Correio de Carajás

Lenda do tucunaré vira livro infantil pelas mãos de Eliane Soares

Dezenas de pessoas prestigiaram o lançamento e garantiram o autógrafo em seus exemplares

O peixe que é símbolo de Marabá ganhou uma versão lúdica da narrativa oral. “História do Tucunaré”, livro infantil da escritora Eliane Soares, carrega em suas páginas a narração do legado indígena sobre o animal majestoso. Com uma temática regional, marcado por uma pegada ecológica, a obra – e sua autora – foram prestigiadas por cerca de 100 pessoas no dia de seu lançamento.

A manhã calorosa de domingo, 28, recepcionou as pessoas que foram até o Museu Francisco Coelho, na Marabá Pioneira, para acompanhar o evento. Logo em suas palavras iniciais, a escritora revelou que a obra mescla narrativas indígenas com aquelas criadas pelo seu próprio imaginário fantasioso.

De maneira divertida, ela também conta que o “insight” do enredo veio durante um passeio de carro, em que ela estava acompanhada de uma amiga e uma criança. Ao vislumbrar a escultura na entrada do bairro pioneiro, o menino questionou a sua existência, ao que sua genitora respondeu que aquele era um tucunaré.

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Entretanto, para a mente fresca de uma criança, essa resposta não foi suficiente e ele quis saber mais, questionando o motivo do peixe estar ali. A mãe, por sua vez, não tinha resposta para dar ao filho. Foi a partir desse diálogo que Eliane entendeu que precisava escrever a fábula.

“Acho que é uma história que vai tocar o coração das crianças, elas adoram peixe, até por ser uma figura da natureza que chama muita atenção delas”, opina.

Para escrever a obra, Eliane fez a junção de narrativas indígenas com suas próprias fantasias

“O TUCUNARÉ”

O livro é ilustrado por Bino Sousa, artista plástico marabaense, responsável por dar vida às imagens narradas pelas palavras de Eliane Soares. Ela, que também é professora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), compartilhou com as pessoas presentes no evento um pouco do seu processo de construção. De forma singela ela divide que para escrever a fábula, realizou pesquisas das versões sobre o nascimento do peixe.

“Eu tentei fazer o mais próximo possível da narrativa indígena, que conta essa história e que não pertence a nenhum povo em particular. É uma junção de tudo que eu fui pesquisando”, detalha.

Durante o momento de agradecimentos, Eliane reconheceu a oportunidade oferecida por Vanda Americo, vereadora e ex-presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, que foi quem lhe fez o convite para dar vida à obra.

Vanda explica que a coleção, que também tem participação dos escritores Airton Souza e Adão Almeida, tem como objetivo resgatar, valorizar e ser um instrumento que trabalhe a questão ambiental da região.

“Nós não podemos deixar só aquela foto do tucunaré na entrada da Velha Marabá, a gente precisa fazer algo por ele. Essa pesca predatória não pode continuar da forma covarde como ela vem acontecendo”, determina.

Para ela, através do livro de Eliane, esse trabalho será feito pelas crianças.

 A atual presidente da Fundação Casa da cultura de Marabá, Wânia Gomes, reforça a relevância de investir nas narrativas populares tradicionais para que essas histórias sejam sistematizadas e repassadas às novas gerações.

(Luciana Araújo)