Correio de Carajás

Mãe de Dayane, desaparecida há uma semana, sofre drama

Ana Maria Oliveira da Silva relata a agonia de não saber o paradeiro de Dayane do Carmo Silva e Silva

Ana Maria Oliveira da Silva, mãe de Dayane do Carmo Silva e Silva, contou o drama que vive desde o desaparecimento da filha/Foto: Juliano Corrêa

Em 3 de junho, Dayane do Carmo Silva e Silva avisou à mãe, Ana Maria Oliveira da Silva, que sairia para ir a um churrasco de amigos no Bairro Guanabara, em Parauapebas. Até esta quinta-feira (9), não se sabe o paradeiro dela e Ana Maria sofre com a incerteza sobre o estado da filha.

No dia em que Dayane saiu, ela informou à família que iria encontrar Wemesson e Miriam, um casal de amigos. Ana Maria percebeu que havia algo errado ao ver notícias sobre a prisão dos dois, por tráfico de drogas, na noite anterior (quarta-feira, 2). Foi quando a agonia e o medo se instauraram na casa onde moram as duas e os três filhos de Dayane.

Dayane sumiu no dia 3 deste mês
Dayane sumiu no dia 3 deste mês

“Ela disse que ia no churrasco almoçar e não ia demorar, porque precisava ir no supermercado. Eu vi ela atendendo a ligação, dizendo que iria no almoço com Wemesson e Miriam. Me pediu a blusa preta porque estava ‘ficando queimada’ de andar no sol quente, eu disse que tava lavando… então ela saiu”, relata Ana Maria quanto aos momentos antes de ver a filha pela última vez.

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Não demorou muito para que a mãe percebesse que a demora da filha a voltar para casa não era normal, mas ela confiava em Dayane. “Ela é o tipo de filha que diz ‘ó mãe, eu tô aqui, eu não vou demorar’ ou ‘eu vou demorar um pouco’. Então quando ela demorou um pouco eu pensei que poderia ter acontecido um imprevisto, algo com a moto dela. Fiz outras coisas aqui na casa enquanto esperava notícias dela”.

Ao estranhar cada vez mais a demora, Ana Maria mandou mensagens à filha, por volta do meio-dia daquele feriado de Corpus Christi. Depois de lavar roupas, por volta das 13h30, decidiu ligar. Nem mensagens ou ligações foram correspondidas, e quando a dona de casa viu a notícia sobre o casal de amigos preso as incertezas se empilharam.

“Eu tentava me acalmar, pensando que ela estava por aí com os amigos e esqueceu de avisar. Continuava ligando, ligando e ligando, mas sem resposta”, conta Ana Maria, que após 24 horas sem notícias da filha decidiu registrar boletim de ocorrência. Os três filhos de Dayane começaram a notar a ausência da mãe, ao ponto em que a patroa da desaparecida também entrou em contato com Ana Maria, pois havia notado uma rara falta da vendedora.

INTEGRIDADE E RESPEITO

Em nenhum momento Ana Maria levantou a possibilidade da filha estar envolvida com o tráfico de drogas, que levou o casal de amigos dela à cadeia. “Pra mim tudo é estranho, porque eu convivia com ela e nunca tive conhecimento de nada que ela poderia ter feito [relacionado ao tráfico]. Nunca fiquei sabendo de nada que ela já tenha feito de ruim, eu sei das amizades dela”, diz.

Acrescenta que ao ver a reportagem do casal pensou ‘se minha filha estava fazendo algo de errado, ela deveria estar ali no meio’, referindo-se à prisão. “ Ninguém some assim, sem deixar rastro. Passa um milhão de coisas na nossa cabeça quando acontece algo assim, mas eu conheço minha filha. Eu sei que ela é uma adulta e quando ela sai não sei pra onde ela vai, mas isso tudo é muito estranho pra mim”, diz a mãe, defendendo a integridade da filha.

Ana Maria se queixou de comentários maldosos nas redes sociais sobre Dayane e pediu que os responsáveis por tais declarações se coloquem no lugar dela. “É muito fácil ficar do outro lado achando o que você quer, falando o que você quer. Porque todos nós temos boca e temos juízo, é pra pensar aquilo que você quer. Eu não, eu sou mãe, eu convivia. Minha filha não estava fazendo nada [de errado] na minha casa”.

Em um apelo final, Ana Maria pediu que detalhes sobre as investigações do paradeiro da filha fossem passados a ela. A mãe também gostaria de saber de Wemesson e Miriam sobre Dayane, que eles relatassem o que aconteceu e quem ligou para a filha dela naquela manhã do dia 2 de junho. Em busca de respostas, ela finaliza: “Em uma cidade como essa, que ninguém some à luz do dia, tem que ter uma explicação”. (Juliano Corrêa)