A situação das cirurgias eletivas em Marabá vem de forma rápida piorando. A procura e a denúncia por parte da população, pela falta de oferta do serviço, cresce na mesma proporção do problema.
Diante disso, vereadores e a direção do Hospital Santa Terezinha se reuniram, na manhã desta sexta-feira (23), para procurar uma saída, para que a população volte a ser atendida e diminua a fila de espera, que hoje chega a mais de 6 mil casos aguardando uma cirurgia.
A advogada Giuliane Medalhão, que representa o grupo dono do hospital, disse que tem observado a situação de saúde de Marabá e pensou em realizar um programa para realização de cirurgias eletivas, a preço tabelado do SUS, para atender a população que mais necessita do serviço e está à espera.
Leia mais:A empresária e advogada detalhou que o programa teria o nome de “Adote uma Cirurgia” e seria uma parceria do hospital, poder púbico e setor privado, que é como se fosse uma ação social, uma empresa ou uma pessoa física mesmo, poderia patrocinar a cirurgia de uma pessoa. Com isso, ajudaria a diminuir a fila de cirurgias eletivas.
Giuliane informou que não viu grande entusiasmo da gestão municipal em firmar acordo com o hospital para a realização das cirurgias e nem de abraçar o projeto. Mas que com união é possível que as longas filas de espera por intervenções eletivas possam diminuir.
“O tempo vai passando e a situação vai piorando. É um projeto interessante e que é preciso união do poder público e o setor privado. Se você pegar as pessoas que estão precisando de cirurgia, a fila é muito grande. Pela demora, estão ficando impossibilitadas de trabalhar. Tentar de alguma forma trazer este empresário para participar do projeto”, explica.
Ainda de acordo com ela, o problema desencadeia várias outras questões na cidade. Desse modo, com o “Adote uma Cirurgia”, é possível amenizar a situação. “O hospital irá executar as cirurgias com valores do SUS e convidar empresários e a classe política para abraçar o projeto”, argumenta.
Fernando Marculino Guimarães Júnior, administrador do Hospital Santa Terezinha, lembrou que a casa de saúde tem 40 anos na cidade. E que começaram uma parceria com o SUS em 2017. Ele detalhou que em 2023 o hospital chegou a realizar 2 mil cirurgias, das quais, 1.600 foram só do SUS. Já em 2024, este número chegou a 1.300 intervenções.
Fernando ainda explicou que o Santa Terezinha realizava em média 40 cirurgias por semana, mas que o contrato com o Executivo não foi continuado após findar. “Em termos de valores, nosso contrato era em torno de R$ 4 milhões nos últimos 2 anos. Fazendo uma conta de padeiro, o ticket médio de uma cirurgia é em torno de R$ 2 mil. Há 7 anos estes contratos não tiveram reajustes nas cirurgias. Hoje é preciso reajustar este valor”.
Por fim, o administrador do hospital salientou e respondeu aos vereadores que o espaço está aberto para atender a população de Marabá. E que estão dispostos a ajudar nas questões das cirurgias eletivas, seja renovando o contrato com a prefeitura, seja através do projeto Adote uma Cirurgia.
O presidente da Câmara, vereador Ilker Moraes, disse que a suspensão do serviço das eletivas no Santa Terezinha teve um impacto muito negativo na saúde do município e que é preciso que a prefeitura reveja urgentemente a situação, porque quem sofre é a população que necessita.
O vereador Márcio do São Félix também criticou e a falta de sensibilidade do poder público. Para ele, não é possível mensurar vidas com custo. “Agora, se mensura que salvar vidas tem um alto custo. Antes Marabá era bilionária. É preciso chamar o Ministério Público para participar desta ação. O secretário veio aqui e disse que resolveria a questão das cirurgias eletivas e estão empurrando com a barriga. É preciso cobrar do secretário o porquê de não avançar na questão da saúde”. Por fim, o vereador falou que só com o valor do carro blindado já era possível realizar diversas cirurgias de urgência e emergência.
Vanda Américo disse que esteve no Ministério Público e que a preocupação com a situação só aumentou. “Nós falamos com o MP para que cobre as cirurgias. O município está fazendo 4 cirurgias eletivas por semana. Existem mais de mil mulheres aguardando cirurgias ginecológicas. E outras 5 mil esperando eletivas diversas”.
Os demais vereadores se posicionaram para que a gestão volte a trabalhar junto ao hospital visto que a fila para cirurgias eletivas quase dobrou em cinco meses mandato.
(Fonte: Câmara Municipal de Marabá)