Correio de Carajás

‘Maio Vermelho’: Casos de câncer de boca crescem 22% no Pará

Campanha do Hospital Ophir Loyola busca conscientização sobre o câncer da cavidade oral, que pode ser causado pelo tabagismo.

Pará tem aumento de casos de câncer na boca. — Foto: Pedro Santana/EPTV

O Pará teve aumento de 22% de novos casos de câncer bucal em 2023 em relação ao ano de 2019, segundo dados do Hospital Ophir Loyola (HOL), unidade de saúde referência para tratamento dos casos no Pará.

Neste mês, a campanha “Maio Vermelho” de conscientização sobre a doença causada pelo fumo é promovida, regionalmente, pelo hospital.

Os dados do Inca estimavam 260 novos casos no Pará, sendo 170 em homens e 90 em mulheres, em 2023. Este ano, o hospital já registrou 273 pacientes até o mês de abril.

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O “Maio Vermelho” faz referência ao 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, para alertar sobre o tabagismo estar entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer, que acomete lábios, gengiva, bochechas, palato, língua e assoalho da boca (região embaixo da língua).

Apesar de pouco conhecida, a neoplasia maligna ocupa a oitava posição entre os principais tipos de cânceres que acometem os brasileiros.

O Inca, órgão auxiliar do Ministério da Saúde, aponta que homens tabagistas, com idade acima dos 40 anos e de baixa renda, são os indivíduos mais acometidos pela doença. A maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados.

Fatores de risco e prevenção

 

Estima-se que fumantes de cigarros, charutos, cachimbos e derivados do tabaco têm cinco vezes mais chances de desenvolver tumores na cavidade oral.

“A prevenção ocorre com a eliminação do fumo e do consumo de álcool, além da manutenção de uma alimentação saudável, rica em frutas e vegetais. Também é indicada a aplicação de protetor solar nos lábios, bem como o uso de preservativos durante a relação sexual oral, a fim de evitar a infecção pelo Papilomavírus (HPV)”, orienta a coordenadora da Divisão de Odontologia do HOL, Gyselle Oliveira.

 

Os profissionais da agricultura e criação de animais, indústria têxtil, construção civil, metalúrgica, oficina mecânica, mineração de carvão, cabelereiros, carpinteiros, pintores, mineiros, açougueiros, entre outros tipos de trabalhadores apresentam risco aumentado de desenvolver a doença, segundo o Ministério da Saúde.

As manchas e as lesões esbranquiçadas semelhantes a aftas e que não cicatrizam devem ser examinadas.

“Por serem assintomáticas nos estágios iniciais, as lesões do câncer de boca merecem atenção. O autoexame, o rastreamento e a detecção precoce feito por um especialista são fundamentais para que ocorra o diagnóstico precoce, favorecendo o tratamento e aumentando as possibilidades de cura. Em contrapartida, quando não tratadas, as lesões evoluem para úlceras e nódulos”, ressalta a especialista do HOL.

 

Ela explica ainda que “qualquer lesão persistente por mais de 15 dias deve ser investigada por um especialista, que avaliará o volume, o contorno e as alterações teciduais”.

Pacientes com câncer de boca também podem apresentar rouquidão persistente e dificuldades na fala, mastigação e deglutição. “A investigação continua com a biópsia e, caso o diagnóstico aponte câncer, o paciente é encaminhado pelo sistema de regulação para dar início ao tratamento adequado. O acompanhamento de rotina é realizado pelo oncologista e por um odontologista.”

Alterações nos lábios são fáceis de notar, mas é necessário atentar para a cavidade interna da boca, como embaixo da língua, onde não se costuma ter uma visibilidade tão boa.

“O autoexame é recomendado para observar se há algo incomum ou se há algo machucado. Alguns sinais que seriam observados por um especialista podem passar despercebidos aos olhos de uma pessoa comum”, disse.

 

Casos suspeitos devem ser identificados pela equipe da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde (SUS).

O diagnóstico pode ser realizado por cirurgião-dentista capacitado para realização da biópsia, em unidades básicas de saúde e nos centros de especialidades odontológicas.

A frequência ideal para ir ao cirurgião-dentista pode variar de dois em dois meses ou anualmente, a depender dos hábitos de higiene, fatores de riscos ou problemas apresentados por cada paciente.

(Fonte:G1)