A memória de um povo é registrada e preservada através de suas tradições, arte, culinária, crenças, costumes e conhecimentos. Ou, para resumir, por meio de sua cultura.
E em 2024 o cenário cultural fervilhou com suas cores, palavras, devoções e inspirações.
Em meados de maio a Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) incorporou em seu Arquivo Histórico o acervo do Correio do Tocantins (precursor deste). O jornal carrega e documenta um legado cultural importante para a cidade, preservá-lo é sinônimo de salvaguardar a própria memória marabaense.
Leia mais:No mesmo ano que a FCCM completou seus 40 anos, a entidade, juntamente com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), lançou um importante edital que distribuiu R$ 730 mil para que “fazedores” de cultura pudessem desaguar seus talentos por essas margens.
O Festejo Junino, a Festa do Divino Espírito Santo e o Círio de Nazaré – grandiosos e tradicionais eventos culturais da cidade banhada por dois rios -, aqueceram corações e almas ao longo das exuberantes programações. Com o festejo o marabaense bailou com saias de renda e chapéu de palha, reviveu a Serra Pelada e conheceu o Çairé de Santarém. O vermelho vibrante da devoção ao Divino coloriu o Itacaiunas e o Tocantins em uma romaria de tirar o fôlego. Nazinha, por sua vez, inspirou atos de fé e esperança em diversas ruas da cidade, até mesmo entre aqueles que não tem o catolicismo como religião.
Com o Verão Retrô, Festival de Verão e o Orla Folia, a cidade acolheu músicos como Wanderley Andrade, e dançou madrugada adentro nos meses de julho e agosto com muito pagode, brega, eletrônica e discoteca.
Neste ano a culinária marabaense recebeu um tempero a mais com o lançamento do projeto “Panela Histórica: memória gastronômica da Cidade de Marabá”, mesclando livro e filme em uma celebração às raízes de um povo.
Pelas palavras de Airton Souza o sudeste paraense alcançou voo e se espalhou pelos diversos cantos do Brasil. Com o livro “Outono de Carne Estranha” ele visitou feiras de exposições e chegou à final de grandes prêmios, como o internacional “Prêmio Oceanos”.
Já perto de findar o ano, a terra de Francisco Coelho foi palco do espetáculo de rua “Mambembes”, estrelado por grandes nomes da teledramaturgia global (Paulo Betti, Dêborah Evelyn, Cláudia Abreu e Júlia Lemmertz). Os atores estiveram a céu aberto montado na Praça São Félix de Valois e encantaram centenas de marabaenses.
Quem também foi lembrado foi Ademir Braz, com o lançamento do documentário póstumo em homenagem ao “Pagão”, que foi muito mais que jornalista, mas um poeta e escritor que fazia amor com Marabá através de suas palavras.
Já no último ato, com as cortinas quase se fechando, a cidade foi presenteada com o Teatro Municipal e o Centro Cultural. Com os novos dispositivos, uma nova era cultural é aberta em Marabá.
Em uma sociedade democrática, manifestações artísticas e culturais são cruciais para reafirmar a identidade de um povo, aguçar seu senso crítico, fomentar a valorização local e o desenvolvimento da região e Marabá é uma fonte importante, onde se transbordam manifestações e expressões culturais.
(Luciana Araújo)