O Brasil recebeu cerca de 80 mil novos pedidos de refúgio em 2018 –mais que o dobro dos 33,8 mil requerimentos de 2017. O aumento colocou o país como o sexto que mais recebeu solicitações do tipo no último ano.
Os dados são de um estudo apresentado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur) nesta quarta-feira (19) sobre pessoas forçadas a deixar suas regiões de origem por motivos de guerra, perseguição, violência e violação aos direitos humanos.
No total, cerca de 70,8 milhões se enquadraram nessa condição no ano passado. É o maior número já registrado, desde a criação da Acnur, em 1950. Em 20 anos, a quantidade de deslocados dobrou.
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A crise na Venezuela, segundo o Acnur, impulsionou os números brasileiros: mais de 75% dos requerimentos de refúgio ao Brasil foram feitos por venezuelanos. Em segundo lugar, houve cerca de 7 mil solicitações de cidadãos do Haiti às autoridades brasileiras.
Além do Brasil, o Peru também registrou um salto no número de solicitações de refúgio e, em 2018, foi o segundo país com mais casos em análise, atrás somente dos Estados Unidos.
Autoridades peruanas receberam cerca de 192,5 mil pedidos em 2018, mais de cinco vezes os 37,8 mil requerimentos apresentados em 2017. Nem todas as solicitações são de venezuelanos, mas a própria agência da ONU credita o aumento à crise na Venezuela.
Considerando os requerimentos em todo o mundo, os venezuelanos, inclusive, foram os que mais pediram refúgio em 2018, com 341,8 mil pedidos. É bem mais do que os afegãos, que aparecem em segundo lugar com 107,5 solicitações.
O Acnur alerta que as estimativas sobre a Venezuela ainda são conservadoras. Afinal, de acordo com um comunicado da agência, cerca de meio milhão decidiu formalizar um pedido de refúgio – número que contrasta com os cerca de 4 milhões de venezuelanos que saíram do país desde 2015.
Houve 37 mil deslocamentos por dia em 2018
Nem todas as pessoas deslocadas são consideradas refugiadas. A maioria da população forçada a deixar as regiões de origem pelos motivos citados pelo Acnur se manteve dentro do mesmo país.