O amor de mãe tem limites, ao que parece. Pelo menos para uma mulher de 75 anos da cidade de Pavia, no norte da Itália, que obteve uma ordem judicial após entrar com uma ação para que seus filhos, de 40 e 42 anos, fossem removidos de sua casa, disse um funcionário do tribunal à CNN na sexta-feira (27).
Os dois filhos, descritos nos autos da mãe como “parasitas”, moravam no apartamento da família sem contribuir financeiramente ou ajudar nas tarefas domésticas, segundo denúncia apresentada pela mulher, que não foi identificada, em um processo judicial no Tribunal distrital de Pavia.
Ambos os homens estão empregados, afirmam os documentos judiciais.
Leia mais:A juíza Simona Caterbi apoiou a mãe aposentada, separada do pai dos homens e cuja pensão era integralmente destinada à alimentação e manutenção do lar, determinando que os dois “bamboccioni”, ou bebês grandes, têm até o dia 18 de dezembro para desocupar o local, de acordo com a decisão do tribunal de terça-feira (24).
Caterbi escreveu: “Não há nenhuma disposição na legislação que atribua ao filho adulto o direito incondicional de permanecer no lar de propriedade exclusiva dos pais, contra sua vontade e apenas em virtude do vínculo familiar”.
Os homens, que contrataram advogados para lutar contra o despejo materno, segundo o jornal local La Provincia Pavese, argumentaram que os pais italianos são obrigados por lei a cuidar dos seus filhos durante o tempo que for necessário.
Citou ainda a lei existente em sua decisão e concordou que “a permanência no imóvel poderia inicialmente ser considerada procedente porque a lei se baseia na obrigação de alimentos que incumbe ao progenitor”.
Decidiu então que “já não parece justificável, considerando que os dois arguidos são sujeitos com mais de 40 anos e, uma vez ultrapassada uma determinada idade, a criança já não pode esperar que os pais continuem a obrigação de alimentos para além de limites que já não são razoáveis”.
Um advogado dos homens disse à mídia local que os homens ainda não haviam decidido se iriam recorrer da decisão do tribunal.
Esta não é a primeira vez que “mammoni”, um termo italiano usado para descrever homens adultos que são demasiado dependentes das suas mães, surge no sistema jurídico.
Em 2020, o Supremo Tribunal de Itália decidiu contra um homem de 35 anos que trabalhava como professor de música a tempo parcial e que ainda esperava apoio financeiro dos seus pais depois de ter argumentado que não conseguia sustentar-se com um salário anual de 20.000 euros (R$ 106.000).
Em média, os italianos deixam a casa dos pais com a idade média de 30 anos, de acordo com dados de 2022 do Eurostat. A Croácia é a mais alta da União Europeia, com uma idade média de 33,4 anos.
Em contrapartida, os descendentes na Finlândia, na Suécia e na Dinamarca começam a vida por conta própria com uma idade média de 21 anos, de acordo com os mesmos dados.
(Minuto Paulista)