Correio de Carajás

Lei que veta celular também proíbe aluno de usar smartwatch na escola

Foto: Reprodução

A lei estadual que proíbe celulares em escolas públicas e privadas de São Paulo também veta que alunos usem relógios eletrônicos, os chamados smartwatches, durante o período de aulas.

Texto sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz que os relógios não poderão ser acessados durante as aulas e intervalos. Ou seja, os alunos estão impedidos de usarem smartwatches também em recreio e período de almoço, no caso de escolas de tempo integral.

Os smartwatches têm funcionalidades adicionais a de um relógio tradicional, que informa apenas hora e data. A depender da marca e do modelo, eles funcionam como um celular, podendo fazer e receber chamadas, enviar e receber mensagens de WhatsApp, acessar redes sociais, armazenar música e até mesmo tirar fotos.

Leia mais:
Lei abrange todas as fases da educação básica, do ensino infantil ao médio

A deputada Marina Helou (Rede), autora da lei, defende que o relógio com acesso à internet precisa ser igualmente vetado. “Eles dão acesso ao mesmo mundo do celular e do tablet. Abrem a possibilidade da distração, de vício e condicionamento do cérebro”, explica.

No mercado, já há opções de relógios direcionados a crianças pequenas. Eles possuem localizador, alerta de emergência, jogos online e possibilidade de chamadas bidirecionais – só para os pais, por exemplo. A parlamentar, no entanto, ressalta que relógios digitais que funcionam offline poderão ser utilizados.

Apoiada pela totalidade dos deputados estaduais – unindo esquerda a direita -, a medida é baseada na ciência. Segundo estudos internacionais avalizados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o uso excessivo de telas prejudica não só a aprendizagem, mas a capacidade de crianças e adolescentes interagirem entre si, resolver problemas, lidar com a ansiedade e desenvolver auto-estima. Pesquisadores afirmam ainda haver uma relação direta entre a navegação online repetitiva e o aumento de casos de ansiedade, depressão, automutilação e até suicídio entre crianças e jovens.

Países como França, Holanda, Finlândia e Austrália restringirem o acesso a celulares nas escolas. Mesmo sem uma legislação específica, o Brasil tem caminhado na mesma direção. De acordo com pesquisa lançada em agosto pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 28% das escolas de ensino fundamental e médio do país vetam o uso de celular e 64% impõem algum tipo de restrição ao uso, como horários pré-determinados.

A medida tem o apoio da sociedade. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em outubro, 65% dos pais também concordam que o uso do aparelho precisa ser banido dentro das salas de aula e durante os intervalos.

A lei paulista deve ser adotada em todo o país. Um projeto em debate no Congresso com o mesmo objetivo já foi aprovado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e tende a ter apoio também no Senado.

(Fonte: UOL)