Correio de Carajás

Justiça torna ré aluna de Medicina da USP que desviou quase R$ 1 milhão de fundo de formatura

Denúncia do Ministério Público é aceita e Alicia Dudy Muller Veiga responderá pelo crime de estelionato

Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo tornou ré por estelionato a estudante de Medicina da USP Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos. Ela é acusada de desviar quase R$ 1 milhão do fundo de formatura da turma que terminará o curso no fim deste ano.

De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) foi recebida e a jovem virou ré na última terça-feira, 28. O órgão disse que, como o processo tramita em segredo de Justiça, só poderia passar essa informação.

Como mostrou o Estadão, o MP-SP fez a denúncia contra Alicia no último dia 22. A peça, assinada pelo promotor Fabiano Pavan Severiano, afirma que a jovem teria praticado estelionato por oito vezes e tentado em uma nona oportunidade, que não chegou a ser concretizada.

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A quantidade de crimes praticados por Alicia se refere ao número de ocasiões em que ela teria pedido à empresa contratada para organizar a festa para transferir o montante da conta bancária da comissão para a sua particular.

Os repasses teriam começado em novembro de 2021 e se estendido ao longo do ano passado em outras sete ocasiões. Os oito pedidos totalizaram a transferência de R$ 927.765,33 para as contas da denunciada, que era, na época, a presidente da comissão de formatura da turma.

Ela teria tentado uma nova transferência em janeiro deste ano, mas a empresa, já ciente da situação por colegas da turma, não efetuou o que seria o nono repasse.

Para conseguir os recursos, conforme a denúncia, a estudante solicitava as transferências fingindo que estava agindo com a aprovação dos outros integrantes da comissão e colegas de turma.

Procurada para comentar a decisão da Justiça de torná-la ré, Alicia disse que não iria se manifestar. A reportagem também procurou o advogado dela, Sergio Ricardo Stocco Giolo, mas ele ainda não respondeu.

Entenda o caso
Em janeiro deste ano, Alicia contou aos colegas ter perdido o dinheiro arrecadado pela comissão. Primeiro, disse aos colegas de turma que tinha investido o dinheiro e sido vítima de um golpe praticado por uma empresa de investimentos.

Dias depois, após o episódio tornar-se público e os colegas registrarem boletim de ocorrência, ela admitiu, em depoimento à Polícia Civil, que usou os valores acumulados no fundo da formatura para gastos pessoais e apostas em casas lotéricas para tentar, sem sucesso, reaver o dinheiro perdido.

Ela é alvo de outro inquérito, de julho de 2022, por suspeita de lavagem de dinheiro e estelionato após ter dado um suposto golpe na lotérica em que fazia os jogos. Ela teria gasto mais de R$ 400 mil em apostas no período, mas, na última data em que tentou fazer um jogo, teria deixado de pagar R$ 192 mil ao estabelecimento.

A investigação policial constatou que a Alicia tinha melhorado o padrão de vida nos últimos meses e usado parte do montante para o aluguel de um imóvel, de carro e de aparelhos eletrônicos.

A Ás Formaturas, empresa contratada pelos estudantes e que fez os repasses para a conta pessoal de Alicia, assumiu a responsabilidade de realizar a festa e cobrar dos estudantes apenas os valores que restam para o pagamento da formatura. Para conseguir recuperar o dinheiro perdido, os alunos da USP organizaram vaquinhas na internet e chegaram a pedir doações para influenciadores.

(Fonte: Estadão)