Teve fila do lado de fora na hora da reabertura, ao meio-dia, mas a maioria estava atrás dos serviços da Estação Cidadania, órgão que reúne instâncias do governo e emite documentos. Mais tarde, os consumidores foram chegando aos poucos, mas, antes disso, tiveram de passar por inspeção de temperatura na portaria. Esta é a nova realidade dos shoppings de Marabá depois de mais de 90 dias de paralisação. O maior deles, o Pátio Marabá, ainda não teve autorizada a reabertura do parque infantil e da praça de alimentação, por exemplo.
Nesta segunda-feira (22), como parte do plano de retomada gradual das atividades econômicas, a reabertura de grandes centros de compras em Marabá produziu boa expectativa no empresariado. O CORREIO esteve no Shopping Pátio acompanhando essa retomada. A autorização partiu da prefeitura em decreto publicado na última semana e inclui a volta de academias e faculdades.
Fechado há três meses, o Pátio Marabá volta às atividades em horário reduzido — das 12h às 20h — e com ocupação máxima limitada a 40% da sua capacidade total. O uso de máscaras é obrigatório para todos, tanto clientes quanto lojistas e funcionários. Antes de entrar no empreendimento, aliás, o cliente passa por um termômetro digital de testa infravermelho capaz de identificar pessoas com febre, que são preteridas. Aquelas com sintomas gripais também não podem ser admitidas por força do decreto.
Leia mais:O superintendente do shopping, Maurício Taufik, pondera que o Pátio Marabá está funcionando com respeito às medidas de prevenção. “Estamos retornando com praticamente 80% das operações, limitando as de brinquedos, cinemas e alimentação. Nas entradas do shopping, há aferição de temperatura, e o uso de máscara é obrigatório nas nossas dependências, além de higienização com álcool em gel”, argumenta.
Ainda de acordo com Maurício, a expectativa dos lojistas é grande para a evolução do público ao longo dos próximos dias, dentro do permitido. “Eles [comerciantes] estão operando com segurança e respeitando o espaçamento, conforme orientado tanto no decreto quanto na cartilha da Partage enviada para os lojistas”, comenta.
Quanto aos prejuízos acumulados pelo shopping nos últimos 90 dias, o superintendente não soube avaliar, mas justificou que não só o Pátio Marabá sofreu com os impactos da pandemia. “O prejuízo não foi só do shopping, foi de todos os lojistas. O prejuízo nunca é só do comerciante. O prejuízo da pandemia não foi para a cidade de Marabá, mas para todo o globo. Todo mundo teve um prejuízo no fim das contas”, arrazoa.
Por falta de estoque ou mesmo de organização na semana que antecedeu a reabertura, algumas lojas, mesmo que autorizadas a funcionar, não voltaram a atender. “Temos operações que tendem a não reabrir porque não têm um estoque mínimo garantido. É o caso de uma loja de celulares e de uma ou outra de alimentação indireta — venda de chocolates. Há, também, operações que não conseguiram chamar os seus funcionários a tempo, mas são negócios pontuais”, esclarece Taufik.
Os preparativos para a reabertura vêm sendo discutidos pela Partage, proprietária do shopping, há cerca de dois meses. O shopping possui uma cartilha de orientações a comerciantes e colaboradores que foi elaborada nesse período. “O decreto só veio a somar com os procedimentos que nós havíamos entendido serem obrigatórios. Medidas como limpeza e adequação, por outro lado, têm sido colocadas em prática de uma semana para cá, justamente para não gerar um maior custo para o lojista enquanto o equipamento estava fechado”, justifica o superintendente.
Para Maurício, a reabertura representa uma espécie de reinauguração do estabelecimento de compras. “Por esse motivo, nós estamos empenhados em controlar bastante a quantidade de pessoas, respeitando todas as leis impostas. Mas temos grande expectativa para a reabertura, porque se trata de uma retomada que tem evoluído nos shoppings do Brasil. Nós estamos preparados para receber toda a população”, promete.
A consumidora Natália Conceição Silva era uma das que estavam na fila esperando para entrar. Entusiasmada, ela considera que a reabertura vem na hora certa. “Eu espero que todas as lojas estejam abertas. Estava precisando modificar meu guarda-roupas e conferir as novidades”, conta ao veículo de comunicação.
No mesmo sentido está o jovem Fabiano Lima, que foi ao shopping conferir possíveis ofertas. Conversamos com ele em uma loja de venda de óculos de marca. Para Fabiano, a fase crítica da pandemia ficou para trás. “Estou na expectativa de promoções das lojas. Eu acho que já estava passando da hora de reabrir”, sustenta.
Ao contrário de Natália e Fabiano, grande parcela das pessoas que aguardavam na fila estavam à procura de atendimento na Estação Cidadania e no Detran. Uma dessas pessoas era o senhor Edson do Vale Souza, que objetivava regularizar o Seguro-Desemprego. “Passei quatro meses com a bronca [sem o benefício]”, revela ao Jornal.
A praça de alimentação, um dos lugares mais movimentados do shopping em tempos normais, permanecerá fechada. Por enquanto, os restaurantes só funcionarão com entregas e retiradas — não será possível sentar para comer, posto que as mesas estão interditadas. As áreas de lazer permanecem fechadas, e o estacionamento funcionará com apenas um terço da capacidade. (Vinícius Soares e Josseli Carvalho)