Correio de Carajás

Maia diz que saída de Levy e de diretor do BNDES é ‘covardia sem precedentes’

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na manhã desta segunda-feira (17) que a saída de Joaquim Levy da presidência do BNDES e do advogado Marcos Barbosa Pinto da diretoria de Mercado de Capitais do banco é “uma covardia sem precedentes”.

Levy pediu demissão neste domingo (16), um dia após o presidente Jair Bolsonaro ter dito em entrevista coletiva que ele estava com a “cabeça a prêmio”. Bolsonaro cobrava de Levy a demissão de Marcos Pinto, que renunciou no sábado após a fala do presidente.

“Uma pena o Brasil ter perdido dois nomes como os do advogado e do Levy. Acho uma covardia sem precedentes”, disse Maia.

“Levy veio de Washington [onde ocupava cargo de diretor do Banco Mundial] para trabalhar no governo. Está errado [sair assim], não pode tratar as pessoas deste jeito. Se é para demitir, chama e demite. Ninguém é obrigado a ficar com um servidor de confiança se deixou de ser de confiança. Agora, tratar da qualidade dos dois desta forma, eu achei muito ruim”, disse Maia.

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Em evento promovido pela BandNews, Maia afirmou que, com a saída de Levy da presidência do BNDES, cabe ao ministro da Economia, Paulo Guedes, controlar a situação. “Quem tem que segurar firme é quem nomeou, e foi o ministro”, disse Maia.

“Acho que o Guedes errou, mas já está passado, já está decidido. Eu queria que o Marcos Pinto pudesse ser aproveitado em uma área de um debate importante sobre economia com viés social. Ele é um dos melhores do Brasil que entende desta área, é uma pena que foi feito desta forma”, completou o presidente da Câmara.

Ao blog da colunista Andreia Sadi, Maia afirmou ter ficado “perplexo” com o tratamento dado por Paulo Guedes a Joaquim Levy. Segundo integrantes da equipe econômica, o substituto de Levy será indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e deve ser da iniciativa privada.

Bolsonaro, segundo Paulo Guedes, tinha “angústia” por Levy ter escolhido para o banco “nomes ligados ao PT”. Marcos Pinto é respeitado entre economistas e técnicos. Segundo o jornal “Valor Econômico”, ele é mestre em direito pela Universidade de Yale (EUA) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP).

Também em São Paulo, em outro evento, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defendeu a decisão da demissão de Levy como um direito do presidente, Jair Bolsonaro.

“Isso é um direito que o presidente tem, o presidente é quem nomeia. Houve ali uma incompatibilidade ali de gênios, né? Não houve sintonia entre o que desejava o presidente e como trabalhava o de Levy. É uma pessoa que a gente respeitar, tomou uma decisão que a gente respeita e vida que segue”, disse Onyx.

Votação da reforma da Previdência

Maia falou ainda que a reforma da Previdência deverá ser votada na comissão especial da Casa no próximo dia 26. E acrescentou que a crise com Paulo Guedes na sexta-feira, quando o ministro criticou a Câmara por tirar a capitalização da proposta, foi boa porque uniu a Casa, e a proposta deixou de ser a proposta do governo para ser a proposta do Congresso. “Ninguém tem a proposta perfeita.”

(Fonte:G1)