Foguetes foram disparados por militantes palestinos contra Jerusalém na manhã deste domingo, 7, depois de ataques aéreos israelenses durante a noite terem matado o segundo líder da Jihad Islâmica, Khaled Mansour, no sul da Faixa de Gaza. Segundo autoridades israelenses, o militante, que sobreviveu a pelo menos outros cinco atentados, foi responsável por dezenas de ataques terroristas contra israelenses.
A morte de Mansour segue um ataque aéreo semelhante contra Tayseer Jabari, chefe de operações da Jihad Islâmica no norte da Faixa de Gaza, na última sexta-feira, 5. Desde então, o grupo islâmico disparou quase 700 foguetes contra cidades israelenses, incluindo a capital financeira israelense Tel Aviv e dezenas de cidades do sul ao redor da Faixa de Gaza. Jerusalém foi alvo de foguetes da Jihad Islâmica neste domingo pela primeira vez desde o início da operação militar.
Pelo menos 31 pessoas foram mortas até agora em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde local, e 275 ficaram feridas. Seis crianças estavam entre os mortos, disse o ministério no domingo.
Leia mais:A maioria dos foguetes lançados pelos militantes palestinos nos últimos dois dias foi ineficaz, com a grande maioria interceptada pelo sistema de defesa israelense conhecido como Domo de Ferro (Iron Dome, em inglês) ou caindo em áreas abertas, segundo os militares israelenses. Os militantes palestinos dispararam cerca de 700 foguetes contra Israel, o que causou pânico generalizado, paralisou a vida cotidiana nas áreas de fronteira e enviou centenas de milhares de moradores para abrigos antiaéreos.
A nova escalada de violência deixou o pequeno território de 362 km² e seus 2,3 milhões de habitantes sem a sua única central de energia elétrica, que teve que interromper as atividades por falta de combustível, provocada pelo bloqueio das entradas desde terça-feira.
Mesmo com os contínuos ataques da Jihad Islâmica Palestina contra o território israelense, as discussões sobre um cessar-fogo entre Israel e Palestina lideradas por uma delegação egípcia de mediadores avançam. Segundo o New York Times, três oficiais especialistas em negociações afirmaram que as hostilidades devem ter fim até esta segunda-feira, 8.
Autoridades israelenses sinalizaram aos mediadores que estão prontos para encerrar seus ataques aéreos depois de alcançar objetivos militares importantes, incluindo a morte dos dois líderes militares da Jihad Islâmica. Alguns dos líderes restantes da Jihad Islâmica também sentem que têm pouco a ganhar com mais combates.
O principal obstáculo para um cessar-fogo no momento é um desacordo dentro da liderança da Jihad Islâmica. Segundo um dos diplomatas envolvidos nas negociações, alguns radicais querem que o grupo continue lutando por mais alguns dias para causar mais danos a Israel e talvez atrair o Hamas, maior grupo militante islâmico que domina Gaza, que, até o momento, se manteve fora dos combates, um fator que pode limitar o alcance e a duração do conflito.
A última grande onda de violência em Gaza foi iniciada em maio de 2021, depois de o Hamas disparar diversos foguetes em direção a Jerusalém. Os conflitos se estenderam por 11 dias e terminou com as mortes de 260 pessoas do lado palestino e 14 em Israel.
O grupo, que assumiu o controle da Faixa em 2007, costuma entrar em combates contra Israel, mas reluta em participar das agressões atuais. O Hamas ainda está reconstruindo seu arsenal e infraestrutura militar após uma grande guerra no ano passado, e não quer colocar em risco as várias concessões econômicas que Israel fez a Gaza posteriormente. No entanto, quanto mais os combates atuais continuarem, maior será a pressão sobre o Hamas para oferecer apoio militar à Jihad Islâmica – uma decisão que prolongaria a duração e a intensidade do conflito.
Como vizinho ao sul de Gaza e Israel, o Egito tem interesse estratégico em restaurar a paz no território. O país emergiu como um intermediário importante entre israelenses e palestinos e foi o primeiro país árabe a selar um acordo de paz com Israel e como uma importante porta de entrada para o comércio e as viagens palestinas./AFP, NYT e W.POST (Estadão)