Correio de Carajás

Mandado de prisão é expedido e Noé é procurado por estupro de vulnerável

Noé von Atzingen foi condenado em regime semiaberto, mas sumir da cidade ensejou pedido de prisão pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Marabá

Um mandado de prisão preventiva, decorrente de decisão condenatória, foi expedido em desfavor de Noé Carlos Barbosa von Atzingen, 72 anos, figura marcante na história de Marabá. Em maio de 2017, Noé foi sentenciado a oitos anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de estupro de vulnerável. Contudo, desde meados de 2016 ele não é visto em terras marabaenses.

O mandado data de 31 de julho de 2022 (cinco anos após a sentença condenatória) e além de determinar a prisão do condenado, pede a suspensão de seus direitos políticos (conforme artigo 15, III, da Constituição Federal).

O CRIME

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Os autos da sentença narram que em 26 de abril de 2015, Noé praticou ato libidinoso diverso da conjunção carnal contra um menor de apenas 12 anos de idade. O jovem realizava uma caminhada entre o Núcleo Morada Nova e um banho na Vila Murumuru, quando foi abordado por Atzingen, que estava em um carro e lhe ofereceu carona.

A pedido de Noé, o menino sentou no banco do carona. O documento descreve que os abusos sofridos pela vítima começaram nesse momento, quando o acusado o tocou intimamente. A criança é levada até a “Reserva Ambiental Murumuru”, residência de Atzingen, e conduzida ao seu quarto onde, segundo consta no inquérito policial, o ato libidinoso foi praticado.

Após o ocorrido, Noé levou o menino para o banho na Ponte Murumuru, onde a irmã e amigos da vítima o esperavam. Uma nota de R$ 20 foi dada ao garoto e uma ameaça foi feita, para que ele não contasse a ninguém sobre o acontecido; do contrário, “a coisa ficaria ruim”. Apesar disso o menino acabou revelando para a irmã sobre o abuso que viveu.

Embora o acusado tenha alegado inocência, os depoimentos da vítima e de duas testemunhas (a irmã e um policial militar que atendeu o menino e a família no dia do ocorrido) foram cruciais para a condenação. Na audiência, o jovem narrou com clareza e pormenores o que viveu, confirmando as afirmações dadas na fase policial, além de descrever com detalhes a casa do acusado.

Em 15 de maio de 2017, o juiz Marcelo Andrei Simão Santos proferiu a sentença que condenou Noé von Atzingen a oito anos de reclusão, que deveria ser cumprida em regime semiaberto. Todavia, o magistrado considerou que o réu compareceu a todas as audiências e permitiu que ele recorresse da sentença em liberdade.

Menos de um mês depois, em 1º de junho de 2017, um oficial de justiça esteve na residência de Noé para entregar a intimação de sentença, mas ele já não estava mais lá. Um caseiro informou que o sentenciado estava há um ano sem aparecer na propriedade e que ele (caseiro) foi contratado por terceiros. Poucos dias depois disso, uma apelação foi impetrada junto ao Tribunal de Justiça do Estado.

QUEM É NOÉ VON ATZINGEN

Nascido em Rio Claro, interior de São Paulo, em 11 de setembro de 1950, ele estudou Biologia na maior instituição superior do país, a Universidade de São Paulo (USP). Em 1975 veio para a região vinculado ao Projeto Rondon, uma iniciativa do governo federal e que se tornou um embrião do que hoje é a Unifesspa. Aqui, pesquisou vetores da Doença de Chagas na circunvizinhança.

Noé também é um dos mentores da Fundação Casa da Cultura, a qual dirigiu por mais de 30 anos. Ele também e criou a Associação Marabaense de Proteção à Natureza (AMBM), dentre tantos outros feitos que o tornaram figura pública de destaque pela defesa do meio ambiente, resgate e preservação da história de Marabá. (Luciana Araújo)