Correio de Carajás

Lendas vivas invadem Grupo Correio e “assombram” colaboradores

Representações das principais histórias míticas do folclore regional percorrem redações do Portal, Jornal, estúdios da rádio e da TV Correio

O final da manhã desta sexta-feira, 29, foi marcado por muita assombração na sede do Grupo Correio de Comunicação, em Marabá. Algumas das principais lendas regionais, como Boiuna, Porca de Bobes, Matinta Pereira, Mulher de Branco e Saci Pererê espantaram do porteiro ao diretor geral.

A “assombração” foi um momento de descontração, mas também de reflexão sobre a importância de se valorizar o folclore regional no imaginário de crianças, jovens e adultos de Marabá.

Boiuna de chifre espanta colaboradora Suzy, que se agarra com a amiga Carol

A ideia de convidar as lendas foi do editor Ulisses Pompeu. Ele lembra que neste domingo, 31, será comemorado por muitas pessoas no Brasil o Halloween, mas que a mesma data é o Dia do Saci Pererê. “Precisamos valorizar mais nosso folclore, um elemento relevante da cultura popular. Temos histórias que ficaram meio perdidas e são desconhecidas de muitas crianças”, conta.

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As lendas vivas percorreram os departamentos de Recursos Humanos, Comercial, Financeiro, além da Redação do Portal e Jornal Correio, Rádio Correio e TV Correio. Nesta última, fizeram participação especial ao vivo no Programa Fala Cidade, interagindo com o apresentador Marcinho Lira, ao som de música tocada por instrumentistas da Escola de Música Moisés Araújo.

Repórteres Fabrício e Chagas Filhos foram atormentados por Matinta, Porca de Bobes e Boiuna

Elda Bandeira Barros, membro da Companhia de Arte, explica que a Fundação Casa da Cultura de Marabá tem atuado para resgatar e fortalecer o folclore regional, inclusive instalando, recentemente, uma Sala das Lendas no Museu Municipal de Marabá, que tem atraído muitos visitantes. “As lendas vivas só se apresentam em ocasiões especiais, como esta, mas pretendemos participar de outros eventos culturais na cidade”, destacou ela.

Abaixo, acompanhe um pouco das principais lendas regionais que se popularizaram em Marabá:

BOIUNA

     Há muitos e muitos anos atrás, havia uma jovem muito bela, estudiosa, trabalhadora, e em determinado dia, descobriu que estava grávida. De família humilde e com pais rigorosos, a bela jovem, por medo, escondeu sua gravidez.

Chegando o dia do parto, quando estava sentindo as dores, disse a seus pais que iria lavar roupas no Pirucaba. Lá, deu à luz a uma menina e jogou-a no rio. A criança não morreu. Encantada, transformou-se numa enorme cobra.

Anos depois, uma cobra imensa começou a aparecer aos pescadores. Quando emergia, fazia um banzeiro enorme e, ao submergir, arrastava tudo para o fundo do rio.

Chamavam-na de Boiuna e sua primeira morada foi na cachoeira existente no Rio Itacaiunas, conhecida por Pirucaba, onde a menina foi jogada ao nascer, e tornou-se encantada. Depois, mudou-se para o Inflamável, no Rio Tocantins.

Vários pescadores tentaram desencantá-la, com a promessa de que casariam com ela, mas nunca um deles conseguiu.

MATINTA PERERA

Matinta Perera era a mulher mais idosa da cidade, quando mulher, usava saia vermelha comprida e lenço na cabeça acompanhada de um pássaro agourento chamado “Rasga-Mortalha”, quando animal, se transformava em um ser indescritível com asas. Tinha um assobio agudo, o qual perturbava o sono das pessoas e assustava as crianças.

   Ela gostava de usar saia vermelha bem comprida e lenço na cabeça e quem quisesse saber quem era Matinta Perera, ao ouvir o assobio era só dizer:

– Matinta Perera, deixa a gente dormir e amanhã pode passar aqui para pegar um pedaço de fumo.

No dia seguinte, a mulher que aparecesse pela manhã pedindo um pedaço de fumo era a Matinta Perera.

 

MULHER DE BRANCO

Em Marabá, existia uma bela jovem prostituta que foi encontrada morta. A Mulher de Branco aceitava carona de todos os homens que passavam por ali, dizia que morava na rua do cemitério.

Ao chegar em frente ao portão do cemitério, a mulher misteriosamente desaparecia e seu acompanhante assustado, corria com medo. No dia seguinte o mesmo descobria que o número se referia ao de uma sepultura com uma caveira em cima.

Mas como o ser humano é curioso, no dia seguinte, pela manhã, o homem ia dar uma olhada na veracidade do número dado pela mulher, eis que descobria o número de uma sepultura com uma caveira em cima da mesma.

NEGO D’ÁGUA

Nego D’Água é um ser aquático, negro, sapeca e pigmeu. Travesso, gostava de aparecer aos pescadores sempre ao anoitecer, alagando-lhes as canoas, adorava espiar as mulheres bonitas tomando banho no rio.

Adorava espiar as mulheres tomando banho no rio e, em caso de naufrágio, ele salvava as bonitas, mas as feias deixava morrer.

Entretanto crianças que caiam no rio, Neguinho D’Água salvava todas, sem distinção de cor ou beleza.

     Ainda hoje o Nego d’água é visto pelos pescadores, lavadeiras que ficam até o crepúsculo a beira do rio, entretanto veem-no com frequência na época das enchentes.

PORCA DE BOBES

Certo dia, uma jovem bateu em sua mãe, e a mesma a amaldiçoou. A partir daquela data, todas as noites de sexta-feira ela se transformava em um suíno enorme e medonho, e colocava medo nos homens mais valentes da cidade.

Tornara-se uma mulher e a vaidade lhe fazia colocar bobes nos cabelos todas as noites antes de dormir. Por esse motivo, transforma-se em porca e os bobes permaneciam em seu corpo.

À noite, ela atacava as pessoas que andavam nas ruas até altas horas, principalmente os homens que vinham do Canela Fina.

Gostava de ficar na antiga ponte que ligava as ruas Antônio Maia e Barão do Rio Branco, onde hoje é o Estádio “Zinho de Oliveira”.

Saci Pererê

Por ser um personagem da cultura popular, são muitas as variações da lenda do Saci nos quatro cantos do país. O que não muda nunca é que o Saci é um ser mítico que habita as florestas, sempre muito travesso e pregando peças.

Segundo a lenda do Saci, ele é um ser baixinho, negro e possui apenas uma perna – por isso se locomove pulando rapidamente pela floresta. Outra característica marcante é o seu capuz vermelho.

O Saci é muito brincalhão, agitado e travesso. Por isso ele está sempre realizando travessuras por onde passa. Ele gosta de bagunçar a crina dos cavalos durante a noite, dando nós e fazendo tranças. Esses são sinais de que o Saci passou por ali.

Ele também tem o costume de entrar nas casas para pregar peças nas pessoas. Pode queimar as comidas que estão no fogão, ou fazer objetos desaparecerem. Às vezes até apaga velas e luzes.

O Saci cria um redemoinho quando passa rápido por um lugar, levantando folhas e sujeira. Quando isso acontece, a lenda do Saci conta que é possível capturá-lo lançando uma peneira no meio do redemoinho. Então, quem capturar o Saci deve retirar o seu gorro e colocá-lo dentro de uma garrafa.