Correio de Carajás

Justiça Federal fará Tribunal do Júri em Marabá nesta terça

Os advogados Arnaldo Ramos e Wandergleisson Fernandes atuarão no júri

Nesta terça-feira (8), acontecerá algo raro no Poder Judiciário de Marabá: um Tribunal do Júri realizado pela Justiça Federal. Trata-se do julgamento de Elziane Neres Lima, acusada de ser mandante de um assassinato no ano de 2004. O crime está sendo julgado pela Justiça Federal porque está ligado a um caso de tráfico internacional de mulheres.

O julgamento promete ser histórico, pois quem atuará na defesa serão os renomados Arnaldo Ramos de Barros Júnior e Wandergleisson Fernandes Silva. Os dois advogados trabalham com a tese de negativa de autoria. O julgamento será no Salão do Júri do Fórum de Justiça de Marabá.

De acordo com o processo, que tem mais de 3 mil páginas, tudo começou quando uma mulher chamada Sheila foi levada de Marabá para os Estados Unidos, sob promessa de trabalho digno, mas chegando lá teria sido obrigado a se prostituir em boates.

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O trabalho seria para pagar os custos da viagem feita com “coiotes”. Mas Sheila se recusou e passou ter problemas com as pessoas que a levaram para lá. Foi justamente aí que Marabá entrou na história novamente.

Segundo a Procuradoria da República, Elziane teria ameaçado matar um parente de Sheila aqui em Marabá, caso ela não cumprisse as exigências, e assim aconteceu. No dia 5 de outubro de 2004, Solange Ribeiro de Sousa, irmã de Sheila, sofreu um atentado em Marabá e morreu 10 dias depois no hospital.

As investigações levaram a polícia a dois homens, acusados de serem os executores do crime: Walbes Pereira e Antoniel Nunes. Mas, com o passar dos anos, o processo foi desmembrado e ambos foram julgados separadamente e foram absolvidos. Resta agora julgar a conduta de Elziane, apontada como mandante.

Mas os advogados Arnaldo e Wandergleisson afirmam que não existe nada que ligue Elziane ao que aconteceu em Marabá e observam que, se a Polícia Federal, na época, tivesse adotado mais linhas de investigações, poderia ter descoberto a real motivação e possível autoria do crime. Tudo isso será colocado diante do corpo de jurados nesta terça-feira, e caberá a eles dar o veredicto nesse raro júri popular.

(Chagas Filho)