O senador Marcos Do Val (Podemos-ES) entrou com ações judiciais contra a publicação de uma verificação de fatos realizada pelo Projeto Comprova, coalizão de 28 veículos liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e divulgada pelos veículos Folha de S. Paulo, UOL e SBT. A verificação realizada pelo Comprova teve como objeto um vídeo, publicado nas redes sociais do senador, que reúne trechos destacados de falas do médico Drauzio Varella, no início da pandemia de covid-19.
A conclusão dos verificadores foi de que o conteúdo era enganoso, porque sugere, em tom irônico, que Varella minimizou a gravidade da crise sanitária. O vídeo exibido nas redes do parlamentar não informa que depois Varella veio a público admitir ter subestimado a doença e esclarecer que tinha mudado de opinião.
Os pedidos encaminhados pela defesa do senador foram para a retirada das reportagens do ar, além da publicação de retratação e da abstenção de novas matérias sobre o mesmo caso.
Leia mais:O senador Marcos do Val, por meio de sua assessoria, disse que, antes de acionar a justiça, buscou um pedido de retratação e/ou direito de resposta por meio de uma notificação extrajudicial, mas que não foi atendido. Reiterou ter tido sua honra atingida e que jamais tentou cercear a liberdade de imprensa. “O pedido foi apenas para retirada da matéria e retratação, sem qualquer caráter indenizatório. Não deveria ser causa de espanto um cidadão pedir auxílio ao Poder Judiciário quando se entende injustiçado”, afirmou.
Em Nota à Imprensa, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) protesta contra decisão do juiz Rodrigo Cardoso Freitas, da 5ª Vara Cível de Vitória, no Espírito Santo, que determinou a retirada do site da Folha de S.Paulo de matéria que relata a classificação de “enganosa” – pelo Projeto Comprova, de checagem de fatos – de postagem nas redes sociais do senador Marcos do Val (Podemos-ES). A postagem do parlamentar sugere que o médico Drauzio Varella minimiza a gravidade da pandemia de covid-19.
O Projeto Comprova, coalizão de 28 veículos de jornalismo (entre eles o CORREIO DE CARAJÁS) liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) com o objetivo de checar a veracidade das informações, demonstrou que a postagem do senador tirou do contexto declarações do médico. Mesmo comunicado pelo Comprova da distorção, o senador manteve a postagem nas redes sociais.
A ANJ espera que decisão do juiz do Espírito Santo seja revista, pois fere o princípio constitucional da liberdade de imprensa. A ANJ assinala ainda que o trabalho de checagem dos fatos feito pelo Projeto Comprova, assim como outras iniciativas similares, é fundamental no combate aos males da desinformação e deveria ser valorizado e não penalizado pelas instituições do país. (Abraji, com UOL e ANJ)