Correio de Carajás

Líder comunitária aciona polícia contra coordenador da Defesa Civil

O ponto alto da música “Discussão”, composta por Tom Jobim e gravada por Elis Regina, nunca foi tão real. Na última terça-feira (31), dia que encerrou o agitado mês de março, a distribuição de cestas básicas para famílias atingidas pela cheia dos rios foi motivo de alvoroço, com direito a registro de dois boletins de ocorrência, na sede da Defesa Civil de Marabá, situada no núcleo pioneiro.

As pessoas, em sua maioria do Bairro da Paz, reclamavam o direito a retirar uma cesta básica no órgão. Para isso, integrantes de uma comissão efetuaram um cadastro prévio dos beneficiários, o qual foi levado pela líder comunitária Vera Lúcia Silva dos Santos. A Defesa Civil Municipal, entretanto, não reconheceu a legitimidade dos papéis, visto que não foram feitos junto à coordenação.

Vera relata que esteve na repartição para colher informações sobre as cestas com mantimentos que seriam destinadas às famílias expulsas de casa pela enchente. “Mas o cenário que eu encontrei lá foi outro. Ao entrar na sala do coordenador Jairo Milhomem, eu fui agredida com palavras. Ele tentou me empurrar, mas a Karen Milhomem (esposa dele) interviu”, sustenta.

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Diante da ofensiva, não restou outra alternativa a não ser registrar um boletim de ocorrência contra Jairo, conforme a mulher. Protocolado na quarta-feira (1º), Vera admite ter sido insultada com expressões de cunho pejorativo por parte do coordenador da Defesa Civil.

Vera e Mara, sua colega (da esquerda para a direita), na frente da Defesa Civil de Marabá (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com a líder comunitária, antes do episódio no prédio da Defesa Civil, a comissão responsável pelos pré-cadastros foi orientada pela esposa de Jairo Milhomem e por um major da Polícia Militar sobre como proceder em meio à pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Vera, inclusive, gravou um vídeo na frente do Corpo de Bombeiros expondo a situação.

“Eu nunca imaginei que, após receber orientações e estímulo de servidores da própria Defesa Civil, me veria sofrendo violência institucional e quase física. Eu não pertenço a nenhuma associação e em momento algum prometi cestas básicas. Sou mãe de família e qualquer alegação que se oponha a isso é leviano”, conclui Vera Lúcia.

COORDENADOR REFUTA

Procurado pela Reportagem do Portal Correio de Carajás, o coordenador Jairo Milhomem negou, por telefone, que tenha agredido Vera. Na ocasião, ele ponderou que havia três testemunhas na sala que podem atestar sua versão dos fatos. “Em nenhum momento eu a ataquei, e provo, basta que eu seja acionado pelas autoridades”, assevera.

Assim como Vera, o coordenador também registrou boletim de ocorrência na Delegacia Virtual da Polícia Civil. Na avaliação de Jairo, a líder comunitária busca, com a polêmica, ganho de capital político. “Em ano eleitoral, são muitos os aproveitadores que aparecem para fingir preocupação com o povo. Um exemplo claro é a senhora Vera, que veio à Defesa Civil na intenção de se promover às custas da desgraça alheia”, argumenta.

Jairo Milhomem narra que as testemunhas foram chamadas por ele mesmo. “Eu sabia que ela aprontaria alguma coisa aqui dentro (do prédio), tendo como base o comportamento hostil dessa senhora e do seu grupo lá fora. Assim aconteceu, mas tenho minha consciência limpa”, finaliza. (Da Redação)