É comemorado neste domingo (24) o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), data criada com o intuito de celebrar o uso e a regulamentação desta língua, considerável ferramenta para a inserção social, utilizada pela comunidade surda: os que conhecem, falam e estudam a língua, incluindo os surdos, os professores, familiares e amigos.
Há 20 anos, nesta mesma data, a Libras era reconhecida como a língua oficial deste corpo social do Brasil pela Lei nº 10.436, que a reconhece como meio legal de comunicação e expressão, através de recursos próprios a ela associados. O dia instituído serve como um momento de reafirmação da luta diária da comunidade por mais inclusão e direitos.
Em Marabá, o curso de Letras/Libras teve sua 1ª turma em 2017, graduada em 2021 e atualmente a 2º turma já se encontra em formação no Campus VIII da Universidade Estadual do Pará (Uepa), no Bairro Amapá.
Leia mais:De acordo com a aluna da primeira turma do curso em Marabá e intérprete Ágatha Araújo, de 24 anos, o objetivo do curso é formar intérpretes, professores de Libras da Educação Básica, pesquisadores na área de educação de surdos e trazer visibilidade e importância à língua, além de amparar a comunidade como um todo.
“Eu comecei minha jornada através de um curso básico de Libras, que me inseriu na comunidade de pessoas da cultura surda e despertou minha paixão. Por coincidência, no ano que terminei meu segundo grau, abriram a primeira turma do curso de Letras com especialização em Língua Brasileira de Sinais. Eu fiz o vestibular, entrei, me formei e agora faço pós graduação na língua”, comentou ela.
Muitos não sabem, mas a Libras além de ser a segunda língua oficial do país, não é uma reprodução da Língua Portuguesa como muitos pensam, ela tem características próprias como regras gramaticais, particularidades e regionalismos.
Ágatha pede uma atenção especial para o tratamento da Libras como língua e não linguagem, pois se trata de um termo ultrapassado, uma vez que a linguagem é um termo muito amplo e se trata da capacidade que as pessoas têm para produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações, como a pintura, a música e a dança, enquanto a língua é um conjunto organizado de elementos como sons e gestos, que possibilitam a comunicação.
Embora não seja do conhecimento de todos, a lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais e torna apto para o ofício somente quem possui bacharelado em letras com especialização em libras, pois não basta o conhecimento, é necessário ser fluente na língua.
Apesar de toda evolução de Marabá, tratando-se da comunidade surda, levando em conta que a língua é vigente há 20 anos e desde então três novas leis foram instituídas para beneficiar o corpo social, quando observamos a prática dessas vigências as empresas não só deixam de contratar uma pessoa surda, como também não abrem espaço para que a língua seja difundida, indo contra a legislação. (Thays Araujo)