Correio de Carajás

Mais de 500 empresas fecham em Marabá em apenas 3 meses

Município registrou 211 empresas fechadas em outubro de 2025, número superior ao de setembro (176) e agosto (180)

Marabá registrou 211 empresas fechadas apenas no mês de outubro, número superior ao de setembro e agosto

A economia de Marabá aponta para um cenário, no mínimo, preocupante. De acordo com dados do Mapa de Empresas, elaborado pelo Governo Federal, o município registrou 211 empresas fechadas em outubro de 2025, número superior ao de setembro (176) e agosto (180). Em julho, 237 empresas encerraram as atividades em Marabá, representando o maior número contabilizado até então.

No mesmo período, foram abertas 422 novas empresas, número inferior ao registrado em setembro (467), agosto (480) e julho (449). Os dados confirmam a tendência de desaceleração da economia local e revelam um panorama que exige atenção e cautela, especialmente quando comparado ao primeiro semestre de 2025. Atualmente, Marabá conta com 22.958 empresas ativas.

O desempenho do município também é confirmado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que apontam queda no saldo de empregos formais durante o mês de setembro, reforçando o ritmo mais lento da atividade econômica local.

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O que chama atenção é que uma cidade do porte e da importância de Marabá vem enfrentando dificuldades para estabilizar sua economia. Enquanto outros municípios da região, como Parauapebas e Canaã dos Carajás, registraram resultados positivos, tanto no número de novos empreendimentos quanto na geração de empregos, Marabá apresenta um desempenho econômico abaixo do esperado, distante do potencial de investimento pelo qual o município é conhecido.

Quais fatores explicam o desaquecimento?

Economistas e analistas locais apontam que o enfraquecimento do setor produtivo em Marabá é resultado de múltiplos fatores — alguns estruturais, outros conjunturais.

  1. Dependência de grandes empreendimentos e retração do setor industrial

A economia marabaense, historicamente vinculada ao setor mineral e à cadeia do ferro-gusa, sofre os reflexos da instabilidade de grandes empresas e oscilações no mercado do minério. Quando o setor reduz produção ou posterga investimentos, o impacto se estende a todo o comércio e aos serviços.

  1. Carga tributária e burocracia municipal

Empresários têm relatado dificuldades para abrir e manter negócios formais, especialmente pequenas e médias empresas. A burocracia, aliada à carga tributária elevada, ainda figura como entrave. Há também queixas sobre a demora na concessão de licenças e alvarás, o que afeta o ambiente de competitividade em relação a municípios vizinhos.

  1. Consumo em queda e endividamento das famílias

Com o aumento do custo de vida e o endividamento das famílias, o consumo interno tem perdido força, reduzindo o faturamento de comércios locais. O cenário se agrava com a informalidade crescente, que reduz a circulação de tributos e compromete a arrecadação municipal.

  1. Falta de políticas de incentivo e inovação

Enquanto cidades próximas, como Parauapebas e Canaã dos Carajás, investem em programas de incubação de startups, desburocratização e parcerias com o setor privado, Marabá ainda carece de políticas municipais robustas para atrair novos empreendimentos e diversificar sua base econômica.

Marabá em comparação com a região

O contraste é evidente. Parauapebas e Canaã dos Carajás, impulsionadas pela mineração e pela chegada de novos investimentos privados, registraram crescimento na abertura de empresas e aumento no saldo de empregos.
Já Marabá, que possui localização estratégica e estrutura logística privilegiada, segue com baixo aproveitamento do seu potencial industrial e comercial, dependente de ciclos de obras e de repasses públicos.

A falta de políticas de integração econômica entre os municípios também é um obstáculo. Especialistas defendem a criação de consórcios regionais para fortalecer cadeias produtivas locais e reduzir a dependência dos grandes empreendimentos.