A transferência de 63 famílias que ocupam uma área chamada de cone de proteção aeroportuária, no Bairro da Infraero, em Marabá, para lotes ocupados e nunca habitados naquele mesmo bairro, está rendendo ameaças de morte. O alvo das ameaças é o titular da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU), Mancipor Oliveira Lopes. Ele confirmou ter sido alertado por alguém próximo que teve contato com os autores da ameaça. Essa pessoa tem o nome mantido em sigilo.
Segundo Mancipor, pessoas dessa área da ocupação pensam que essa realocação tem o objetivo de comercializar lotes na área e inclusive ele já teria sido beneficiado por lotes. “Disseram que se isso, de fato, acontecesse, a realocação das pessoas para os lotes vazios, eles iriam me matar e iriam matar também as pessoas que nós colocássemos nos lotes”, afirma.
O superintendente de Desenvolvimento Urbano afirma que tão logo ficou sabendo das denúncias tomou as primeiras providências. “Eu comuniquei à Polícia Federal e ao juízo sobre o ocorrido. Foi inclusive o que motivou o deslocamento de um contingente maior de policiais. Nós temos lá nessa operação cerca de 25 policiais, da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Tático da Polícia Militar”, relata.
Leia mais:Perguntado se as ameaças o intimidam, Mancipor Lopes foi bem enfático: “Se a gente for baixar a guarda ou recuar diante desse tipo de ameaça, fica complicado, aí o poder público, independentemente do nível, municipal, estadual e federal, fica de pés e mãos atados”.
Ainda de acordo com ele, o momento é crucial, pois, ou se resolve a questão da realocação das pessoas que estão dentro da área de proteção do cone aeroportuário ou então o aeroporto de Marabá pode ter suas atividades paralisadas.
“A gente entende a necessidade da moradia e a gente entende também que o aeroporto é importante, porque esse aeroporto é referência inclusive para investimentos em Marabá, para gerar emprego e renda até para essas pessoas que estão ocupando lá”, explica.
Mancipor observa também que é importante deixar claro para os moradores da área em litígio que a SDU e o município não têm parte no processo, nem como autor nem como réu. A SDU está funcionando como órgão auxiliar da Justiça Federal, para identificação de área, georreferenciamento, topografia e realização de cadastro social.
“Fomos chamados pro processo como órgão auxiliar do juízo; as partes envolvidas são a Infraero, os ocupantes e o Juízo. Essa que é a situação, só que, como a cara que aparece é a nossa, quem acaba sendo vinculado como o mal da história somos nós”, observa o titular da SDU.
(Chagas Filho)