajás

Marabá: a cidade que não para de crescer, mesmo em tempos de crise

Olhe para todos os lados. Como por um Raio-X da história, é possível vislumbrar uma cidade eclética, não apenas pela miscigenação. Tem quatro núcleos urbanos praticamente independentes e novos bairros surgem “do nada”, seja por ocupação desordenada, por um loteamento ou condomínio fechado.

Pelas particularidades da formação e do crescimento da cidade, muitos dos objetos, personagens e histórias de Marabá se significam a partir de mais de várias perspectivas – ou de todas elas ao mesmo tempo.

Nos últimos 107 anos, nenhuma outra cidade do Pará cresceu de forma tão extraordinária quanto Marabá. Os ciclos econômicos iniciados pelo extrativismo deram o ritmo desse crescimento, que se tornou mais pujante na era da industrialização.

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Na longínqua data de 1913, quando Marabá foi transformada em município, apenas as balsas de buriti abasteciam o incipiente comércio local, bem diferente dos mais variados meios de transporte de que dispomos hoje, com rodovias, estrada de ferro, as diversificadas rotas de aeronaves e uma hidrovia navegável o ano inteiro que se avizinha.

Cresceu, tem mais de 60 bairros, uma população pujante de 280 mil habitantes e vê sua filha e vizinha, Parauapebas, crescer em ritmo acelerado. Mas há uma diferença crucial: são os modais de transporte. Isso faz de Marabá uma cidade inigualável na região sul/sudeste do Pará.

A economia industrial do município também conta com a mineração de ouro, cobre e manganês e outros minerais, com destaque para a mineração do cobre, que está concentrada principalmente no Complexo Mineral do Salobo (uma extensão da Serra dos Carajás), com capacidade nominal estimada de 200 mil toneladas anuais, sendo o mais importante gerador de royalties para o município, e; a Mina da Buritirama, na serra homônima, onde há a extração de manganês.

Diferente de Parauapebas e Canaã dos Carajás, Marabá não é refém da mineração. O valor que recebe de royalties não chega a R$ 10 milhões por mês, enquanto Parauapebas chega a R$ 50 milhões. Também precisamos fazer um parêntese para falar da Sinobras, a maior empresa privada do município, que gera alto valor em ICMS, além de mais de mil postos de trabalho.

A economia daqui é bastante diversificada, com o agronegócio, serviços públicos municipais, estaduais e federais que movimentam o comércio com mais de R$ 70 milhões em salários.

Qual o recorte exato para uma cidade tão plural, que finca um pé na industrialização e coloca o outro na agricultura familiar e na pecuária?

Uma primeira Marabá que se descortina e que vai se entrelaçar com as outras inúmeras Marabás que nasce a cada dia. Propomos um olhar mais detido para a cidade e suas inúmeras possibilidades e (re)descobertas, mesmo que seja numa contemplação do pôr do sol na Orla, que nunca é igual ao dia anterior. (Ulisses Pompeu)