Após a publicação do Decreto nº 32/2020, que passou a valer na quarta-feira (8), o setor comercial de Marabá retomou as atividades e as pessoas voltaram às ruas. O primeiro dia de lojas abertas foi de adaptações, principalmente dos comerciantes e seus empregados. Grandes lojas tiveram de realizar o controle do número de pessoas no interior do estabelecimento, o que rendeu até fila em calçadas. Apesar disso, o movimento do primeiro dia foi considerado tímido em relação ao normal.
Em meio à pandemia e risco de contágio pelo novo coronavírus (Covid-19), o decreto municipal que permite a reabertura do comércio em geral inclui várias regras e exigências, entre elas a proibição do consumo de produtos no interior dos estabelecimentos, álcool a 70% na entrada das lojas, higienização dos terminais de autoatendimento (que vale para as instituições financeiras) e controle de filas, com distância mínima de 1,5 metro entre as pessoas.
COTIDIANO
Leia mais:Na manhã em que as lojas voltaram a funcionar, depois de 15 dias de portas fechadas, a Reportagem do CORREIO percebeu ampla movimentação de pessoas e veículos pelas vias dos principais centros de compras da cidade, a exemplo das avenidas Antônio Maia (Marabá Pioneira) e Nagib Mutran (Cidade Nova), as quais concentram boa parte dos estabelecimentos comerciais autorizados a operar com a nova determinação.
Ouvida pelo Jornal, Quelita dos Santos Mendes, gerente da Liliane (loja de eletrodomésticos e eletroeletrônicos), explica que, mesmo com a flexibilização das atividades do setor, os funcionários estão seguindo o protocolo adotado pelas autoridades sanitárias. “A orientação foi passada e nós a estamos cumprindo. Tentamos conscientizar as pessoas tanto a ficar em casa quanto para manter o distanciamento, usar o álcool em gel e lavar as mãos com frequência”, pondera ela.
Mesmo assim, relata a gerente, essa é uma árdua missão, visto que parcela da freguesia ainda não entende a necessidade do rigor das medidas preventivas. “Esse trabalho com a comunidade é o mais difícil. Buscamos evitar aglomerações, primando pelo distanciamento social, mas tem pessoas que se ofendem, porque acham que estamos com nojo”, expõe Quelita.
Nas lojas espalhadas pela cidade, colaboradores estão fazendo uso de equipamentos de proteção individual — os chamados EPIs —, como máscaras, luvas, plástico filme nas máquinas e nos objetos por eles manuseados, “água, sabão, álcool em gel na mão” (como menciona a letra de uma paródia de funk que alerta para a prevenção) e outros.
Em entrevista coletiva no Paço Municipal, o secretário Jair Guimarães (Segurança Institucional) pontuou que, neste momento, todas essas medidas são adequadas e necessárias no enfrentamento à doença. “O esforço neste doloroso tempo deve ser coletivo e nós contamos com a colaboração não só dos comerciantes, como também da população”, sustenta o secretário.
O consumidor Rodrigo Paiva, que estava pagando faturas de boleto, avalia que a abertura do comércio é positiva para todos os lados. “Cliente e empresário ganham. Essa foi uma medida (publicação do novo decreto) importante para a economia”, opina ele.
Elenice Pereira, por seu turno, versa que todo cuidado é pouco em tempos de pandemia. “Tenho visto que as lojas estão seguindo mesmo as orientações (das autoridades), usando os equipamentos necessários. Juntos venceremos essa luta”, espera ela, com tom confiante.
A empresária Grays Leite, dona da loja Moda Show (vestuário), declara que liberou parte dos funcionários, cumprindo um dos dispositivos elencados na edição do novo decreto. “Nós reduzimos a equipe, porque entendemos que a própria retomada dos clientes acontecerá de forma mais lenta e porque há um decreto que assim determina”, argumenta. “Estamos tomando as devidas precauções para garantir segurança aos clientes que venham até a loja, como delimitação no caixa, distância mínima e uso de álcool a 70%”, completa ela.
Além dessas medidas, a empresária pontua que a loja por ela gerida adotou uma etiqueta para limpeza das bancadas. “Também disponibilizamos máscaras para os nossos funcionários, assim como luvas e outros equipamentos de proteção”, conta Grays.
Em algumas lojas, o atendimento é feito na porta e, em outras, é permitida a entrada limitada de pessoas para que a distância mínima de 1,5 metro seja mantida. Bares, restaurantes, casas noturnas, cinemas, feiras, exposições, congressos, seminários e o shopping permanecem fechados. Além disso, não há previsão para a volta das aulas da rede municipal de ensino.
OUTRO LADO
A decisão da reabertura das lojas contraria orientações de entidades como Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Essas instituições, inclusive, solicitaram à Prefeitura, por meio de um documento de recomendação, que prorrogasse a quarentena com a manutenção do decreto anterior. (Texto: Da Redação / Reportagem: Josseli Carvalho)